sábado, 29 de agosto de 2015

A bipolaridade de Tite custou ao Corinthians três eliminações no Itaquerão. R$ 22 milhões a menos nos cofres. E a distância maior do seu sonho: a Seleção Brasileira...

A bipolaridade de Tite custou ao Corinthians três eliminações no Itaquerão. R$ 22 milhões a menos nos cofres. E a distância maior do seu sonho: a Seleção Brasileira...




Foram três eliminações no Itaquerão. Em um intervalo de quatro meses. Com toda a torcida a favor. No ridículo formato do Campeonato Paulista, a semifinal era de apenas um partida. Empatou e perdeu para o Palmeiras nos pênaltis. Mas na Libertadores e na Copa do Brasil, não. O Corinthians caiu das duas competições nas oitavas de final. Da mesma maneira. Perdendo a primeira partida fora de casa. Pelo mesmo placar. 2 a 0. E, afetado psicologicamente, não só não conseguiu reverter a vantagem do Guaraní do Paraguai e do Santos. Mas foi derrotado dentro de sua arena. 1 a 0 e 2 a 1. Fosse qualquer outro treinador, sua cabeça estaria a prêmio. Menos ele. Campeão paulista, brasileiro, da Libertadores, Mundial, da Recopa. Acumula títulos da sua segunda passagem pelo clube. O clube não quis sua renovação. Tirou um ano sabático, estudando pela Europa e esperando a Seleção Brasileira. O convite não veio. Aceitou o retorno para sua terceira passagem pelo Parque São Jorge. O clube perdeu jogadores importantes ao time como Guerrero, Emerson, Fábio Santos. O treinador fez várias mudanças em pleno Brasileiro. No início acreditou que seria difícil. Até chegou a abrir mão do torneio. Mas o nível técnico baixo dos adversário ajudou. E conseguiu levar sua equipe para a liderança absoluta. Roberto de Andrade e Andrés Sanchez, os homens que mandam no Corinthians, não sabem se o cobram ou congratulam. A bipolaridade de Tite afeta diretoria, elenco, torcida. Há muita gente importante que não se conforma da maneira que o treinador colocou o seu bem montado time para jogar. Tanto no Paraguai, em maio, como na Vila Belmiro, na semana passada, foi a mesma situação. Tite colocou o Corinthians de uma maneira covarde taticamente. Completamente recuado. Sonhando apenas com contragolpes.

Alguns defensores ferrenhos que têm no Parque São Jorge dizem que o técnico teve influência de José Mourinho. Levou a ferro e fogo o que ouviu sobre "colocar um ônibus" na frente do gol, quando o português quer empatar ou segurar qualquer vantagem. Aliás, também há quem veja a sua influência de Mourinho no seu retorno ao Corinthians. Fez como o badalado treinador, retornando ao clube em que foi mais feliz, o Chelsea. Só que Tite precisa acordar. Colocar duas linhas de quatro jogadores, chapadas, grudadas, como se fossem barreiras de handebol é uma estratégia manjada. Desgastada. A falta de ambição em jogos importantes na casa do adversário é o ponto principal de críticas a Mourinho. Foi assim quando teve a ousadia de colocar o Real Madrid e seus galácticos para defender. A covardia não resultou na conquista do torneio que realmente importa aos grandes treinadores europeus: a Champions League. A última conquista do troféu "orelhudo" já tem cinco anos. Ganhou duas vezes. A primeira com o Porto em 2004 e venceu com a Inter de Milão, em 2010. Desde então tem vencido torneios nacionais. Mas sua maneira de montar times está sendo cada vez mais criticada.

Tite fez o Corinthians espetacular no início do ano. Na Libertadores e no Paulista. Sua equipe atuava no 4-1-4-1. Com movimentação constante dos meias e volantes. Daí virar as costas a Ralf. Apenas o poder de marcação deixou de valer a pena. As triangulações pelas laterais. A compactação do time. A intensidade do jogo. O apetite por vitórias e gols impressionaram. Mas veio a fase do mata-mata na Libertadores. E logo no primeiro adversário, que foi comemorado por um despreparado diretor, veio a eliminação. O Guaraní do Paraguai deitou e rolou quando viu o Corinthians preso atrás. As tais duas linhas de marcação. Recuadas demais. Uma sobre a linha da grande área. E a outra na intermediária. Os meias e volantes distantes do ataque, sem a possibilidade de organizar contragolpes efetivos. Elias ficou amarrado atrás. Luciano e Guerrero só tocavam na bola em chutões de Cássio. Os paraguaios tinham uma equipe competitiva. Mas foi o Corinthians quem se sabotou. 2 a 0 foi o castigo. No Itaquerão, sua equipe tentou durante o jogo sufocar o adversário. Marcar forte. Mas a firmeza dos paraguaios, com suas duas linhas de quatro, uma na sua intermediária e outra no meio de campo, como tem de ser, travou o time paulista. Tite não utilizou as laterais para abrir o adversário. Seus jogadores estavam ansiosos, nervosos, não sabiam o que fazer dominados taticamente. Jadson e Fábio Santos conseguiram ser expulsos. E derrota por 1 a 0.

