Retidão de caráter, treinador afinado com a diretoria, amigo dos jogadores, barato, moderno taticamente. Mas em cinco anos incapaz de conseguir qualquer título. Nenhum pelo Vasco, Bahia, Fluminense, Flamengo e Atlético Paranaense. A escolha do baiano Cristóvão Borges para substituir Tite no Corinthians foi um banho de água fria. Ele acaba de assinar contrato até dezembro de 2017. Conselheiros estão muito decepcionados com a opção de Roberto de Andrade e Andrés Sanches. Acreditavam que alguém de currículo respeitável seria contratado. Tite é campeão mundial, da Libertadores, a Sul-Americana, a Recopa, ganhou duas vezes o Brasileiro, a Copa do Brasil, o Paulista, tricampeão gaúcho. O contraste é grande demais. Cristóvão foi a quinta opção como treinador. Primeiro o clube tentou Eduardo Baptista, Fernando Diniz, Roger, Vagner Mancini. Todos empregados. Foi quando entre os vários técnicos oferecidos por empresários, surgiu o nome de Cristóvão. Há três meses ele está sem trabalho. Foi mandado embora do Atlético Paranaense. Ele jogou no Corinthians na década em 1986 e 1987. Versátil, inteligente, com excelente visão de jogo. Conheceu e ficou amigo de Andrés Sanchez. Se o ex-presidente corintiano não tivesse sido mandado por José Maria Marin da CBF, Andrés colocaria a Seleção Brasileira sub-20 sob o comando de Cristóvão, depois do fracasso na Olimpíada de Londres, em 2012.
Essa profunda amizade com Andrés é o maior trunfo de Cristóvão para que assuma o Corinthians. O deputado federal do PT manda mais do que o presidente Roberto de Andrade. Isso não é segredo para ninguém no Parque São Jorge. Andrés acredita que Cristóvão tem um perfil muito parecido com o de Tite. Ético, trabalhador, moderno taticamente. Só precisa de respaldo para explodir na carreira. E o deputado garante a amigos que colocará toda a força política para que trabalhe "tranquilo" no Parque São Jorge. O que Andrés finge não saber é que Cristóvão tem mostrado uma característica muito ruim na curta carreira. Todos os times que dirigiu, quando começaram a perder, desandaram. Ele sempre se mostrou frágil, vítima das circunstâncias. Com demora para tomar atitudes. Como trocar jogadores de sua confiança, se impor diante da cobrança da imprensa, da diretoria, da torcida. Sua falta aparente morosidade, falta de energia, acabava irritando os dirigentes que o contrataram. Resumindo, não é um técnico vibrante. Cristóvão terá a sombra de Tite por onde for no Corinthians. Ela ficará evidenciada na despedida de hoje contra o Botafogo, no Itaquerão. Roberto de Andrade pretende dar uma placa de agradecimento ao treinador. Diante da fanática torcida que o adora e lamenta ter assumido a Seleção Brasileira. Roberto de Andrade pretende que Cristóvão assuma contra o Atlético Mineiro, na próxima quarta-feira. Neste domingo, estará no Itaquerão, acompanhando o jogo diante do Botafogo. Deve começar a trabalhar já na segunda-feira. Verbalmente o acordo já estava sacramentado desde ontem. Hoje, só assinou o contrato. O salário oferecido fica longe dos R$ 400 mil de Tite. Metade disso, R$ 200 mil. O mesmo que ganhava no Flamengo. O treinador havia concordado. E viajou animado ontem do Rio para São Paulo.
A personalidade pacata e que o mantém longe de polêmicas também pesou muito na escolha de Cristóvão. Com grandes dificuldades financeiras para pagar o Itaquerão, Andrés e Roberto querem um treinador "fechado" com a diretoria. E que não reclame se o time precisar fazer novo desmanche e até se atrasar seus salários. Exatamente como Tite cansou de fazer. Para os conselheiros importantes nada disso interessa. O que pesa é o currículo virgem de Cristóvão como técnico. Para eles chega a ser assustador não ter sequer uma conquista. Nas redes sociais, os torcedores também não se empolgaram.
Muito pelo contrário. Criticam muito a escolha. Sereno, Roberto de Andrade retruca. E afirma que o Corinthians "fez a carreira de Tite". O levou à Seleção. Só que não é bem assim. Ele chegou campeão da Copa do Brasil, bicampeão gaúcho.
O contrato foi fechado há poucos minutos. Na hora do almoço. Cristóvão Borges é uma grande aposta de Andrés e Roberto de Andrade. Arriscada, incoerente e de altíssimo risco. Ainda está longe de ser um treinador à altura de Tite...
Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 19 Jun 2016 13:18:33
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