quarta-feira, 8 de junho de 2016

Não é impressão. O brasileiro virou as costas à Seleção. 91% dos brasileiros não estão nada interessado no time de Dunga, Marco Polo, Neymar, CBF. E a rejeição só aumenta...

Não é impressão. O brasileiro virou as costas à Seleção. 91% dos brasileiros não estão nada interessado no time de Dunga, Marco Polo, Neymar, CBF. E a rejeição só aumenta...




"Noventa milhões em ação
Pra frente, Brasil
Do meu coração "Todos juntos vamos
Pra frente, Brasil
Salve a Seleção! "De repente é aquela corrente pra frente
Parece que todo o Brasil deu a mão
Todos ligados na mesma emoção
Tudo é um só coração! "Todos juntos vamos
Pra frente Brasil, Brasil
Salve a Seleção! "Todos juntos vamos
Pra frente Brasil, Brasil
Salve a Seleção!" O mundo vivia a Guerra Fria. Estados Unidos e União Soviética dividiam os continentes, os países em azul, branco e vermelho de um lado e só vermelho do outro. O capitalismo selvagem contra o comunismo estatizante. A América do Sul foi enorme preocupação dos americanos. O medo que novas Cubas se espalhassem pela "parte de baixo da Terra", a subdesenvolvida. Para os otimistas, as emergentes. Dentro dessa guerra nada fria, o apoio norte-americano às ditaduras contra o treinamento revolucionário, clandestino russo. Todas as armas eram válidas. De lado a lado. Deposição de presidentes, assassinatos, sequestros. Os anos 60 e 70 foram de intolerância, de pura divisão. E o esporte foi usado dos dois lados como propaganda. As conquistas do mundo comunista, muitas vezes estimuladas por doping, nas Olimpíadas. Enquanto o futebol servia bem para as ditaduras militares instaladas com o patrocínio, orientação e pressão dos americanos. O Brasil viveu sua era de alienado ufanismo. Os veículos de comunicação sofriam a influência dos militares. Os generais presidentes pregavam as maravilhas do país para justificar a forma de governo. Planos econômicos utópicos e vazios eram divulgados. Dados era manipulados. A população era enganada.

Os militares se atentaram a dois grandes motivos de orgulho nacional. Futebol e Carnaval. Incentivaram os desfiles de Momo e as transmissões de jogos. Quanto mais entretida a população, menos questionamento. A tentativa de levantes comunistas foram sufocados à bala. Nesta época, tudo era válido. Músicas com versos pretensamente ingênuos dominavam as tevês e rádios. Quem viveu na década de 70 não consegue esquecer esses refrões de Dom e Ravel. "As praias do Brasil ensolaradas. O chão onde o país se elevou.A mão de Deus abençoou. Mulher que nasce aqui.Tem muito mais valor... "O céu do meu Brasil tem mais estrelas. O sol do meu país mais esplendor. A mão de Deus abençoou. Em terras brasileiras. Vou plantar amor. "Eu te amo meu Brasil, eu te amo. Meu coração é verde,amarelo,branco,azul,anil. Eu te amo meu Brasil, eu te amo
Ninguém segura a juventude do Brasil. (...)" Crianças eram obrigadas a cantar a música nas escolas. Lavagem cerebral para tentar convencer a todos que o Brasil era o paraíso na terra. Mas os militares usavam a mesma estratégia na Argentina, Uruguai, Chile. Estratégia básica para justificar que nada precisava ser mudado. O slogan "Ame-o ou Deixe-o", era um recado dos militares para os que não concordavam com o regime. Ou o aceitavam ou fossem embora.

Os presidentes generais diziam ter seus times de coração. Castelo Branco era torcedor do Ceará. Costa e Silva, Medici e João Figueiredo gremistas. Com a ressalva que Figueiredo também gostava do Fluminense. E Medici dizia ter metade do coração flamenguista. Essa figura de "torcedor" os aproximavam da população, os "humanizavam". Mas era a Seleção Brasileira o alvo principal. Era o objeto de união nacional. Havia a grande coincidência de que a safra de jogadores era fabulosa. A revolução de 1964 teve a sorte de assumir o país já bicampeão do mundo, com as vitórias de 1958 e 1962. A frustração de 1966 foi enorme e a culpa foi repassada aos "civis". Isso não aconteceria em 1970. A Seleção que sofreu para se classificar nas eliminatória com o comunista João Saldanha passaria às mãos de Zagallo, conivente com os militares. A Escola de Educação Física do Exército deu o preparador físico Admildo Chirol, seu auxiliar, o capitão Claudio Coutinho. Havia outro assistente, Carlos Alberto Parreira, que também simpático ao regime.



