quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Os motivos que fizeram a torcida do Palmeiras comemorar o tombo de um avô de 63 anos. Como o amor, a admiração viraram desprezo. Nunca mais o egocêntrico Luxemburgo comandará o time do Palestra Itália...

Os motivos que fizeram a torcida do Palmeiras comemorar o tombo de um avô de 63 anos. Como o amor, a admiração viraram desprezo. Nunca mais o egocêntrico Luxemburgo comandará o time do Palestra Itália...




Eram cinco minutos do primeiro tempo. Quem passasse por fora da nova arena na Água Branca teria certeza. Pela vibração dos torcedores, o Palmeiras havia acabado de marcar um gol. Mas não era nada disso. A alegria era ver Dudu não conseguir conter sua correria e jogar ao chão Vanderlei Luxemburgo. Por que esse sadismo dos torcedores? Ao ver até pelo telão um treinador ultrapassado, decadente, um avô de 63 anos rolando no chão, com suspeita de fratura no mindinho da mão esquerda? A relação dos palmeirenses com Luxemburgo foi de muito amor, admiração, fanatismo. Passou a enorme desilusão, ódio. E no reencontro anos depois foi frio, indiferente. Foi expurgado do Palestra Itália com a promessa de quatro ex-presidentes do clube que nunca mais comandaria o clube verde. Carlos Bernardo Facchina Nunes, Mustafá Contursi, Afonso Della Monica e Luiz Gonzaga Belluzzo. De ideologias tão diferentes, unidos apenas pela rejeição total a Vanderlei. José Carlos Brunoro tentou de todas as maneiras impor o treinador a Paulo Nobre. O dirigente chegou até a conversar com Vanderlei. Ficou muito mal impressionado. Mas sentiu que o ambiente político palmeirense implodiria se o contratasse. Brunoro é amigo íntimo e foi professor no falido Instituto Wanderley Luxemburgo. (Recomendo a leitura da excelente matéria feita pela revista Placar em 2011, que mostrou as entranhas do "pojeto", desculpe, do projeto. Aqui, o link http://placar.abril.com.br/materia/o-fiasco-do-professor/. Vale a pena!) "Dei um título que não ganhavam há 16 anos. Depois, dei um título que não ganhavam há 12 anos. "A única coisa que a gente fica assim é que, infelizmente, no futebol, a memória não existe. Até falei sobre isso quando houve a discussão se o Marcelo deveria ser aplaudido lá (no Mineirão). Eu fui hostilizado pela torcida Mancha Verde.

"E olha que fiz um trabalho brilhante aqui no Palmeiras. Tudo que fiz ficou esquecido num jogo de futebol. os caras acham engraçado eu quebrar meu dedo. Foi um acidente de futebol. Isso é muito fora de contexto." As declarações de Vanderlei após a derrota de ontem do Cruzeiro resumem quem ele é. E o tornam tão rejeitado no Palestra Itália. Na sua análise foi ele quem "deu" os títulos Paulista e Brasileiro de 1993. Se passaram 22 anos, mas há muitas pessoas que acompanharam de perto aquelas conquistas. E viram que não foi só ele quem "deu" essas conquistas. Basta analisar os jogadores que o dinheiro da Parmalat contratou. Sérgio, Mazinho, Antônio Carlos, Tonhão e Roberto Carlos; César Sampaio, Daniel Frasson, Edílson e Zinho; Edmundo e Evair conquistaram o Paulista. Sérgio, Gil Baiano, Antônio Carlos, Cléber e Roberto Carlos; César Sampaio, Mazinho, Edílson e Zinho; Edmundo e Evair venceram o Brasileiro.

