Dunga tem uma velha inimiga defendendo sua demissão. E Tite, a antiga aliada, que defende sua ida à Seleção Brasileira desde 2014, quando Felipão fez o Brasil passar por seu maior vexame, a derrota por 7 a 1 para a Alemanha. Na reunião convocada por Marco Polo del Nero, com Dunga e Gilmar Rinaldi, amanhã, na sede da CBF, tem enorme chance para que essa troca aconteça. Não foi por acaso a voz de velório de Galvão Bueno na eliminação do Brasil da Copa América. A saída precoce da competição é um desastre para a Globo. A emissora que tem o monopólio do futebol e da Seleção neste país, perdeu mais três jogos estratégico. Se o Brasil fizesse o esperado, passaria pelas quartas de final, semifinal até decidir o título. Se conquistasse, seria maravilhoso. Serviria como gancho para a Olimpíada, na busca da inédita medalha de outro. Só que veio novo fracasso. Não foi como na Copa América do Chile, quando o time de Dunga caiu nas quartas. Desta vez, foi na primeira fase, logo de cara. O resultado só aumentou a rejeição à Seleção Brasileira. No domingo, os índices de audiência deixaram claro. Palmeiras e Corinthians deram 29 pontos. Enquanto o time da CBF chegou a 24 pontos contra o Peru. Cinco a menos, em um jogo decisivo. Frustração para os anunciantes que racham R$ 1,5 bilhão para a emissora mostrar futebol. Com ênfase nas partidas da Seleção. O incômodo da péssima campanha na Copa América de 2015 refletiu na eliminação da Copa das Confederações da Rússia. A emissora perdeu cerca de 40 dias de cobertura da Seleção. Não deve nem transmitir a competição, que já tem os direitos. Sem o Brasil não há porquê.
Além dos resultados, não há a menor afinidade entre a emissora e Dunga. O treinador chegou a chamar Alex Escobar para a briga e travou a farra das exclusivas da emissora na Copa de 2010 e na atual Seleção. Ninguém anteriormente havia feito isso com a emissora. Até Felipão teve de ceder às matérias assistencialistas de Luciano Huck. E a Mumuzinho interrompendo coletivo para abraçar Neymar. A relação de Dunga desde que reassumiu e a Globo foi fria, distante. Apesar de toda a vontade de Gilmar Rinaldi. O coordenador fez o impossível para que o técnico se mostrasse simpático com a emissora. Mas não houve jeito. Para piorar a situação, cada vez mais o Brasil decepcionava em campo. Galvão Bueno que se proclama não narrador de futebol, mas "vendedor de emoções" não tinha como seguir disfarçando. O futebol pobre, incompetente da Seleção de Dunga. Ainda mais porque cada derrota afastava audiência, aumentava a rejeição. E causava prejuízos à Globo. Ao mesmo tempo, algo completamente inverso acontecia com Tite. Desde que foi campeão da Libertadores e do Mundial em 2012, a cúpula da Globo ficava mais feliz. Primeiro, por ele abrir todas as portas do Corinthians, de sua vida pessoal e até de estratégias secretas para a emissora. Depois por ele comandar o clube privilegiado da emissora. O de maior número de jogos mostrados. O que atrai mais audiência em São Paulo, o Corinthians.
Galvão não cansa de repetir que é fã de Tite. Já fez matérias e entrevistas com o treinador. O relacionamento não poderia ser melhor. Para a Globo, se o treinador corintiano assumir a Seleção, haverá festa nos bastidores da emissora. Há a certeza de que a maneira de cobrir o Brasil seria diferenciado. Mais próximo. Não seria tratada como qualquer outra emissora. Como já acontece no Corinthians. Marco Polo del Nero nunca foi tão próximo da Globo como era Ricardo Teixeira. O ex-presidente voava em jatos da CBF com Marcelo Campos Pinto, ex-executivo de futebol da emissora carioca. O atual dirigente da CBF sente que é exatamente o contrário. A Globo não o poupa dos noticiários. E o ataca por não viajar para a Suíça, nas inúmeras reuniões da Fifa. Ele sabe o motivo. Por não defender os interesses do canal, como nas tabelas das Eliminatórias. A manutenção de Dunga à frente do time olímpico seria péssimo para a Globo. A rejeição em relação ao treinador é enorme. Tudo o que emissora carioca não quer arriscar é a inédita conquista da medalha de ouro. A tabela mostra prevê jogos em Brasília, Salvador na primeira fase. A capital do Brasil não é alienada em relação à Seleção. Os baianos estão deixando de ser. Depois, o pior local, São Paulo. Se chegar à final, o Rio de Janeiro. Sem a menor dúvida. Neste caminho, depois de mais uma derrocada na Copa América, para a Globo seria cem vezes melhor Tite do que Dunga. O tom da cobertura da Seleção Brasileira na Globo nunca foi tão crítico. Nem na época dos 7 a 1. Após a eliminação da Copa América para o Peru, está claro o desejo de troca de comando. A saída de Dunga. Ao contrário do que aconteceu em 2012, quando foi cogitado, Tite está mais livre do que nunca para a Seleção. No acordo com o presidente Roberto de Andrade, ele combinou que não haveria multa na sua rescisão. Caso fosse para comandar o time da CBF. Aprendeu. Há quatro anos havia e o ex-presidente Mario Gobbi usou a multa como obstáculo. Como vem sendo divulgado, Tite quer a Seleção. Mas faz questão de só acertar sua ida, quando o cargo não tiver dono. Ou seja, Dunga for demitido. E ele também deseja formar sua própria Comissão Técnica. Algo que impacta sobre Marco Polo. O presidente da CBF só o chamará se tiver a certeza que ele não terá relação alguma com Andrés Sanchez, inimigo número um de Del Nero.
A Globo quer que a Olimpíada tenha o gosto de ressurreição do país. Frescor de algo novo. Isso com Dunga é impossível. Até por isso, a defesa de Tite. Marco Polo del Nero sabe de tudo isso. E vai levar em consideração na reunião de amanhã. Até o dirigente que ama a fidelidade Dunga está sem argumentos. O fracasso na Copa América foi vergonhoso demais...
Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 13 Jun 2016 18:27:27
Nenhum comentário:
Postar um comentário