terça-feira, 4 de agosto de 2015

Pesquisa da Getúlio Vargas mostra. Ronaldinho é o rei do twitter no Brasil. Mas vai além. Revela o desprezo do torcedor à Seleção da CBF. A três meses das Eliminatórias para a Copa, ninguém quer saber do time de Dunga e Del Nero...

Pesquisa da Getúlio Vargas mostra. Ronaldinho é o rei do twitter no Brasil. Mas vai além. Revela o desprezo do torcedor à Seleção da CBF. A três meses das Eliminatórias para a Copa, ninguém quer saber do time de Dunga e Del Nero...




Para entender o distanciamento do brasileiro da Seleção de Dunga é muito fácil. Basta analisar com calma a pesquisa que a Fundação Getúlio Vargas acaba de divulgar. Sobre os jogadores e clubes mais citados no twitter. A rede social mais rápida, efetiva e democrática que foi criada. A pesquisa foi feita, nos últimos 20 dias. Para mostrar o impacto da chegada de Ronaldinho Gaúcho no Fluminense. O jogador de 35 conseguiu mobilizar a opinião pública e foi o mais citado, disparado. Lógico que o clube carioca usará esse número para buscar patrocinadores. A relação é evidente. Quem tem dois neurônios percebe o interesse. Mas é o efeito colateral que chama a atenção. A GV pesquisou os 15 nomes mais citados. É interessante. Nenhum deles está relacionado ao time da CBF. Nem mesmo Neymar. Vivendo, na sua maioria no Exterior, é como se a equipe que deu vexame na Copa do Mundo e na Copa América vivesse em um mundo paralelo. Não desperta a atenção. Enquanto está preso ao Brasil, Marco Polo del Nero deveria usar a pesquisa como referência. Fazer o impossível para enfrentar a Pitch Internacional. A empresa que o bom samaritano Ricardo Teixeira vendeu os amistosos da Seleção Brasileira até 2022. O coordenador Gilmar Rinaldi sabe disso e tentará compensar promovendo jogos da Seleção Olímpica pelo país. Mas não é esse time jovem que o torcedor precisa voltar a admirar. Só que como virar as costas ao um milhão de dólares livres, R$ 3,4 milhões, que a Pitch oferece? E não há maneira para enfrentar o contrato draconiano que Teixeira impôs como maldição à CBF. Perguntei para Neymar logo após a conquista da Copa das Confederações no Maracanã. "Qual a sensação de virar um jogador que o brasileiro vai seguir só pela televisão? Ainda mais que a Seleção joga cada vez menos por aqui?"

Neymar, para quem não percebeu, não gosta de se aprofundar nas respostas. Mais do que isso. É preparado por seus 29 funcionários para não se comprometer. Por isso a coleção de frases rasas seguidas do riso artificial. Mas, desta vez, animado pela conquista do torneio e sonhando em vencer a Copa no ano seguinte, ele falou. "Eu também sinto falta. Gostaria de jogar mais aqui. Mas sou do Barcelona. A saída é a Seleção. O jogador que está lá fora também sente falta." A muito custo, emendei a pergunta que queria. "Então fica a sensação que você é estrangeiro aqui e no Exterior?" "É isso. Assim que a gente se sente." As respostas de Neymar vieram à lembrança, junto com a pesquisa da FGV e da longa entrevista que fiz com Gilmar Rinaldi há duas semanas. Por um motivo importantíssimo. Este ano a Seleção Brasileira começará sua caminhada nas Eliminatórias. E elas têm tudo para serem as mais difíceis de todos os tempos. Além dos tradicionais Argentina e Uruguai, os outros adversários cresceram. Chile, Paraguai, Colômbia, Peru. Jogar contra a altitude de Quito e La Paz, tornam os confrontos difíceis contra Equador e Bolívia. Até a Venezuela não é mais saco de pancadas. Nunca o Brasil precisou tanto do apoio dos torcedores para se classificar à uma Copa do Mundo. A CBF tenta reverter a imposição de apenas duas sedes nos jogos no país. Mas se a Conmebol for firme, todos os países terão de atuar em apenas uma cidade. O Brasil, que é imenso, duas. É uma exigência das televisões. No país, Rio de Janeiro e o Maracanã já é certo. Cidades com torcedores menos pacientes, mais revoltados com as denúncias de corrupção na CBF, como São Paulo, Porto Alegre e Brasília estão fora.

