Mano Menezes e Tite são apenas colegas. Nunca foram amigos. Até porque os dois já se sucederam no Corinthians. E se submeteram à comparações inevitáveis. Quando o delegado Mario Gobbi tinha poder, ele liderava a turma pró Mano Menezes. Era muito grato porque foi o treinador que o ensinou a enxergar futebol. Andrés Sanchez e Roberto de Andrade já foram próximos a Mano. Mas se afastaram quando seguiu na Seleção, depois de Andrés demitido por José Maria Marin. E a dupla se assumiu como defensora de Tite. E em conversas informais, Tite não gostou nenhum pouco da atitude de Mano Menezes em 2012. O treinador Ney Franco estava à frente da Seleção Brasileira campeã mundial sub-20. Conhecia profundamente os garotos. O time seria base da Olimpíada de Londres. Mais Thiago Silva, Marcelo, Hulk, com mais de 23 anos e a estrela Neymar. Essa equipe era a grande favorita e tinha toda a chance de conseguir a inédita medalha de ouro em 2012. Mano também percebeu isso. E tratou de avisar que seria ele quem comandaria o time. Ney Franco que abandonasse o time. Na hierarquia da CBF, Mano tinha muito mais importância de Ney Franco. O grupo de jogadores campeão mundial sub-20 rejeito Mano Menezes. A sua arrogância era a antítese da proximidade, do carinho, do envolvimento que Ney Franco havia conseguido com os garotos. A rejeição foi imediata. Os jogadores consagrados também não fizeram esforço para construir o grupo. A campanha foi espantosamente difícil. Até que veio a derrota para o México. E a conquista da medalha de prata em Londres. E a desculpa perfeita para José Maria Marin demitir o treinador e chamar Felipão. Tite foi solidário a Ney Franco. Imaginou sua frustração.
O destino fez com que, quatro anos depois, ele estivesse no lugar de Mano Menezes. Na reunião de ontem, Marco Polo del Nero ofereceu a Seleção Olímpica ao treinador. Com o direito de escolher os três atletas com mais de 23 anos que todos os times têm direito. Del Nero precisava que ele aceitasse a oferta. Queria de qualquer maneira um escudo. Caso o Brasil perca a medalha de ouro, seria muito melhor que fosse com Tite, um treinador consagrado do que com o baiano Rogério Micale. Só que o treinador que Marco Polo quer na Seleção foi firme. Micale que estava comandando os garotos, para Dunga assumir só na Olimpíada, deveria ficar com o cargo. Tite recusou veementemente o cargo. Aceitaria, se der certo sua ida à principal, servir como conselheiro. Quem ficaria no banco e tomaria todas as decisões seria Micale. Marco Polo não queria. Tentou demover Tite, mas sua postura foi firme demais. Marco Polo não sabia o quanto o treinador estava sendo coerente. Não mostra a mesma vaidade de Mano. E de Dunga, que queria o cargo nos Jogos Olímpicos.
Marco Polo del Nero pensou desde ontem na recusa. Na explicação óbvia de Tite. Ninguém no país conhece mais o time atual olímpico que Micale. Ele é um especialista na base. Até que o presidente da CBF decidiu nesta manhã. Deu o cargo a Micale, exatamente como Tite queria. Foi a primeira vitória de Tite na CBF. Fez Marco Polo ceder, como não desejava. O presidente da CBF foi contra seus princípios. Mas não tinha como fugir. Tinha de agradar Tite. Além do mais, evitou passar por grande vexame. O técnico não aceitaria os olímpicos, nem se fosse nomeado. O primeiro passo foi dado. Marcp Polo del Nero viu com quem está lidando. Um treinador firme nas suas resoluções. E que sabe que está com a faca e o queijo nas mãos. Se o presidente da CBF o quer na Seleção tem de se submeter. Atender seus pedidos.
O primeiro já está feito.
E era importantíssimo.
Tite não queria correr o risco de não conseguir o ouro.
Ele nem conhece os garotos.
Não colocaria seu nome à tapa.
Poderia ter grande desgaste caso o ouro escapasse.
Foi ético e, ainda por cima, se preservou.
Marco Polo cedeu.
E espera ainda hoje anunciar Tite como técnico do Brasil.
O primeiro round já foi para o treinador dos sonhos de Del Nero...
Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 15 Jun 2016 16:06:00
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