domingo, 5 de junho de 2016

A estreia da Seleção na Copa América foi constrangedora. O melhor jogador de Dunga foi Carlos Astrosa, bandeira que anulou gol legal do Equador, no empate em 0 a 0. Sem o egocêntrico Neymar, Brasil é um time burocrático...

A estreia da Seleção na Copa América foi constrangedora. O melhor jogador de Dunga foi Carlos Astrosa, bandeira que anulou gol legal do Equador, no empate em 0 a 0. Sem o egocêntrico Neymar, Brasil é um time burocrático...




Voltar ao Rose Bowl, em Los Angeles, só deixou tudo ainda mais constrangedor. O estádio que foi palco da conquista do tetracampeonato, em 1994, que viu Dunga levantar a cobiçada taça, mostrou o atual estágio do futebol brasileiro. Na estreia da Seleção na Copa América Centenária, o time só teve duas chances em 90 minutos. 0 a 0 de um time sem objetividade, previsível, sem ousadia. Travado. Montado para manter a posse de bola, mas com jogadores sem talento para saber o que fazer com ela. E o Brasil só não perdeu para o Equador porque o bandeira Carlos Astrosa anulou gol legal de Bolaños, em falha lamentável de Alisson. O auxiliar sinalizou que a bola havia saído pela linha de fundo. Erro inaceitável. Com toda a justiça, o time de Dunga deixou o campo vaiado. O Rose Bowl foi testemunha de quanto o Brasil piorou em 22 anos. "Até agora não deu para ver nada do lance. De onde a gente estava é difícil (ver). Com os jogadores que conversamos, falaram que a bola saiu. (Sobre o Alisson), a bola tinha saído, tanto para ele quanto para os zagueiros", dizia, embaraçado Dunga, tentando disfarçar o óbvio. Todos no estádio já sabiam que o Brasil havia sofrido um gol legal. "Lamentavelmente, sempre erram contra um adversário mais fraco. Vi o lance umas 25 vezes. A bola não saiu toda, só 65%, 75%. O que me surpreende é por que contra o Brasil o auxiliar está tão seguro em levantar a bandeira, mesmo a 50, 60 metros de distância. Se é ao contrário, não tenho dúvida de que a bandeira não se levantaria. Estamos com raiva por causa do esforço grande que a equipe fez, e tirar um gol legítimo é muito duro para nós", desabafava, com toda a razão, o técnico equatoriano, Gustavo Quinteros.

Dunga sabia que está com seu cargo ameaçado. A péssima campanha que seu time faz nas Eliminatórias, sexto na classificação geral, o obriga a uma ótima participação na Copa América. O presidente Marco Polo del Nero cansou de dar respaldo. O Brasil disputa a competição sem Neymar. O Barcelona deu a chance de a CBF escolher se o queria na Copa América ou na Olimpíada. Dunga escolheu ter o único jogador diferenciado desta geração nos Jogos do Rio para tentar conquistar a inédita medalha de ouro. Neymar da Seleção é bem diferente do Neymar do Barcelona. Não coloca o seu talento em favor do time. Individualista, joga para si. Mas em uma geração de coadjuvantes, sua qualidade o torna indispensável. Tanto que a Copa América é primeira competição oficial desde 2010 que ele não atua. Não ter o capitão, camisa 10, cobrador de pênaltis e de todas as faltas é muito pesado para a mediana equipe brasileira.

Além de não ter Neymar, Dunga tem como defesa seis cortes. Luiz Gustavo, Ricardo Oliveira, Douglas Costa, Ederson, Rafinha e Kaká. Nenhuma Seleção Brasileira na história perdeu tantos atletas em uma só competição. Mas as ausências não mudaram a convicção do treinador. Ele chegou à conclusão que o Brasil corria muitos riscos diante dos equatorianos. Afinal, eles formam o selecionado que está liderando as eliminatórias sul-americanas. Começar com derrota a Copa América seria uma tragédia. Dunga decidiu que seu time desentrosado iria atuar no 4-1-4-1. Priorizaria a posse de bola, superpovoaria as intermediárias para evitar a velocidade dos equatorianos. Seu time estaria sempre recomposto quando perdesse a bola. A preocupação era evidente. Jogar uma partida segura. Não perder.