A CBF ainda acredita que os mais puros das arquibancadas estão no Nordeste. Fortaleza e Recife estão na frente na disputa. Salvador está ficando para trás na guerra dos bastidores. "Mas vamos tentar até o fim que essa ideia de apenas duas cidades não seja colocada em prática", diz Rinaldi. Enquanto esses ajustes nos bastidores ocorrem, a vida segue para o torcedor comum. O que acompanha o Campeonato Brasileiro. O futebol do nosso quintal. E, se eles não querem saber de Neymar, não vão pensar em Roberto Firmino, Douglas Costa, David Luiz, Thiago Silva, Marcelo, Luiz Gustavo, Fernandinho, Philippe Coutinho... Ronaldinho Gaúcho catalizou a atenção dos twitteiros de todo o país. Para alegria da direção do Fluminense, ávida por patrocinadores enriquecidos, desde que foi abandonada pela Unimed. Vale a pena especificar os 15 nomes apurados pela Getúlio Vargas. 1º) Ronaldinho Gáucho, Fluminense, 450.900 menções. 2º) Guerrero, Flamengo, 406.825. 3º) Pato, São Paulo, 113.105. 4º) Ganso, São Paulo, 105.854. 5º) Sheik, Flamengo, 102.740. 6º) Eurico Miranda, Vasco, 75.626. 7º) Cristóvão, Flamengo, 66.638. 8º) Lucas Pratto, Atlético, 65.009. 9º) Luxemburgo, Cruzeiro, 54.107. 10º)Love, Corinthians, 49.650. 11º) D"Alessandro, Inter, 45.329. 12º) Valdivia, Palmeiras, 44.453. 13º) Tite, Corinthians, 43.048. 14º) Lucas Barrios, Palmeiras, 43.005. 15º) Fred, Fluminense, 42.751.

Ninguém da Seleção. Os campeonatos europeus estão para ainda para começar, podem alegar os mais apressados. Mas no ano, com exceção de Neymar, essa é a tendência. Cada vez mais o que interessa é o futebol daqui. E como os clubes não têm condições de segurar jogadores com potencial para a Seleção, ninguém nem lembra do time de Dunga. Assim ficará impossível inflamar a torcida nas Eliminatórias como Dunga e Del Nero sonham. É óbvio. Mas Ricardo Teixeira vendeu a alma dessa relação, os amistosos por aqui, para a inglesa Pitch.

"Lógico que queríamos ter feito muito mais amistosos pelo Brasil antes da Copa. Mas fomos impedidos por contratos comerciais. A relação entre a Seleção e o torcedor é cada vez mais distante, fria. A derrota na Copa pode aumentar esse distanciamento", admite Carlos Alberto Parreira, coordenador no Mundial de 2014.

O twitter brasileiro não deixa dúvida. O que interessa aos torcedores são os jogadores daqui. E seus clubes. Vale publicar a relação das equipes mais citadas, na pesquisa da FGV.

1º) Flamengo, 2.105.600.

2º) Vasco, 1.415.373.

3º) Fluminense, 1.125.480.

4º) Corinthians, 1.065.065.

5º) Internacional, 977.347.

6º) São Paulo, 955.894.

7º) Palmeiras, 923.077.

8º) Atlético Mineiro, 792.236.

9º) Grêmio, 715.564.

10º) Santos, 656.319.

11º) Cruzeiro, 607.555.

12º) Sport, 320,738.

13º) Coritiba, 148.482.

14º) Figueirense, 134.738.

15º) Atlético Paranaense, 134.070.

16º) Ponte Preta, 121.118.

17º) Chapecoense, 111.740.

18º) Avaí, 111.098.

19º) Goiás, 98.614.

20º) Joinville, 96.672.



A pesquisa foi divulgada tendo como foco o impacto de Ronaldinho Gaúcho. Mostrou o quanto o futebol brasileiro é carente. Aos 35 anos e muito longe do seu auge como jogador e atleta, o camisa 10 do Fluminense catalizou todas as atenções. O departamento de marketing do time carioca pode circular por empresas buscando patrocinadores, campanhas, dinheiro.

Mas por trás do objetivo comercial da pesquisa, há o descaso com a Seleção.

Não é por acaso que Del Nero, Dunga e Gilmar estão tensos.

Não há a menor identificação dos brasileiros.

Nem interesse com o time da CBF.

São apenas 18 jogos que valem a chance de atuar na Rússia.

Nove deles dentro do país.

As eliminatórias já começam em outubro.

São só três meses.

Mas não interesse, preocupação.

O que vale é falar do veterano Ronaldinho Gaúcho.

A situação vai de mal a pior...



Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 04 Aug 2015 11:06:57

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