A Seleção precisava vencer no México. Para justificar o Milagre Brasileiro. A onda de otimismo estimulada à força pelos militares. A pátria de chuteiras precisava de um hino. E ele foi criado. Em um concurso que valeu 10 mil cruzeiros, cerca de R$ 27 mil, surgiu Pra Frente Brasil, de Miguel Gustavo. Dinheiro pago por Esso, Souza Cruz e Gillette. Patrocinadores da tevê que organizou o concurso para descobrir a música que embalaria a Seleção, a TV Globo. A média de audiência da Copa do Mundo do México foi de 93%. Enquanto o Brasil ganhava o tricampeonato mundial, os grupos levantes clandestinos eram massacrados. As pessoas exiladas. Pelo menos isso os militares souberam fazer. 1970 é considerado por pesquisadores o auge do amor do torcedor à Seleção. Além do nacionalismo forçado há o fato de o time vencer o tricampeonato. O interesse da população atingia os 93% de audiência. Era assustador. A Arena, partido do governo, usava o futebol. A censura seguia firme a revistas, jornais, tevês, rádios. A Seleção continuava forte, símbolo de poder, de vitória. O tempo passou, os militares fracassaram na administração do país, a Guerra Fria acabou, a União Soviética se dissolveu. E a Seleção Brasileira ganhou mais duas vezes a Copa. Só que perdeu o apoio oficial do governo. Dos Anos de Chumbo, só sobrou a Globo. Com seu monopólio, tenta empurrar o otimismo ao time da CBF, de Dunga. Os fracassos, as denúncias de corrupção, a falta de identidade dos jogadores que atuam no Exterior com o país, implodiram o amor do brasileiro à Seleção.
O instituto paulista Pró-Pesquisa acaba de divulgar um levantamento constrangedor. Provou entrevistando cerca de mil pessoas o desamor ao time de verde e amarelo. O desapego. Os dados já eram ruins há três anos. Se tornaram péssimos neste ano. A pesquisa é de maio. E foi feita levando em consideração idade e instrução. As questões, simples. O entrevistado tinha de responder se estava muito interessado, interessado, pouco interessado ou nada interessado na Seleção Brasileira. Os resultados. Agosto 2015 Idade Muito Interessado/Interessado Pouco Interessado/Nada Interessado 16 a 24 anos 17% 80% 24 a 44 anos 9% 89% 45 a 59 anos 6% 91% 60 anos em diante 17% 81% Novembro de 2015 16 a 24 anos 18% 80% 25 a 44 anos 8% 90%

45 a 59 anos 11% 87%

60 anos em diante 23% 73%


Maio de 2016

16 a 24 anos 7% 93%

24 a 44 anos 7% 91%

45 a 59 anos 10% 89%

60 anos em diante 10% 87%


A rejeição é assustadora. E quanto maior o grau de instrução, maior compreensão do pouco significado hoje da Seleção à população. Quem pôde estudar apenas até o fundamental se interessa 9% pelo time de Marco Polo. 89% não prestam atenção à equipe. Quem tem o grau médio, menos ainda, 91% de desinteresse para apenas 7% das pessoas que acompanham o que acontece com o time.

As pessoas que tiveram a oportunidade de chegar ao superior, terminaram uma faculdade, rejeitam em 91% a Seleção Brasileira. E apenas 8% querem notícias. A pesquisa foi publicada no Lance!.

O distanciamento da população brasileira se reflete também na publicidade. Unimed, Procter & Gamble, Sadia, Michelin e Gillette já viraram as costas à camisa verde e amarela. A CBF perdeu cerca de R$ 20 milhões anuais à sua rica contabilidade.

A pesquisa deixa clara que não é impressão a rejeição à Seleção.

O alto comando da CBF, treinadores, jogadores sem talento ou comprometimento.

São os grandes por essa rejeição.

O brasileiro virou as costas para o time pentacampeão mundial.

E não há música, militares ou pressão da Globo que mude o cenário.

Só uma profunda reformulação no futebol brasileiro.

Mas que a privilegiada CBF não tem a menor vontade de promover.

Assim como os acomodados e acovardados dirigentes de clubes também não.

Brasil e Equador deu 21 pontos de audiência na Globo.

Nas décadas de 70, 80 menos de 60 pontos era vergonhoso.

Muita gente nem sabia que o Brasil jogava sábado à noite.

Pior, muitos sabiam e não se importaram.

A situação é crítica.

E não há a menor perspectiva de melhora.

Nem interesse de ninguém.

Dirigentes, técnicos e jogadores.

Ah, hoje o Brasil joga contra o Haiti...



Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 08 Jun 2016 12:30:04

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