terça-feira, 14 de junho de 2016

Marco Polo cede à pressão. Vai demitir Dunga. E convidar o técnico que o rejeitou até em livro, Tite. A declaração de guerra da Globo, no Jornal Nacional, foi decisiva...

Marco Polo cede à pressão. Vai demitir Dunga. E convidar o técnico que o rejeitou até em livro, Tite. A declaração de guerra da Globo, no Jornal Nacional, foi decisiva...




Presidentes de Federações e assessores de Marco Polo del Nero têm certeza. Já se decidiu. Na reunião desta tarde demitirá Dunga e oferecerá seu cargo a Tite. Ele é a primeira e única opção para comandar a Seleção na Copa da Rússia. Há a certeza por parte da cúpula da CBF que o treinador aceitará o convite. O "fator Globo" pesou na decisão. Mas Del Nero precisará ser muito cínico. Não pela dispensa de Dunga, que acumula fracassos desde que reassumiu o cargo em 2014. E fez a CBF deixar de faturar cerca de R$ 100 milhões com eliminações da Seleção. Isso é o de menos. O que o presidente da CBF terá de engolir será escolher um treinador que o rejeitou publicamente. Não é boato, comentário de bastidores. Está documentado em livro, na sua biografia, recém-lançada. De acordo com a publicação, autorizada e revisada pelo treinador, ele recebeu dois contatos para assumir a Seleção depois que Dunga estava trabalhando. Antes e depois da Copa América do Chile. O treinador se recusou a participar de uma reunião de pessoas que se diziam representantes de Marco Polo. O motivo da recusa foi detalhado por seu irmão Miro. "Foi depois da prisão do Marin, ex-presidente da CBF. Eu acho que a intenção era criar um fato para tentar abafar toda a crise, trocando de técnico e fazendo uma coisa que parte dos torcedores e a opinião pública elogiariam.." E a parte mais importante dita por Miro Bacchi. Ele ouviu o irmão dizer que "não trabalharia com esses caras no comando da CBF". E agora? Os "caras" continuam exatamente os mesmos. O principal e homem que decide o destino do futebol brasileiro, segue sendo o mesmo, Marco Polo. E Gilmar Rinaldi pode seguir como coordenador de seleções. No Palmeiras e na Federação Paulista de Futebol todos sabem o quanto Del Nero é orgulhoso. Ele não admite ter sua honestidade ou competência questionados. Isso em conversas, reuniões fechadas. Quanto mais publicamente. O livro "Tite" foi lido pelo treinador antes do lançamento. Ou seja, ele autorizou cada palavra que foi impressa. Quando a publicação estava sendo escrita não havia dúvidas que Dunga seguiria com a Seleção Brasileira até a Rússia. Não havia a grande possibilidade dele ser demitido depois do fiasco na Copa América. O técnico corintiano esperava uma eventual troca após a Copa da Rússia. E com Dunga, a saída de Marco Polo.

Mas a situação fugiu do controle depois do vexame na Copa América Centenário. E Marco Polo segue o caminho de dispensar Dunga. E convidar Tite, que deve aceitar. Como é que o treinador explicará uma mudança de postura tão radical? Como não ser desmoralizado antes mesmo de assumir a Seleção? A situação é constrangedora. O treinador ficou muito magoado com Marco Polo del Nero. O técnico havia apostado alto. Ele fez de 2014 ano sabático, não trabalhou em clube algum. Aproveitou para se modernizar, evoluir como técnico. Chegou até a comentar a Champions League para a ESPN/Brasil. Era um exemplo de modernidade, atualização. Ele tinha a certeza que Luiz Felipe Scolari não seguiria depois da Copa de 2014. Se vencesse, assumiria um selecionado europeu. Felipão delirava com a possibilidade de trabalhar na Itália, na Inglaterra.

Depois dos 7 a 1, veio a óbvia demissão de Scolari. O cargo ficou vago. Tite estava empolgadíssimo. Tinha certeza que não havia concorrentes no horizonte. Afinal, ninguém havia vencido a Libertadores e o Mundial tão recentemente. Além disso, já àquela altura tinha o lobby da Globo. Só que Marco Polo foi convencido por Gilmar Rinaldi. Ele deveria contratar Dunga, um homem já acostumado com o ambiente de Seleção, Copa do Mundo. Seria um treinador mais vivido. E completamente fiel a ele. O presidente da CBF não quis Tite por sua íntima ligação com seu principal inimigo, Andrés Sanchez. Não saberia o quanto poderia confiar no treinador. Se haveria a possibilidade de uma revolta, em caso de amistosos inúteis, convocações ou vetos feitos pelo presidente. Dunga, não. Era, com certeza, um aliado. Sempre houve um distanciamento entre Tite e Marco Polo. E que cresceu com a publicação da biografia. Ela foi lançada na noite do dia 30 de maio. Mas antes do livro chegar ao mercado, a garantia que o técnico não trabalharia com "os caras que comandam a CBF" já era pública. Antecipada a alguns sites para despertar o interesse sobre o livro. Apenas 15 dias depois do lançamento, a situação se modifica dramaticamente. Com a rejeição coletiva à Dunga. Marco Polo ficou atento, como o blog havia antecipado, à pressão da Globo para a troca de comando na CBF. E ela pesou. No seu principal noticiário, o Jornal Nacional, Galvão Bueno fez um editorial. Não só contra Dunga. Mas contra o próprio presidente da entidade. Aí a situação pesou.

"Os problemas da seleção vão muito além das quatro linhas, vão além dos estádios de futebol. Vivemos o nosso maior trauma com o 7 a 1, na Copa de 2014, em casa. Mas não se classificar na Copa América, em um grupo com Peru, Equador e Haiti, é uma vergonha quase tão grande quanto aquela (…) A crise atual é herança maldita de ex-presidentes presos, indiciados ou investigados pela Justiça. E um deles permanece no poder. Será que, neste momento crítico, Marco Polo del Nero, investigado por corrupção, tem condições de decidir sobre o futuro da seleção brasileira?" Galvão Bueno só fala o que é autorizado. É a voz do dono. Ou seja, a cúpula da Globo decidiu declarar guerra à incompetência de Dunga. Pelo motivo muito simples: prejuízo financeiro. As duas eliminações precoces nas Copas Américas de 2015 e 2016. A não classificação para a Copa das Confederações. O sexto lugar nas Eliminatórias Sul-Americanas. Chegou a hora da emissora que detém o monopólio do futebol e da Seleção dar um basta. E ele foi dado. Para evitar que cresça a ideia de uma intervenção governamental na CBF, incentivada pela Globo, Marco Polo deve ceder. Fazer o que o script global manda. Demitir Dunga e dar o cargo a Tite. Com o presidente da CBF fazendo de conta que não sabe da rejeição do treinador a ele. Publicada em livro. Não, nesta hora não vale a pena lembrar. O orgulho fica para depois. O que importa para Del Nero é sobreviver como presidente. Para isso, precisa da Globo. Já que ela exige, está disposto a dar a cabeça de Dunga. E aceitar Tite na Seleção. Não sem antes, dar um grande e caloroso aperto de mão. Olhos nos olhos. Para os fotógrafos da CBF registrarem. A garantia que o emprego será seu até a Copa da Rússia. Exatamente como fez com Dunga...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 14 Jun 2016 10:48:27

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