sábado, 18 de junho de 2016

O incrível Fedor Emelianenko não existe mais. Ele não venceu o esforçado Fábio Maldonado. A 'vitória' foi uma mentira constrangedora. Para agradar Putin, que estava na platéia. Foi assim, se iludindo, que os russos perderam a Guerra Fria...

O incrível Fedor Emelianenko não existe mais. Ele não venceu o esforçado Fábio Maldonado. A 'vitória' foi uma mentira constrangedora. Para agradar Putin, que estava na platéia. Foi assim, se iludindo, que os russos perderam a Guerra Fria...




Tudo amador e previamente arrumado. A festa estava preparada antes da luta começar. Infelizmente, lembrava demais vários combates de Adilson Maguila Rodrigues. A noite deveria ser do maior fenômeno que já lutou MMA, Фёдор Владимирович Емельяненко para os russos. Ou Fedor Emelianenko para o restante do mundo que o reverencia há décadas, como o melhor de todos. Tudo deveria ser previsível. Ele faria o combate principal do Eurasia Fight Nights 50, evento não passa de uma triste caricatura do UFC. E que só demostrou a decadência financeira russa. Lutadores em final de carreira ou sem a menor condição de disputar a elite do MMA mundial se sujeitaram. E se encontraram em São Petersburgo, na Rússia. Em um evento longo, com 15 lutas que pareciam mais brigas de rua do que confronto de artes marciais mistas. E com jurados que pareciam pertencer à época da Guerra Fria. Só deram vitória aos soviéticos. Acontecesse o que acontecesse durante os combates. Era uma questão de patriotismo, que também poderia ser traduzido por armação. Para um lutador de fora vencer, só com nocaute. Mas para os organizadores, não haveria a menor possibilidade de isso acontecer justo na luta principal. Não, de jeito algum. Com o mesmo empenho que empresários brasileiros escolhiam adversários que não ofereciam risco a Maguila, eles foram buscar alguém para ser espancado por Emelianenko. Não deveria ser ninguém perigoso. Afinal, estaria na plateia o presidente da Rússia Vladimir Putin. Ele precisava de uma alegria no esporte, depois que o atletismo russo foi banido da Olimpíada do Rio por uso indiscriminado de doping. O escolhido para ser sacrificado foi o brasileiro Fábio Maldonado. O "Caipira de Aço" foi demitido do UFC. Por falta de recursos. O lutador de Sorocaba tem grande poder de absorção dos golpes. Seu boxe é muito bom. Mas só. Seu chão é fraquíssimo. Não tem o menor preparo no jiu jitsu. Não havia a menor dúvida que foi escolhido a dedo. Para ser massacrado por Emelianenko. O ucraniano já tem 39 anos. É um herói nacional. Ele havia ficado três anos aposentado. Decidiu voltar a lutar no final de 2015. Ganhar algum dinheiro, competir, sentir a adrenalina. Mas recusou realizar um velho sonho dos Fertitta e de Dana White. Não quis saber do UFC. E hoje se entende o porquê. O lutador fenomenal do Pride ficou para trás. É covardia comparar ao lutador ágil, veloz, imprevisível. Seu reflexos estão lentos. Não pode mesmo enfrentar adversários de alto nível. Maldonado não deveria oferecer riscos. Só que o homem de Sorocaba surpreendeu. Não quis seguir o roteiro previamente escrito.

Fábio avisou que estava honrado por enfrentar o ucraniano e dentro de sua casa, São Petersburgo. E, em uma triste ironia particular, escolheu a música de Raul Seixas, Tente Outra Vez. Uma referência à sua demissão do UFC. Seu plano de luta era simplório. Ficar na defensiva, encostado nas grades. Fechar a guarda e tomar uma saraivada de socos. Deixar Fedor bater até cansar. E rezar para ele não jogá-lo no chão e finalizá-lo com seu vasto repertório de finalizações. Emelianenko queria dar espetáculo. Não sabotaria a própria festa derrubando o brasileiro e aplicando um mata-leão. Isso seria rápido, frustrante. Ele queria sangue. Um nocaute para agradar seus compatriotas. A maioria das apostas dava conta que o brasileiro seria esmagado no primeiro round. E era o que parecia que aconteceria nos dois primeiros minutos. Sua guarda esteve longe de ser perfeita e acabou tomando vários socos, principalmente cruzados. Mas quando a plateia vibrava, se antecipando ao nocaute, Fábio acertou um poderoso cruzado de encontro no queixo do herói dos russos. E na combinação, que solta automaticamente, o cruzado de esquerda na têmpora direita do russo. Ele desabou, caiu. O brasileiro continuou a desferir socos, para desespero da plateia russa. Aí, o lendário Emelianenko voltou. Inacreditável como ele conseguiu sobreviver na luta. Apanhou até os braços do brasileiro se cansarem. Andou trôpego, bêbado. Tonto. Um guerreiro espantoso. Seu show não foi batendo, foi não sendo nocauteado. O brasileiro venceu fácil. Com pelo menos dois pontos de vantagem. Garantia internacional pelo knockdown, na contagem do MMA. Não havia como dar outro resultado. Nos segundo round, o ucraniano renasceu. Maldonado estava cansado. Foi encurralado. Perdeu, mas sem ser dominado como dominou. 10 a 9 Emelianenko. No último round, com os dois cansados demais, o que se viu foi Fedor tendo a iniciativa e Fábio mais precisão. Empate. Forçando muito a natureza, vitória de Emelianenko por perseguir o brasileiro, que fugia, buscava apenas o contragolpe.

Resumo da ópera russa, Maldonado não perdeu o combate. De jeito algum. Só que não dá para ser ingênuo. Com Putin na plateia, tudo era possível. E foi. Um jurado deu empate. Mas dois deram 29 a 28 para Fedor. Não consideraram 10 a 8 no primeiro round. A festa que estava armada, continuou. Caíram os papéis picados, a plateia vibrou. O "Último Imperador" sorriu, sem graça. "No primeiro round,consegui sobreviver apenas com a ajuda de Deus", admitiu. Estava envergonhado e com o rosto desfigurado. Sabia que não havia vencido o combate. Até mesmo os russos que estavam no ginásio em São Petersburgo. Mas infelizmente é assim que terminam as lendas do MMA. Quando não sabem quando parar. Se submetem a vexames desnecessários. No auge do ucraniano, o brasileiro não resistiria a dois minutos de luta. A sua decadência como atleta não deveria ser exposta. Por dinheiro algum. O que aconteceu hoje na Rússia foi vergonhoso. Nem as lutas de Maguila eram tão constrangedoras.

Fedor Emelianenko não venceu o combate.

Foi um pequeno exemplo.

Por acreditar nas próprias mentiras, os russos perderam a Guerra Fria.

Não aprenderam...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 17 Jun 2016 20:08:43

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