Os caríssimos atletas oferecidos pela multinacional italiana eram, na sua maioria, excelentes. Tanto que fizeram, por anos, parte da Seleção Brasileira. Mas esse é um detalha que deve ser esquecido na análise do técnico. Afinal, foi Luxemburgo quem "deu" os títulos ao clube. Mesmo com esses times poderosos, e mais reforços, o treinador não "deu" a Libertadores. Por que será? Ele não foi hostilizado ontem no estádio apenas pela Mancha Verde. Mas pela esmagadora maioria dos palmeirenses que estava no jogo. Ao contrário do que ele diz, torcedor tem sim muita memória. Luxemburgo tem toda influência no primeiro rebaixamento do Palmeiras. O de 2002. Com a palavra, Mustafá Contursi. "O Vanderlei resolveu reformular todo o elenco para disputar aquele Brasileiro. Mandou embora mais de meio time. Me disse que tinha um plano para fazer a equipe campeã. Eu acreditei. E fiz exatamente o que ele pediu. Só que logo depois da dispensa e o campeonato estava começando, ele foi embora para o Cruzeiro. "Teve uma proposta salarial melhor. E virou as costas para o Palmeiras. O choque foi muito grande. Fizemos de tudo, mas não conseguimos nos salvar. O elenco havia sido montado, peça por peça, pelo Vanderlei. Só ele sabia o que iria fazer. O treinadores que vieram depois, não tinha ideia do que fazer. E veio o rebaixamento." Mustafá Contursi tem um rancor que domina a sua alma ao falar de Vanderlei. Tive acesso aos números na boca do próprio Luxemburgo, quando cobria o Palmeiras pelo Jornal da Tarde. O treinador estava por baixo, sem ofertas, depois de ter enfrentado a CPI do Futebol, em 2000. Perdeu o comando da Seleção, ficou provado que ele diminuíra a idade em três anos durante toda a carreira de jogador. Se defendeu de inúmeras acusações de sonegação de impostos.

Mustafá ofereceu R$ 100 mil. O treinador concordou. Mas não sabia que o presidente iria descontar R$ 27 mil de imposto de renda. "Eu não sou técnico de R$ 73 mil por mês", desabafou. Queria aumento. Foi quando Zezé Perrella ofereceu R$ 200 mil, sem descontos. E lá se foi Luxemburgo para o Cruzeiro. Sem olhar para trás. Em Belo Horizonte fez um trabalho fabuloso. O último marcante. Em 2003. O inesquecível time, campeão brasileiro invicto. Gomes, Maurinho, Cris, Edu Dracena e Leandro; Felipe Melo, Maldonado, Zinho e Alex; Aristizábal e Mota. Foi a melhor temporada de Alex na carreira, excepcional. Luxemburgo ganhou outro Brasileiro pelo Santos, passou pelo Real Madrid. E nunca mais foi o mesmo treinador. Cercado por pessoas que inflaram o seu ego. Noitadas de pôquer, sites de vinho, tudo tirava o foco do campo. Nunca chegou sequer a uma final de Libertadores, sua maior obsessão. Nem voltou à Seleção como garantia que voltaria há 15 anos. "Nem se ele for o último treinador da face da Terra. No Palmeiras ele não volta mais. Deixou de ser técnico há muito tempo. Quer ser manager. Pensar em contratação e venda de jogador. Não tem mais interesse em orientar taticamente as equipes. Deixa na mão de auxiliares. Perdeu a energia. Por isso os resultados não vêem mais. Fora toda a confusão que apronta. Ele pensa que manda mais que o presidente. Por isso o mandei embora do Palmeiras. E ele não volta", me garantiu Belluzzo nos bastidores de um programa de televisão. Foi lastimável a comemoração por um avô de 63 anos ser atirado ao solo. Um técnico que foi mandado embora dos últimos sete clubes. Mas por trás daquela festa havia muito rancor da torcida palmeirense presente no estádio. Vanderlei Luxemburgo fez história no Palmeiras. Nas conquistas, no fim do jejum. Mas também no histórico rebaixamento de 2002. Na frustração da Libertadores de 2009. Se tornou a única pessoa a conseguir fazer com que Facchina, Mustafá, Della Monica e Belluzzo tenham algo em comum na vida. A aversão ao seu nome. Por isso, Arnaldo Tirone e Paulo Nobre viraram as costas. Não o quiseram nem de graça no Palmeiras. Havia muita coisa por trás da comemoração do tombo deste senhor. E uma certeza. Vanderlei Luxemburgo da Silva é nome riscado no Palmeiras...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 20 Aug 2015 11:49:35

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