sexta-feira, 24 de junho de 2016

Os fracassos do Brasil nas Olimpíadas não serviram de lição. Mesmo com Neymar, Thiago Silva e Renato Augusto ou Prass, o velho improviso. A preparação para os Jogos é amadora. E o descaso cobra caro...

Os fracassos do Brasil nas Olimpíadas não serviram de lição. Mesmo com Neymar, Thiago Silva e Renato Augusto ou Prass, o velho improviso. A preparação para os Jogos é amadora. E o descaso cobra caro...




Com o final da Segunda Guerra Mundial, Estados Unidos e União Soviética se firmaram como as duas maiores potências. Não se atacavam diretamente porque ambas tinham o domínio das bombas nucleares. Tratavam de expandir sua influência pelo planeta. Criaram, a grosso modo, os blocos comunista e o capitalista. E se infiltraram em todos os países que conseguiram. Como o Brasil, com os americanos por trás do golpe militar que foi chamado de Revolução de 1964. Os soviéticos patrocinavam e treinavam os guerrilheiros nacionais que tentaram, à força, tirar o poder dos militares. Isso aconteceu nas grandes ditaduras da América do Sul, como a da Argentina, Chile e Uruguai. Mas havia a Guerra Fria. Simbólica. Nela, todos os recursos possíveis eram usados como propaganda. Cinema, literatura, teatro, arquitetura, artes plásticas. E, lógico, o esporte. A Olimpíada passou a ter grande significado. O quadro de medalhas era o parâmetro. O futebol nunca teve grande significado para os Estados Unidos. Só na última década, com a influência latina, o esporte começou a ser valorizado. Deixou de ser monopólio feminino. E passou a ser levado a sério também pelos homens. As ligas ainda estão nascendo. Usando o velho truque de contar com veteranos conhecidos para atrair público. Mas por muito tempo não foi assim. E o bloco comunista se aproveitou. Usou a Olimpíada para ganhar medalhas e mais medalhas. O segredo? A hipocrisia. Os atletas que disputavam os Jogos deveriam ser amadores. Os socialistas alegavam que seus jogadores pertenciam a clubes profissionais e disputavam torneios internacionais. Mas deveriam ser considerados amadores porque o futebol seria apenas um esporte que praticavam para manter a saúde. E na verdade, eles eram operários, mecânicos, professores de Educação Física. Portanto amadores. Mentira deslavada. Mas como os Estados Unidos também usavam esse recurso em outros esportes, a desculpa era aceita.

A farra comunista durou desde a Olimpíada de Helsinque na Finlândia, em 1952, até a de Seul, na Coréia do Sul. Nos dez Jogos disputados, nove medalhas de ouro. A Hungria ganhou três vezes. A União Soviética, duas. Iugoslávia, Polônia, Alemanha Oriental e a Checoslováquia uma vez cada. Apenas em Los Angeles, em 1984, a França venceu. Porque a União Soviética e os países comunistas boicotaram a competição nos Estados Unidos. Os comunistas enviavam seus melhores jogadores, independente de idade. Enquanto os países ocidentais, inclusive o Brasil, mandavam times de garotos, sem contratos profissionais. Não havia competição. A diferença dos times era desproporcional. A partir de Barcelona, em 1992, a farra acabou. Todos as equipes só poderiam ter três jogadores com mais de 23 anos. E os profissionais estavam liberados. Isso só aconteceu porque não havia mais União Soviética. Várias repúblicas declararam independência, em 1991. E acabou oficialmente a Guerra Fria. Desde então o futebol nas Olimpíadas passou a ser mais competitivo. E o Brasil "descobriu" que nunca havia conquistado a medalha de ouro. Dunga e Mano tentaram se segurar no cargo de treinadores do time principal disputando a competição. Fracassaram em Pequim, em 2008, e em Londres, em 2012. Dunga comandaria o Brasil nos Jogos do Rio, a partir de agosto. Mas caiu antes. Tite não quis o cargo. Deixou Rogério Micale no comando. Mas, de maneira esperta, impõe suas ideias. Micale, as aceita. E a influência do novo treinador da Seleção está clara na escolha dos três jogadores com mais de 23 anos que estarão na Olimpíada.

