segunda-feira, 31 de agosto de 2015

O sonhado ídolo da nova arena, da geração pós Parmalat. Seleção Olímpica. Garoto propaganda na busca de novos sócios-torcedores. O Palmeiras celebra, e capitaliza, o nascimento de Gabriel Jesus...

O sonhado ídolo da nova arena, da geração pós Parmalat. Seleção Olímpica. Garoto propaganda na busca de novos sócios-torcedores. O Palmeiras celebra, e capitaliza, o nascimento de Gabriel Jesus...




O departamento de marketing do Palmeiras está acelerado. O quer na campanha do Avanti, para angariar novos sócios torcedores. A fila de pedidos de exclusivas é imensa. O refrão "Glória, glória aleluia! Glória, glória, aleluia! Glória, glória, aleluia, é o Gabriel Jesus!" já é repetido por conselheiros importantes.
Eufórico, Paulo Nobre já dizia ontem a seus amigos, ao final da vitória contra Joinville. "O Palmeiras já tem seu ídolo da arena. É o que precisávamos." Foram 17 entradas em campo. Cinco gols. Mas, na verdade, bastaram duas partidas para o menino de 18 anos revolucionar o ambiente palmeirense. E romper totalmente o script previsto pelo próprio Paulo Nobre. O bilionário dirigente seria capaz de apostar um dos seus carros de luxo. O jogador que faria mais sucesso nesta nova fase seria Lucas Barrios. O argentino naturalizado paraguaio era a grande esperança de gols. Vivido, carismático, rodado. 30 anos, 12 equipes diferentes. Sabe como se portar diante dos jornalistas. Como tratar uma torcida. Foi capaz de mobilizar as organizadas do Colo Colo para exigir sua naturalização como chileno, para defender a seleção do país andino. Recusou. Dois anos depois aceitou o Paraguai. Mas ele chegou com problemas físicos, sem ritmo. Longe da sua melhor fase. Deve melhorar muito. Mas por enquanto seu futebol não anima.

O Palmeiras estava repetindo um velho erro. Não olhar de verdade para suas categorias de base. Lá havia um atacante rápido, habilidoso, corajoso para responder com dribles as ameaças de zagueiros adversários e muito sangue frio diante dos goleiros rivais. Não tinha o apelido de Fenômeno por acaso. Nobre sabia de suas convocações para a Seleção Brasileira sub-17, mas não se animava. O seu Palmeiras que havia imaginado não precisava de meninos. Ainda mais neste santo ano de 2015. A prioridade no planejamento feito por ele e Alexandre Mattos é a classificar a equipe, de qualquer maneira, para a Libertadores de 2016. No ano que vem, ele pretende buscar duas ou três peças importantes. Para dar muito mais força ao time. Disputar o torneio para ganhar. O dirigente ficou muito frustrado em 2013, quando o clube que estava na Segunda Divisão, competiu na Libertadores. E foi eliminado nas oitavas pelo Tijuana, no Pacaembu. Seu sonho é ganhar a Libertadores, depois de 17 anos. Mas para deixar o torcedor ainda mais entusiasmado e atrair mais patrocínios, Nobre rezava, desejava um ídolo. Alguém capaz de chamar a atenção da mídia, ser a cara do Palmeiras. E tudo está saindo melhor do que a encomenda. O último ídolo verdadeiro palmeirense foi Marcos. Goleiro campeão da Libertadores de 1999, pentacampeão com a Seleção em 2002. Jogador capaz de ser campeão do mundo em um ano e no outro estar pelo sertão brasileiro jogando a Série B. Marcos deve dar orgulho para qualquer torcedor do clube. Sua dedicação foi impressionante. Suas fabulosas defesas ficarão para sempre. Como no eterno pênalti que defendeu de Marcelinho Carioca e tirou o Corinthians da Libertadores de 2000. E tantas e tantas outras.

Mas nos últimos anos, Marcos protagonizou também derrotas inesquecíveis. Como o 7 a 2 diante do Vitória pela Copa do Brasil, 6 a 0 para o Coritiba no Brasileiro, a eliminação para o ASA, também na Copa do Brasil. Era uma outra realidade do clube. Entre a Parmalat e o novo estádio -- e o dinheiro de Paulo Nobre--, o Palmeiras foi muito instável. Montou ótimas e fraquíssimas equipes. Marcos traz mais a lembrança do ídolo se sacrificando do que comemorando. Agora, com Gabriel Jesus, a perspectiva é outra. Ter um garoto com enorme potencial, de apenas 18 anos, tão novo quanto a nova arena é uma oportunidade de ouro. Com o futebol brasileiro tão carente de ídolos, e com o nível técnico tão baixo do Brasileiro, o entusiasmo da imprensa com o jogador é mais do que compreensível. As comparações precipitadas já acontecem. A mais imediata, sem o mínimo de bom senso, não poderia ser outra. Neymar. "Neymar é só um. Ele é fora de série. Eu venho trabalhando e mostrando o meu futebol. Acho que não tem nenhuma comparação. Não tem como comparar com o Neymar."

