sábado, 25 de junho de 2016

Tite quer usar o drama dos 7 a 1 da Alemanha, no Mineirão. E usar o jogo contra a Argentina como um marco de renascimento do Brasil, do estádio reconquistar os torcedores. É uma aposta alta demais...

Tite quer usar o drama dos 7 a 1 da Alemanha, no Mineirão. E usar o jogo contra a Argentina como um marco de renascimento do Brasil, do estádio reconquistar os torcedores. É uma aposta alta demais...




O presidente da Federação Mineira de Futebol, Castellar Guimarães Neto, não perdeu a oportunidade. Fez questão de garantir aos jornalistas que foi ele o responsável pelo Mineirão ser o palco de Brasil e Argentina, pelas Eliminatórias, no dia 11 de novembro. O principal clássico de futebol sul-americano marca o retorno da Seleção depois ao estádio onde foi mais humilhada na sua história, derrota por 7 a 1 para a Alemanha na Copa de 2014. Mas, na verdade, Castellar sabe. O jogo só acontecerá lá porque Tite quis. O novo treinador da Seleção Brasileira é muito atraído pela simbologia. E quer que a partida sirva como marco. Um divisor no caminho do futebol deste país. Em um lugar que foi palco de tantas lágrimas, ele aposta na redenção. Sua convicção é enorme que, daqui a cinco meses, ele já terá uma equipe nas mãos pronta para enfrentar e vencer o time de Messi. Marco Polo del Nero e seu escudeiro, Walter Feldman, adoraram a ideia. Sentiram a diferença de postura de Tite em relação a Dunga. O ex-treinador, aconselhado pelo ex-coordenador Gilmar Rinaldi, queria o time brasileiro o mais longe das grandes capitais e de seus torcedores mais exigentes. Por isso levou, por exemplo, o jogo contra a Colômbia para Manaus. Escolha que a atual Comissão Técnica considera absolutamente desgastante. E inútil. O clima de Manaus é quente e úmido, como em Bogotá, onde os colombianos mandam suas partidas. O ideal seria levar o jogo, por exemplo, para a fria Porto Alegre. Se Dunga e Gilmar seguissem na Seleção, o jogo seria no Nordeste. Provavelmente no Recife... No duelo contra a Argentina, Tite quer que o confronto seja também um acerto de contas com o povo mineiro. Que tanto sofreu naqueles 7 a 1. O treinador acredita que o apelo será absurdo. Os torcedores vão estar mais empolgados do que se o Brasil jogasse em qualquer local do país. Os mineiros não querem ver sua arena mais moderna como eterno símbolo do maior vexame da Seleção. Vão querer "virar a página" como uma grande vitória contra o time de Messi. Nenhum lugar teria esse apelo. Tite sabe de toda a repercussão, da dramaticidade que cercará esse jogo. E quer aproveitar o desejo de vingança de uma geração que está marcada. Desde a vergonha que todo o país sentiu pelos 7 a 1, os torcedores se afastaram de maneira assustadora da Seleção. A idolatria e a paixão foram ficando para trás, nestes 14 anos desde o último título mundial. O treinador já detectou essa distância do selecionado do torcedor.

É uma aposta ousada. Com consequências. Para o bem e para o mal. Não haverá meio termo. Ou o Brasil de Tite se impõe e resgata o sagrado gramado do Mineirão. Ou seu time perde e torna amaldiçoado o estádio. A Seleção não tem o direito de humilhar novamente os mineiros. Jornalistas argentinos não esperavam tamanha ousadia de Tite. E pensam exatamente pelo outro lado. O desespero para o Brasil, se por exemplo, tomar o primeiro gol. O medo de um novo vexame pode contaminar o estádio. E ser cúmplice do time de Tata Martino. Nas Eliminatórias para a Copa de 2002, o Brasil venceu a Argentina por 3 a 1, em 2000, jogando no Morumbi, em São Paulo. Em 2004, valendo a classificação para 2006, nova vitória em casa. 3 a 1, no Mineirão. Em 2008, na corrida para chegar ao Mundial de 2010, 0 a 0. Outra vez no Mineirão. Castellar Guimarães Neto pediu ao presidente da CBF, Marco Polo del Nero, que confirmasse Belo Horizonte como a cidade de Brasil e Argentina. O dirigente colocou o poder do sim ou do não a Tite. E veio a resposta positiva. O dirigente só espera que o técnico saiba o que fez. O trauma pelos 7 a 1 foi forte demais.

Até para o próprio Tite. Lembrança que traz no peito mesmo depois de tanto tempo. "Eu estava no meu apartamento em São Paulo com a minha esposa assistindo. Quando deu o quarto gol, minha esposa levantou e começou chorar. Ela projetou a exposição do técnico. Eu também me emocionei, pensando não pode ser, não pode ser, não pode ser..." Agora quer o início da terapia. E com coragem escolheu o estádio mais sofrido para o Brasil. Desde 1950 e o Maracanazo...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 25 Jun 2016 14:33:46

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