terça-feira, 18 de agosto de 2015

A alegria de "Messi do Mato Grosso". Ao contrário de Neymar e seus R$ 6 milhões no Barcelona, seu contrato é de apenas R$ 920 com o Santos. Jean Chera é a prova. O amor exagerado de um pai pode sabotar a promissora carreira de um filho...

A alegria de "Messi do Mato Grosso". Ao contrário de Neymar e seus R$ 6 milhões no Barcelona, seu contrato é de apenas R$ 920 com o Santos. Jean Chera é a prova. O amor exagerado de um pai pode sabotar a promissora carreira de um filho...




Neymar, R$ 6 milhões mensais. Entre salários do Barcelona e publicidade. Jean Chera, R$ 920,00. Bastaram cinco anos e a desproporção ficou gigantesca, absurda. Os dois eram tratados como as maiores promessas do Santos, desde Robinho. Por ter três anos a mais, Neymar foi lançado primeiro. Seria apenas uma questão de tempo para o "Messi do Mato Grosso" ficar com a camisa dez de Paulo Henrique Ganso. E mostrar seu talento excepcional. "Meu sonho é jogar a Copa do Mundo de 2014 com Neymar", dizia o garoto aos repórteres que iam entrevistar a nova grande revelação santista. E ele não parecia exagerar. Pelo menos era o que esperavam torcedores, dirigentes, técnicos e mesmo jogadores da base e mesmo profissionais. Mas principalmente, seu pai, Celso. Empresário e responsável pela carreira do filho. E considerado pelos conselheiros santistas como grande responsável pela incrível decadência do garoto. Desde que foi descoberto no Mato Grosso, os planos de Celso eram grandiosos para Jean. Ao desembarcar em Santos barbarizava nos treinos. Tinha personalidade, talento, habilidade. Era capaz de lances que lembravam mesmo Messi quando garoto. Daí os sonhos do pai.

Assessores de imprensa faziam chegar às tevês vídeos de Jean Chera. A fama chegou até a fabricante de material esportivo Umbro. Ela fez uma chuteira personalizada do camisa 10 da base santista. Só que algo de muito errado acontecia. Os treinadores da base começaram a reclamar da presença de Celso. O pai estaria influenciando demais o menino. O amor pelo filho começou a se misturar com conselhos que sabotavam o desempenho do garoto. Ele passou a querer a bola nos pés. Quando recebia tentava "jogar sozinho", driblar todos os marcadores. Quando perdia a bola colocava as mãos nas cinturas. O que só irritava os treinadores. E os companheiros de time. Não se empenhava tanto nos treinos físicos. Começou a ser presa fácil, anulado por volantes adversários. Mesmo assim, tietes faziam questão de esperá-lo após os treinamentos e jogos. Conselheiros garantem que era fácil perceber que a súbita fama o havia dominado. Recebia salário maior do que alguns técnicos da base: R$ 25 mil. Tudo implodiu quando chegou ao sub-17 do time. E foi para a reserva. Celso disse que o filho estava sendo perseguido. Causou um clima tão ruim na Vila Belmiro que acabou impedido de acompanhar os treinamentos do filho. O estrago já era enorme. Foi quando chegou a hora do primeiro contrato profissional de Jean Chera. Ele já estaria sendo sondado há anos por clubes poderosos da Inglaterra, Itália, Espanha e Holanda. E seu pai resolveu fazer uma pedida considerada absurda no Santos. Nada menos do que R$ 1 milhão e R$ 130 mil por três anos. Celso disse que não foi tanto. R$ 75 mil no primeiro ano. R$ 100 mil no segundo. E R$ 130 mil apenas no terceiro ano. As luvas de R$ 1 milhão estavam corretas.

Só que a diretoria santista disse não. Os treinadores da base avisaram que o futebol do Messi do Mato Grosso havia sumido. O que não é raro na base. A transição não foi bem feita. Ele deixou de ser um jogador competitivo para se tornar uma estrela. Se descuidou fisicamente. Perdeu confiança. Não treinou fundamentos como deveria. Não teve a dedicação para continuar um grande jogador. Não recomendaram a sua manutenção. Mesmo assim, o Santos ofereceu R$ 30 mil mensais por três anos. Essa proposta foi recusada como se fosse uma ofensa. O pai do garoto considerava perseguição ao filho. E avisava que ele não diminuiria sua pedida. Jean iria para a Europa. Tinha certeza que grandes clubes estenderiam tapetes vermelhos ao filho. Manchester City, Barcelona, Real Madrid, Bayern, Chelsea... Só que os europeus fazem um trabalho de observação constante nas categorias de base dos clubes brasileiros. Os olheiros sabiam que o futebol de Jean Chera havia desaparecido. E que não valeria a pena investir no Messi do Mato Grosso. Foi passar um período de testes no pequeno Genoa da Itália. Não conseguiu convencer os italianos a contratá-lo. Acabou oferecido ao Corinthians e Palmeiras. Nenhum dos dois clubes se animou com o meia. O Flamengo o aceitou. Mas logo se arrependeu. O pai do garoto continuava exigindo sua escalação. Acabou na reserva da reserva dos juniores. Em cinco meses, estava dispensado.

Celso acreditava que o problema era o filho não ter um empresário "forte". O entregou a Juan Figer. O uruguaio tentou colocar o menino no São Paulo. Perdeu tempo. O levou para o Cruzeiro. A esperança era disputar a Taça São Paulo. Outro fracasso. Acabou dispensado. Desde então, foi acumulando decepções. E clubes os mais diferentes possíveis. Oeste de Itápolis; o romeno Universidade Craiova; o grego Paniliakos; o espanhol Deportiva Buelna. Foi parar no Cuiabá Esporte Clube. Resultado: dispensado em todas as equipes.

Angustiado, Jean não sabia mais o que fazer. A possibilidade de abandonar a carreira, aos 20 anos, era imensa. O presidente santista, Modesto Roma Filho, soube de todo o sofrimento do garoto. E resolveu fazer a aposta. O chamou até a Vila Belmiro e ofereceu um contrato de quatro meses. O salário: R$ 920,00 mensais. Mas havia uma exigência. Sem a qual, ele não voltaria ao Santos. Frequentar um psicólogo, situação que Jean e seu pai evitaram quando ele era estrela na base. Jean Chera aceitou. Já começou a treinar na equipe sub-23. Não terá tratamento diferenciado. Celso, seu pai, não terá a mesma liberdade dos tempos em que o filho era menino. Nada de palpites nos treinos, cobranças aos técnicos, aos dirigentes. Depois de ser dispensado por nove clubes, o garoto se mostra emocionado pela chance inesperada. E garante que dará a alma para ficar no Santos. Se alguém, em 2010, dissesse que Jean Chera iria sofrer tanto e ter tantos fracassos, seria considerado insano. Principalmente por Celso. Esta é a prova, um pai pode travar a carreira do filho. O amor exagerado tirou do rumo o talentoso garoto. Sabotou, colocou por um fio a carreira do "Messi do Mato Grosso"...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 18 Aug 2015 14:19:06

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