Ele está mais do que certo. Não há mesmo. Por mais entusiasmados que estejam, os torcedores do Palmeiras sabem. Gabriel Jesus não é driblador, nem tão habilidoso quando atacante do Barcelona, capitão da Seleção. É uma tremenda bobagem, situação forçada para conseguir manchetes. Mas isso não anula o excelente potencial do palmeirense. Longe disso,. A confirmação de todo seu talento precoce vem da fonte mais confiável. Os próprios jogadores do Palestra Itália. No começo do ano, tive contato com três agentes que possuem atletas no clube. E eles era unânimes em afirmar que estava nascendo um novo jogador de Seleção Brasileira no Palmeiras. Os inúmeros contratados por Alexandre Mattos se espantavam com aquele menino ousado, vibrante, driblador, veloz, artilheiro. Não se intimidava com entradas fortes. Era diferenciado. Eles estranhavam a indecisão, o medo de Oswaldo de Oliveira em apostar de verdade no menino. Seu alto nível compensava a pouca idade.

Os empresários do menino se irritavam. E já pensavam na possibilidade de uma negociação. Seu preço não é fora da realidade dos clubes europeus: 30 milhões de euros. Em 2013, ganhava R$ 2,5 mil. Marcou 37 gols em 22 partidas no Campeonato Paulista de Juniores. Sua multa rescisória se tornou baixa: R$ 3 milhões. Era um risco assinar com outro clube. O São Paulo a assediou. Houve até a oferta de uma casa para os pais, em Alphaville, em Barueri. Bastaria não renovar com o Palmeiras e assinar um pré-contrato em julho deste ano. Os empresários trataram de avisar à diretoria palmeirense. Queriam uma parcela maior dos direitos de Gabriel para ele ficar. Sem saída, Nobre cedeu. Renovou o vínculo até 2019. Mas o Palmeiras ficou com apenas 30% dos direitos do jogador. O clube tinha 80%. Era isso ou o jogador não renovaria. Seus salários saltaram para R$ 15 mil até o final do ano. Em 2016, pularão para R$ 25 mil. R$ 35 mil em 2017. R$ 45 mil em 2018. R$ 60 mil em 2019. Sua multa rescisória saltou de R$ 3 milhões para 30 milhões de euros. Estes mesmos empresários decidiram que no profissional, Gabriel Fernando viraria Gabriel Jesus. Nome muito mais forte, marcante. A sorte foi que chegou Marcelo Oliveira. Acostumado a trabalhar com a base, ele viu que estava diante de um atleta com potencial diferente. E não tem medo de escalá-lo. Até mesmo o ex-titular, Rafael Marques, compreende a situação. "O Gabriel é um menino, mas é um grande jogador. Eu não vou reclamar se tiver de ficar na reserva. O importante é o Palmeiras seguir ganhando. Vou lutar pelo meu espaço. Mas reconheço o talento do Gabriel. E é ótimo companheiro. Muito querido pelo grupo." A diretoria palmeirense também comemora a postura do garoto fora dos gramados. Gabriel Jesus está fugindo do esterótipo narcisista. Nada de colares, anéis de ouro, tatuagens. Se mostra muito centrado, até tímido. Sabe do seu potencial, mas faz questão de destacar ser parte do grupo. Agora terá o maior teste. O Palmeiras quer expor o jogador. Apostar de todas as maneiras, transformar no ídolo que tanto a nova arena precisava. Sua imagem será divulgada em todos os jogos no telão. "Sua música" será cantada nas arquibancadas. Seu rosto estará na campanha de busca por novos sócios torcedores. Até na CBF, a moral é grande. Sua convocação para amistosos da Seleção Olímpica é certa. No vice campeonato sub-20, ele foi o jogador mais jovem. E considerado uma das maiores promessas. Na ansiedade por ídolos, quatro gols em duas partidas, de um garoto de 18 anos, em um time popular, seria motivo para frenesi da carente mídia esportiva brasileira. Mas desta vez parece haver motivo para entusiasmo. Gabriel Jesus tem potencial para se firmar como grande jogador. Precisará ter acompanhamento de perto de Marcelo Oliveira. Não é só festa. Tudo é muito mais delicado e tenso do que parece. A pressão, a cobrança, a responsabilidade serão enormes. Se transformar em um ídolo aos 18 anos não para qualquer um. O camisa 33 do Palmeiras está longe de ser qualquer um...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 31 Aug 2015 10:39:55

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