quinta-feira, 9 de junho de 2016

Felipão é cúmplice na ida de Fred para o Atlético Mineiro. Sabotou, sem querer, a chance do atacante voltar à Europa. Por isso o adeus às Laranjeiras é para Belo Horizonte. Não Inglaterra, Espanha ou Turquia...

Felipão é cúmplice na ida de Fred para o Atlético Mineiro. Sabotou, sem querer, a chance do atacante voltar à Europa. Por isso o adeus às Laranjeiras é para Belo Horizonte. Não Inglaterra, Espanha ou Turquia...




Se livrar do maior salário do futebol brasileiro. R$ 800 mil livres. Jogador que os dirigentes tinham receio de questionar, cobrar. Capaz de implodir todo o departamento médico. Líder com personalidade para enfrentar o treinador. Atacante com livre acesso à presidência para questionar atrasos de salários. Abrir mão de jogador que está a quatro meses de completar 33 anos. Fora completamente dos planos da Seleção Brasileira. E cujos gols estão minguando. Do outro lado, a necessidade de um ídolo. Nome forte o suficiente para fazer com que ficasse esquecido o fracasso que foi a Libertadores da América. O vexame no Campeonato Mineiro. A Primeira Liga. Diego Aguirre. A constatação do motivo de o futebol chinês ter dispensado o caríssimo, improdutivo e problemático Robinho. A vontade do presidente de afastar um pouco a sombra do mentor e ex-presidente. Além de ser sempre bom contratar um ídolo do grande rival, quando o estado tem apenas duas grandes clubes. Esses dois extremos se uniram na saída de Fred do Fluminense, depois de sete anos nas Laranjeiras. O anúncio foi feito pelo próprio presidente Daniel Nepomuceno, mantendo a tradição de seu mestre, Alexandre Kalil. Usando o twitter. A torcida atleticana está entusiasmada. Já se organiza para uma grande recepção no aeroporto, a principal organizada enfiará um boné na cabeça do jogador, e ele dará grande entrevista emotiva. Falará do amor incondicional do seu pai pelo Clube Atlético Mineiro, por Belo Horizonte, pela filha que já mora na cidade, pela esposa grávida. Os salários anunciados são de R$ 500 mil mensais. Situação estranha, já que recebia R$ 800 mil no Fluminense. E estava amargurado por ter aceito a redução por conta da saída da Unimed como patrocinadora. Ganhava com a empresa na camisa do clube, R$ 950 mil. Mas Fred ganhará bônus por objetivos, como artilharia, conquistas de campeonato, Libertadores, jogos disputados. Acabará recebendo mais do que o meio milhão anunciado.

Seu contrato terá a duração de três anos. Se cumprido, restará apenas o tempo suficiente para cumprir sua promessa e se despedir do futebol atuando pelo América Mineiro, que o revelou. Nepomuceno deverá aproveitar a festança em relação a Fred para negociar Lucas Pratto. O argentino tem sondagens do futebol europeu. E, embora receba "apenas" 100 mil dólares, cerca de R$ 336 mil, é incompatível manter Fred e Robinho. R$ 500 mil mais, R$ 730 mil do ex-ídolo santista, mais R$ 336 mil. R$ 1.572.000,00 a cada 30 dias. Quantia inviável a qualquer clube nesta crise. A participação discreta e firme de Levir Culpi na saída de Fred. Ele desenvolveu a técnica como enfrentar o maior ídolo de um clube. Procurando o presidente e falando francamente que não está rendendo e prejudicando a equipe. E o melhor é ser negociado. Foi o que fez com Alexandre Kalil e Ronaldinho Gaúcho. Agora o destino fez com que devolvesse um jogador midiático à Cidade do Galo. Apesar do anúncio da paz, não havia mais relacionamento entre ele e Fred. Também recomendou ao presidente Peter Siemsen que o melhor seria abrir mão do atacante. As organizadas tricolores não protestarão já que estavam rompidos há anos. Desde que o jogador descobriu que os torcedores estavam repassando seus "feitos" na noite carioca a jornalistas. Ele as enfrentou avisando que não permitiria interferência na vida particular. Uma situação foi bizarra em agosto de 2011. Torcedores avisaram jornalistas que ele e Rafael Moura haviam consumido 60 caipirinhas de saquê no bar Astor, em Ipanema. O atacante fez questão de, em uma coletiva, mostrar a comanda de pedidos. Nela, "apenas" 28 caipirinhas...

