quinta-feira, 23 de junho de 2016

Na estreia de Cristóvão, Corinthians sentiu saudades de Tite. O novo treinador foi sutil. Fez mudanças táticas que deram errado. Preocupado, pediu reforços à diretoria. Quer um artilheiro...

Na estreia de Cristóvão, Corinthians sentiu saudades de Tite. O novo treinador foi sutil. Fez mudanças táticas que deram errado. Preocupado, pediu reforços à diretoria. Quer um artilheiro...




As lágrimas de Pedro Henrique emocionaram os jogadores, dirigentes, torcedores. O zagueiro de 20 anos tem grande potencial e foi perdoado pelo gol que deu ao Atlético Mineiro. Os erros de Wilton Pereira Sampaio, árbitro que representa o Brasil na Fifa, nos pênaltis não marcados de Marquinhos Gabriel e Leonardo Silva, assim como o impedimento de Marcos Rocha, no cruzamento para o gol de Fred. A possibilidade de contratação de Getterson, atacante apresentado e dispensado ontem no São Paulo, por ser corintiano. Tudo isso chama a atenção. Mas o que precisa ser avaliado na derrota do Corinthians na estreia de Cristóvão Borges são as sutis, mas significativas mudanças na maneira do time jogar. Embora seu discurso seja o de manutenção do trabalho vencedor de Tite, o técnico tratou de alterar a disposição tática da equipe. E sua atitude teve consequências. A primeira delas foi a marcação pressão na saída de bola. Onde fosse a partida, Tite comprava a briga. Mandava seus atletas travarem por 15, 20 minutos os zagueiros adversários. Obrigá-los a darem chutões, se livrarem da bola. Era algo extremamente benéfico à equipe. Cristóvão, não. Ele gosta de seu time mais compactado. Com a linha defensiva adiantada. E o ataque e meio de campo juntos, a partir do meio de campo. Isso facilita o trabalho adversário. O time rival ganha confiança para tocar a bola. Buscar espaços entre as linhas. Foi assim que a equipe de Marcelo Oliveira pôde sufocar o Corinthians durante quase o primeiro terço de jogo. Com seus atletas saindo com toda a paz do campo defensivo. O treinador libera menos seus laterais. E adianta os zagueiros. O que pode visa evitar o toque de bola adversário na intermediária corintiana. Mas oferece grande perigo nas bolas lançadas em velocidade pelos rivais. No segundo gol, Pedro Henrique estava muito à frente, quando errou o passe e deu o gol para Cazáres. Vilson tentou, mas estava em linha com o jovem zagueiro. Não chegou a tempo.

Essa postura adiantada dos zagueiros sempre foi considerada o ponto fraco dos times que Cristóvão comandou. Tite sempre preferiu a defesas mais atrás. Com um volante mais preso em frente ao miolo da zaga. E com um dos zagueiros atuando na sobra, dependendo do lado de onde a jogada acontecia. Com a bola dominada, Cristóvão libera mais jogadores no ataque. E não tem tanta paciência como o treinador da Seleção. Não quer trocas de passe, triangulações, inversões de jogo. Ele prefere quatro ou até cinco atletas correndo ao mesmo tempo, em blitz, para confundir volantes e zagueiros adversários. O novo treinador sentiu o quanto o Corinthians se ressente de articuladores. Meias que façam chegar a bola aos seus atacantes mais agudo. Marcelo Oliveira sabia que Guilherme teria essa função. E o encaixotou entre seus volantes. O Corinthians ficou com seu sistema ofensivo obstruído. Pouco fez na frente. Outra mudança significativa e, mais simbólica, para a torcida é o comportamento de Cristóvão durante a partida. Ele não é vibrante, participativo como Tite. Mais racional, ele prefere observar, analisar os erros e acertos. Sutilmente orienta os jogadores sem cobranças exageradas que tanto os corintianos aprenderam a gostar. Infelizmente essa postura de Cristóvão passa a ideia de inércia, conformismo.

Nos vestiários orientando os atletas ele também é mais orientador. E menos efusivo que Tite. Suas palestras são calmas, tranquilas. Explica sem gritar, socar a mesa, olhos marejados. É muito diferente do técnico da Seleção. Muitos conselheiros e grande parte da torcida prefere o motivador, não o zen. Cristóvão já sentiu o grupo pequeno e pediu reforços. Quer um atacante para ficar entre os zagueiros adversários. Um artilheiro, de qualquer maneira. Atleta que falta ao Corinthians desde o ano passado, quando Guerrero foi jogar no Flamengo. Precisa de um homem que sirva de referência para os cruzamentos e lançamentos. E ainda prenda os zagueiros adversários. Getterson do Jota Malucelli foi oferecido ao clube pelo Jota Malucelli. O atacante de 25 anos teve passagem pelo Internacional e Coritiba. Atuando na pequena equipe paranaense, marcou cinco gols e deu quatro assistências. Ele não ficou no São Paulo por seus twitters escritos há três anos, enaltecendo o time do seu coração, o Corinthians. A oferta surgiu sem a diretoria esperar. Os dirigentes sonham com atacantes do Exterior. Marco Ruben, do Rosario Central. Nico López, do Nacional, e Gustavo Bou, do Racing, Os três são citados constantemente, desde antes da saída de Tite. André está operado. Romero não produz. Luciano vive péssima fase. Lucca depois que renovou contrato, passou a jogar mal. É inconstante. Rildo está de volta de contusão, totalmente fora de ritmo. Por isso Cristóvão não negou ter pedido atacantes.

"É notável, a gente vê até pelas características que precisamos de mais peso ofensivo. Mas, como a equipe tem um equilíbrio grande, ela consegue chegar porque tem uma variação de jogo muito boa. Isso, em alguns momentos, compensa", disse o treinador Cristóvão também não é tão efusivo como Tite. O treinador da Seleção ficou anos no Parque São Jorge. Estava plenamente entrosado com todos os setores do clube. Diretoria, departamento médico, com a preparação física, fisiologia, com o departamento de estatística. O novo técnico ainda está tateando. A consequência da derrota de ontem para o Corinthians foi sair do G4. Cristóvão sabe muito bem que precisa vencer o Santa Cruz no Itaquerão, sábado à noite. Ao assumir, o técnico foi avisado que o clube precisa aproveitar o Brasileiro para, no mínimo, chegar à Libertadores de 2017. A competição é vista como obrigatória pelos milhões que rendem os jogos na arena. E o clube segue preso financeiramente. Tem de pagar seu estádio bilionário.

A primeira impressão do Corinthians de Cristóvão não agradou. O time se mostrou submisso demais. Não foi protagonista do jogo. Permitiu ao Atlético Mineiro se impor durante grande parte da partida. O fato de o jogo ter sido disputado no Independência ameniza a situação. Mas três pontos foram embora. E para um rival na busca da Libertadores. Não seria fácil para treinador algum substituir Tite. A sua sombra está em todos os lugares do Parque São Jorge. Mas a realidade é esta. Tite está na Seleção. O novo técnico tem de se adaptar à herança que recebeu. Só que, sutilmente quer, deixar o time com o seu perfil. Não será fácil reprogramar uma equipe em pleno Brasileiro. Cristóvão sempre soube: este será seu desafio maior. Se quiser sobreviver...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 23 Jun 2016 11:38:16

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