Na lista de 39 jogadores, os seis "maiores" foram revelados. Fernando Prass, Thiago Silva, Renato Augusto, Gil, Douglas Costa e o obrigatório, Neymar. Se Dunga fosse o treinador, Alysson, Miranda e Neymar seriam seus três atletas. Mas Tite indica que deseja que Micale "escolha" Thiago Silva, Renato Augusto e Neymar. Thiago Silva foi escolhido por ser um dos únicos jogadores na face da Terra que Neymar respeita e ouve. O perdão ao zagueiro do Paris Saint Germain estaria ligado à sua influência sobre o camisa 10 da Seleção. Renato Augusto é o jogador versátil e líder positivo que Tite quer para controlar o meio de campo. Ele só não está garantido porque o Benfica não quer liberar o goleiro Enderson. Clube algum é obrigado a ceder atletas para a Olimpíada, de acordo com a Fifa. Se os portugueses insistirem em ficar com seu arqueiro, Fernando Prass fica com a vaga de Renato Augusto. Porque os goleiros com menos de 23 anos não têm passam confiança à Comissão Técnica. O futebol brasileiro só participou de 12 das 26 Olimpíadas. E conquistou apenas três medalhas de prata e duas de bronze. Os jogadores com mais de 23 anos, não conseguiram fazer a diferença. O país não conseguiu se classificar para a Olimpíada de 1992. Em 1996, Zagallo levou Aldair, Bebeto e Rivaldo. O time tinha também Ronaldo. Mas terminou apenas no terceiro lugar.

Em 2000, foi a soberba de Vanderlei Luxemburgo colocou tudo a perder. Não quis levar nenhum jogador com mais de 23 anos. Apesar de toda pressão nacional, não quis levar nem Romário. Caiu nas quartas de final contra Camarões. Não ganhou medalha alguma. E Luxemburgo foi defenestrado da Seleção principal. O Brasil conseguiu não se classificar para a Olimpíada de Atenas, em 2004. Em 2008, Dunga quis apenas dois jogadores com mais de 23 anos. Thiago Silva e Ronaldinho Gaúcho. O time terminou em terceiro lugar, perdeu a semifinal de forma humilhante para a Argentina de Messi, que seria campeã: 3 a 0. O descaso de Ronaldinho Gaúcho na entrega da medalha de bronze é histórico. Em plena cerimônia, ele falava com amigas pelo celular. Não demonstrou menor tristeza por não conseguir o ouro. A cena é inesquecível. Em 2012, Mano Menezes tomou o time olímpico de Ney Franco. Levou Thiago Silva, Marcelo e Hulk para Londres. Fez uma campanha aos trancos e barrancos e perdeu a final para o México. Conseguiu a prata. E a demissão por parte de José Maria Marin.

Marco Polo del Nero sabe o quanto está pressionado no comando da CBF. O Brasil é sexto nas Eliminatórias. Fracassou em duas Copas Américas seguidas. Não se classificou para a Copa das Confederações na Rússia. O dirigente teme novo vexame no país, depois da Copa do Mundo. E exige a medalha de ouro. Esperto, Tite deixou Rogério Micale à frente do time. Mas vai manipulá-lo como puder. As indicações de jogadores de sua confiança entre os com mais de 23 anos foi o primeiro passo. Micale aceita os "palpites" porque pretende seguir com as seleções de base. O especialista Micale não gosta de divulgar e nem quer assustar Tite. Mas a Olimpíada não será tão fácil como muitos sonham. Há adversários fortes. Como Argentina, Alemanha, México e Portugal. Dinamarca, Suécia e Nigéria correm por fora. O torneio é curto, com apenas 16 seleções. Para ser campeão, o Brasil, caso se classifique no grupo que conta com África do Sul, Dinamarca e Iraque, terá três jogos eliminatórios. A preparação do time olímpico foi péssima. Com pouquíssimos jogos. No primeiro teste da equipe, perdeu para a Nigéria por 1 a 0. A partida, disputada no Espírito Santo. E venceu a África do Sul por 3 a 1, em Alagoas. O time se reunirá no dia 18 de julho. Haverá apenas um amistoso antes da Olimpíada, dia 30 de julho, em Goiânia, contra o fraco Japão. A Olimpíada começará cinco dias depois. Impossível o time conseguir entrosamento. Ou seja, a velha improvisação estará de volta. O risco de fracasso é uma realidade que todos fingem não ver. Qualquer resultado que não seja o ouro, será um desastre para Del Nero. Com a possibilidade até de uma intervenção na CBF. Tite e Micale estão avisados. O descaso costuma sair muito caro...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 24 Jun 2016 11:48:52

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