Tudo isso será debatido exaustivamente nos próximos dias. Mas o que vale a pena ser destacado nesta hora é algo diferente. O futuro de Fred é ótimo. Já é milionário há muito tempo. E tem nas mãos mais dois anos e meio recebendo, no mínimo R$ 500 mil. O ângulo que precisa ser destacado é Fred AC e DC, antes e depois da Copa.

2013, o Brasil havia vencido a Copa das Confederações. O 4-2-3-1 de Felipão liquidou todos os adversários. Fred marcou dois gols na última vitória comemorada com gosto pela torcida brasileira. 3 a 0 contra os então campeões mundiais, os espanhóis. Com direito a olé e ilusão do hexacampeonato. Na zona mista do Maracanã, Fred era o jogador mais feliz de todos. Tinha certeza que voltaria à Europa por cima, depois de precoce retorno do Lyon, por causa de um tal de Benzema. Mas a diretoria da Unimed e do Fluminense não quiseram negociá-lo. Acreditavam que se conseguissem 7 milhões de euros em 2013, ganhariam, no mínimo, 15 milhões de euros. Fizeram a pior aposta. Celso Barros e Peter Siemsen tinham certeza da conquista do hexacampeonato. Fred também estava convencido. Só que não perceberam a imobilidade de Luiz Felipe Scolari. O treinador ficou convencido que a mesma fórmula bastaria. Mais a força da torcida. Desprezou o fato de seus adversários dissecarem o seu esquema tático. E também a decadência dos adversários: espanhóis, italianos, uruguaios, mexicanos, japoneses. Nenhum passou sequer à segunda fase do Mundial de 2014.

Na Copa, Fred foi uma grande vítima do esquema tático de Felipão. A sua função isolada no ataque era algo que mereceu imensas críticas. Humoristas cruéis o comparavam a um cone. Mas era exatamente isso que Felipão desejava. E foi assim que atuou na Copa das Confederações, fixo na grande área, servindo de referência para os meias, para os laterais. Segurando dois zagueiros. Servindo de pivô. Abrindo espaço para o versátil Paulinho. Só que ele não pôde jogar. Porque os adversários travavam o início das ações ofensivas brasileiras. A bola não chegava para Fred. Ele é um jogador completamente dependente dos companheiros de time. Um centroavante das antigas. Foi assim que se firmou como artilheiro.
Fred fez promessas, deixou bigode, tirou bigode. Brincou, chorou, desabafou. E no final, se calou. Assumiu grande parte da culpa que não era dele. Mas do treinador que congelara um esquema tático por um ano. Com a Seleção travada, Fred foi um alvo fácil. No fracasso final com a quarta colocação, depois dos 10 a 1, 7 a 1 para a Alemanha e 3 a 0 diante dos holandeses, sua carreira teve uma guinada para trás. Os representantes de Tottenham, Valencia, Fenerbahçe sumiram. Não havia mais proposta alguma para o jogador. Deprimido, ele voltou para o Fluminense. E fez questão de cobrar uma dívida de R$ 12 milhões da Unimed. Percebendo que não receberia, entrou na Justiça.
"Tenho restrições ao Fred, conheço a postura dele, assim como a do irmão. Ele sempre quis ser dono do Fluminense e sempre trabalhou para demitir técnicos dos quais não gostava. A situação da Unimed com o Fred se encerrou de forma triste. Mas ele é desse nível de caráter mesmo", declarou Celso Barros, o dirigente que "adorava o jogador". Fred teve a chance de voltar a jogar na Europa em 2013. A ganância do Fluminense e da Unimed puseram tudo a perder. Com a colaboração de Felipão. Em vez de 15 milhões de euros, R$ 57 milhões... Só 1,5 milhão de dólares, cerca de R$ 5 milhões. Agora, seu lugar é Belo Horizonte. Inglaterra, Espanha e Turquia, só a passeio. Mas vai deixar saudades nas Laranjeiras.

O Rio de Janeiro perde um dos seus últimos ídolos...



Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 09 Jun 2016 11:41:29

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