O treinador disse que "não houve ostentação", disse que a equipe estava em formação, sem o entrosamento necessário, e acabou de forma lastimável a chance de nova conquista da Libertadores. Parecia uma lição dura demais. E que deixaria marcas, como cicatrizes. Mas veio a Copa do Brasil, o confronto contra o Santos. O time da Vila Belmiro ameaçado pelo rebaixamento no Brasileiro, trouxe Dorival Júnior de volta. O favorito era o líder do Campeonato Nacional. E não há como aceitar a desculpa que o Corinthians não priorizava a competição. Foi para o litoral com todos seus titulares. Mas não adiantaria dar o Barcelona para Tite se ele o organizasse novamente com duas linhas de marcação grudadas em Cássio. O Santos teve todo o domínio das intermediária. Espaço vazio para Lucas Lima desfilar seu ótimo futebol. O time de Dorival se impôs de maneira absoluta. O Corinthians recuado queria travar a velocidade dos meio campistas e atacantes santistas. Nem assim. Não conseguiu jogar, atacar. E nem marcar. Derrota justa por 2 a 0. O castigo pela insistência na covardia tática. A mesma do Paraguai. Depois, a incoerência veio à tona. Tite discursou que tentaria de qualquer maneira reverter a vantagem santista. Mas no Itaquerão poupou Elias, Fágner. Além de não arriscar Jadson. Resultado. O time sem peças importantes tentou abafar o Santos. Abriu espaço atrás, de maneira ingênua. Principalmente pela direita, com Edílson, sem ritmo, lento. O jogador nunca deveria ter sido escalado.

Outro erro foi toda a liberdade dada a Lucas Lima. Outra vez, ele se impôs no esvaziado meio de campo corintiano. De novo os jogadores de Tite estavam nervosos, ansiosos e surpresos pela ótima organização tática adversária. Derrota novamente por 2 a 1. O coordenador da Seleção Brasileira, Gilmar Rinaldi, me deu uma longa exclusiva. E falou que discutiu cinco nomes antes de optar por Dunga no lugar de Felipão. Além do escolhido, foram comentados Muricy, Marcelo Oliveira, Abel Braga e Tite. A ligação do treinador corintiano com Andrés Sanchez, inimigo de Marco Polo del Nero, pesou. Por isso, Adenor Leonardo Bacchi precisa acabar com sua bipolaridade. Essa covardia tática, influenciada por José Mourinho, precisa acabar nos mata-matas. Ele observou como Guardiola, Ancelotti, Klopp e Luis Enrique montam suas equipes. É preciso coragem quando o jogo é fora da zona de conforto, no seu estádio. Se defender apenas, sonhar com 0 a 0, sem ter sequer a ambição de contragolpes bem organizados em velocidade, é inadmissível. Insuportável para um treinador que sonha com a Seleção. Mesmo para o Corinthians. Embora líder do Brasileiro há um grande descontentamento. Aquela velha conta de quanto o clube poderia faturar, se chegasse à final do Paulista, da Libertadores e da Copa do Brasil, foi feita. No torneio estadual, apenas mais jogo. Nas duas competições restariam quartas, semifinal e pelo menos um jogo da decisão. Sete partidas importantíssimas a menos no Itaquerão lotado. O clube deixou de arrecadar pelo menos R$ 22 milhões. É dinheiro demais. Tite precisa acordar para a vida. Ele é muito observado. Tem muita mídia. Comanda o clube mais popular do estado mais rico da União. É o predileto em São Paulo da TV Globo. O que recebe mais, mais mostrado aos domingos e quartas-feiras. Tanta publicidade tem o lado muito bom quando o time ganha. Mas quando perde abre espaço para muitos questionamentos. Principalmente sobre a bipolaridade de Tite. A covardia tática na casa do adversário custou duas eliminações de torneios importantes. Decepcionou a torcida. Deu prejuízo ao clube, tão necessitado financeiramente. Mesmo uma conquista de Brasileiro não disfarçará as decepções. E vale a pergunta que seus fãs mais ardorosos fazem. Tite está pronto para comandar a Seleção? Não parece...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 29 Aug 2015 13:33:11

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