O Equador não esperava um Brasil tão cauteloso. Com tantos jogadores no meio de campo. Gustavo Quinteros seguiu a fórmula que está dando certo nas Eliminatórias. Marcando forte a saída de bola brasileira. Com a missão de complicar, provocar o erro. E aproveitar a velocidade de seus atacantes. O resultado foi uma partida muito disputada, com marcação excessiva e nenhuma inspiração. O jogo foi intenso e ruim. Brasil e Equador tiveram só uma chance de gol cada no primeiro tempo. Aos quatro minutos, Bolãnos bateu de fora da área e a bola passou perto da trave esquerda de Alisson. A resposta brasileira veio um minuto depois. Willian fez grande jogada pela direita. E cruzou. Philippe Coutinho entrou livre. Mas bateu em cima do goleiro Drrer. Depois destes lances, a partida se arrastou. A Seleção se mostrava lenta, previsível. Willian aberto na direita ainda produzia algo inesperado. Philippe Coutinho estava burocrático. Renato Augusto, muito recuado, como volante. Elias atacando muito menos que no Corinthians. E Jonas, sua limitação. Daniel Alves estava muito bem marcado. Enquanto Filipe Luís nasceu para defender. A única melhora foi a entrada de Casemiro no lugar de Luiz Gustavo. A qualidade de saída de bola melhorou. O que chamou a atenção foi a falta de personalidade dos jogadores brasileiros. A falta de audácia, ousadia. Ninguém tentava os dribles. Ter a posse de bola para passá-la ao lado, sem objetividade, é pobreza de alma.

No segundo tempo, nada se alterava. O que era ótimo. Só a um grupo restrito de "torcedores". Dava mais tempo para Neymar tirar selfies com Justin Bieber, Jamie Foxx, Lewis Hamilton e os seus "parças" que acompanhavam a partida da tribuna. Dunga é teimoso. E sem imaginação. Como era questionado pelo Brasil não ter identidade, esquema definido, ele se fez escravo do 4-1-4-1. Trocou atacante por atacante. Saiu Jonas entrou Gabriel. O meia pela direita, Willian, foi embora para a entrada de Lucas, para ocupar o mesmo corredor, ao lado da linha lateral do campo. O segundo tempo brasileiro conseguia ser muito pior que o primeiro. Até que aconteceu o lance capital do jogo. Bolaños pegou a bola pela esquerda, ela escapou do seu domínio. Mas ele a chutou antes que saísse inteira de campo. O chute, quase sem ângulo, foi no canto onde estava Alisson. O goleiro brasileiro falhou de forma bizarra. A bola bateu na trave, no seu corpo e entrou. Gol legal do Equador, aos 21 minutos do segundo tempo. O bandeira chileno Carlos Astrosa apontou saída de bola. Provou mais uma vez que o futebol precisa mudar suas regras. E poder utilizar a tecnologia para evitar injustiças como a de ontem. O Brasil foi ajudado de forma vergonhosa. A revolta equatoriana se justifica. A segunda chance de gol do time de Dunga foi uma cabeçada de Lucas Moura. E só. O jogo seguiu travado e 0 a 0 não deveria ser só placar, mas nota da partida. O empate obriga o Brasil a vencer o Haiti e o Peru para sonhar em se classificar como primeiro no grupo B. Os adversários são fracos. O futebol do time de Dunga é burocrático, amarrado, previsível. Mas a boa notícia é que sempre existem bandeiras mal colocados. Foi desanimadora a volta ao Rose Bowl...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 05 Jun 2016 03:58:37

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