quinta-feira, 2 de junho de 2016

Fim do merecido exílio. Depois de quatro anos, Ganso está de volta à Seleção Brasileira. Amadurecido e com chance de ficar. Graças a um argentino chamado Bauza. Acabou o desperdício?

Fim do merecido exílio. Depois de quatro anos, Ganso está de volta à Seleção Brasileira. Amadurecido e com chance de ficar. Graças a um argentino chamado Bauza. Acabou o desperdício?




2012. Londres. José Maria Marin chamou Mano Menezes para uma conversa. Queria entender o que acontecia com Paulo Henrique Ganso. O motivo para que ele não jogava. O treinador disse que já tinha tentado de tudo. Colocado em várias posições. Conversado. Cobrado. Mas não reagia. Não mostrava "espírito de Seleção". Logo veio uma contratura e ele estava de vez fora da Olimpíada. Não foi cortado. Se transformou um fantasma, vagando durante a competição. José Maria Marin decidiu. Ganso seria nome que não faria parte de novas convocações. Foi assim até que Marco Polo del Nero assumiu. Felipão nem queria saber do meia do São Paulo. Desejava um meia talentoso, competitivo. Preferia cem vezes Oscar. Veio o vexame na Copa. E Dunga. A mesma história no ano passado. Até que chegou Edgardo Bauza. Parte da forte mídia paulista começou a reparar. O meia mudou. Passou a utilizar seu talento com mais inteligência. Mais perto da área adversária. Chutando e até, aleluia, cabeceando para o gol adversário. Suas jogadas passaram a ser mais fatais. "Não me conformo como um jogador com tanto talento esteja fora da Seleção. Ele precisa jogar pelo Brasil", cansou de repetir Bauza. O importante foi que, além da bola nos pés, Ganso passou a participar do jogo. Deixou aquela preguiça de meias do anos 60, com as mãos nas cadeiras, e descobriu o significado da palavra intensidade. Passou a recompor o meio de campo. Dividir. Marcar. Dar carrinho. Fazer falta. Cobrir lateral. Jogador de futebol moderno atua quase como se estivesse na quadra de basquete. Atacando e defendendo com a mesma eficiência. Ganso se tornou peça fundamental na caminhada do São Paulo à semifinal da Libertadores. Já não tem a pecha de "sonolento", disperso, "sem sangue". Bauza conseguiu se comunicar. O jogador o ouviu. O argentino chegou onde muitos falharam. "Já falei, já pedi, já gritei, já implorei, já expliquei. Só faltou bater para ele acordar. Não adianta. Ele é um grande meia, tem muito talento. Mas não tem gana. Não tem a competitividade no sangue. É o maior desperdício do futebol brasileiro", confidenciou Muricy Ramalho a um grande amigo, enquanto jantava pizza. Pois Ganso conseguiu nestes seis meses do ano reverter as expectativas sombrias. Casado, sua esposa é uma das motivadoras. O quer atingindo o seu potencial máximo. No São Paulo tem treinado mais arranques, velocidade. Cresceu como atleta. O que é excelente. Calando o prognóstico terrível feito pelo ex-presidente santista, Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro. "Para mim o que ele tem é incurável", disse, em Zurique, após vender o jogador do Santos para o São Paulo.

Poucas pessoas se esqueceram dessa declaração. Afinal, Ganso sofreu três operações nos joelhos. Duas no direito e uma no esquerdo. A frase solta de Laor ainda é repetida a cada péssima partida do jogador. Mas seu desempenho atual no São Paulo chamou a atenção de todos. E hoje à noite chega a notícia dos Estados Unidos. "O Kaká teve um desconforto no treinamento, por segurança foi feito um exame de imagem e ele teve um pequeno problema. Teria de 15 a 20 dias de recuperação. Já falei com o presidente do São Paulo e o jogador convocado será o Ganso." A revelação foi do coordenador Gilmar Rinaldi. Ganso disputará a Copa América. Acabou o exílio. Foram exatos quatro anos. É a grande chance de sua carreira. De dar a reviravolta que muitos esperam. E tinham a certeza, em 2010, quando surgiu, que seria o grande camisa 10 da Seleção Brasileira. Mais maduro, aos 26 anos, com todo o amparo de Bauza, ele chega à Seleção com prestígio, moral, expectativa. E, importante, confiança. Dunga está desesperado por um meia talentoso, capaz de desequilibrar qualquer jogo com um toque, um lançamento inesperado, um chute colocado.

Mas a Seleção não pode fazer como o São Paulo antes de Bauza. Ficar 90 minutos esperando apenas por uma jogada inspirada. O jogador que o Brasil precisa é o que está disputando a Libertadores, o Brasileiro. Com "a faca nos dentes", com o "sangue nos olhos", como resume Pintado. O momento é o melhor possível para Ganso. Times do Exterior já procuram seu empresário. O São Paulo quer renovar contrato para aumentar a multa. Pagar muito mais do que seus atuais R$ 350 mil. Demorou, foi sofrido. Que Paulo Henrique Ganso olhe bem para as "cicatrizes". Lembre das frustrações, de não disputar a Copa de 2014. De todas as vezes que foi esquecido. Mostre ao mundo que é o jogador sensacional que parecia ser. E que já havia se esquecido. Até que um tal de Edgardo Bauza desembarcou no Morumbi...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 01 Jun 2016 20:38:39

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