segunda-feira, 10 de agosto de 2015

O que há em comum na humilhante derrota do Inter para o Mazembe e no 5 a 0 diante do Grêmio? O presidente Vitorio Piffero. O dirigente que está entre o convalescente Muricy e o desprezado Mano...

O que há em comum na humilhante derrota do Inter para o Mazembe e no 5 a 0 diante do Grêmio? O presidente Vitorio Piffero. O dirigente que está entre o convalescente Muricy e o desprezado Mano...



A foto acima ficará para a história. Os jogadores do Grêmio com os cinco dedos da mão esticados. Cada dedo representa um gol na goleada por 5 a 0 diante do grande rival histórico, o Internacional. O grande ausente na imagem cheia de galhofa era Vittorio Piffero. Ele foi o responsável por toda a alegria gremista neste domingo. Ao demitir Diego Aguirre a três dias do Grenal, o presidente do Internacional implodiu seu próprio clube. Acabou com a confiança dos jogadores. Deixou o ambiente insuportável. Jogou o time no colo do auxiliar Odair Hellmann. Inexperiente, inseguro, fez todos os seus treinamentos fechados, longe da imprensa. Estava preparando o tal "fato novo" que Piffero queria com a demissão de Aguirre. Piffero mostrou o quanto pode ser amador o presidente de um dos clubes mais poderosos do país. Bicampeão da Libertadores, campeão mundial. Tudo começou ainda no ano passado, quando foi eleito presidente. Disse que não queria técnicos estrangeiros. Sua prioridade era Tite. O dirigente acreditou que oferecendo mais dinheiro, o teria como comandante do Inter. Errou feio. O treinador escolheu o Corinthians. Depois, a tentativa por Mano Menezes, que também recusou. Ele sabia que o próprio dirigente havia dito que ele não era técnico para o Inter. Vanderlei Luxemburgo preferiu seguir no Flamengo. Mandou sondar Muricy Ramalho. Estava adoentado, precisando ser operado de diverticulite. Tentaria seguir no São Paulo. Só então, tentou segurar o treinador que já era do clube, Abel Braga. O presidente ouviu um não magoado, rancoroso. A saída foi fingir esquecer o que havia dito. Adeus credibilidade. Embarcou para Montevidéu. Diego Aguirre não pensou suas vezes em trocar o Peñarol. Os dirigentes uruguaios ficaram revoltados. Mas Aguirre decidira treinar o time gaúcho, onde já havia até jogado.

Ao contrário do que faz Osório no São Paulo, Aguirre tentou impor seus conceitos. Sem levar em conta a tradição no futebol do país. O revezamento foi aplaudido de pé enquanto deu certo. A conquista do Campeonato Gaúcho foi a cortina de fumaça. Ninguém levou a sério a decadência de Felipão e a vontade escondida que ele tinha de ir embora na primeira oportunidade. Desde que o dinheiro fosse bom. Assim foi para a China. E o Internacional de Aguirre seguiu na Libertadores. Revezando partidas boas em casa e sofridas fora. O time mostrava falhas. Principalmente na marcação. Os atacantes tinham nome, fama. Mas mostravam desgaste e pouca intensidade. Mesmo assim, chegaram à semifinal da Libertadores. A paralisação para a disputa da Copa América foi veneno para o Inter. E também para a relação entre Aguirre, jogadores e dirigentes. Não havia mais a mesma harmonia. Crescia a preocupação pela péssima campanha no Brasileiro. Os atletas estavam irritados e inseguros com o revezamento sem lógica do técnico. Muitas vezes ele poupava quem não precisava. Em outras desgastava ainda mais quem já estava cansado.

Houve erros. E na semifinal, o Tigres conseguiu ser bem melhor e ficou com a vaga para a final da Libertadores. Com justiça. Se Piffero fosse usar a lógica do futebol brasileiro, Aguirre seria demitido no dia 24 de julho. Mas ele garantiu que seguiria com o técnico. Elogiou o fato de o time ter chegado entre os quatro melhores do Continente. E iria dar força ao treinador para lutar pelo título Brasileiro. Pela Copa do Brasil. Só que na quinta-feira, dia 6 de agosto, o presidente do Inter, se desmente outra vez. Faltando três dias para o Grenal. Disse que precisava "criar um fato novo" para os jogadores. Mandou embora o uruguaio. Por que não o mandou antes, assim que acabou para o clube a Libertadores? Por que garantiu a todos, inclusive ao time que o técnico continuaria? Sabotou a confiança dos surpresos atletas. E facilitou o trabalho de Roger e seu competitivo Grêmio. 5 a 0 foi até pouco. O malemolente Douglas cobrou para fora um pênalti, por exemplo. "Nem sempre acerto", respondeu Piffero, enquanto Diego Aguirre tinha todos os motivos para dançar hula hula vendo os cinco gols gremistas. O presidente colorado deixa claro o quanto improvisou na demissão do técnico. Ele nunca teve outro profissional contatado. Acreditou que o assustado auxiliar poderia revolucionar o futebol do Internacional. Um absurdo pago com a humilhação. Agora os seus dirigentes estão telefonando desesperados. Querem um treinador "sanguíneo". Alguém com muita energia para reverter o quadro. Chacoalhar os jogadores. Peitar a imprensa gaúcha, tão chata e cruel quanto a paulista. Quem é o escolhido? Muricy Ramalho.

O treinador retirou sua vesícula no dia 16 de abril. Suportou mais de um ano dores, incômodos. Pensou muito em abandonar a profissão. Ouviu do presidente Carlos Miguel Aidar que ele seria seu treinador até o final do mandato em 2017. Mas sabia que, depois da operação, não seria bem-vindo ao Morumbi. Era "homem de Juvenal Juvêncio". As dores e o fraco desempenho do time fizeram Aidar decidir pela demissão. Para ficar bem com a torcida do São Paulo, que ama o técnico, foi divulgado um "acordo". Logo depois de uma vexatória derrota para o Botafogo de Ribeirão Preto. Milton Cruz assumiu a equipe. Inclusive na Libertadores. A retirada da vesícula aconteceu. Muricy e sua família decidiram que não trabalharia até 2016. Os médicos adoraram a decisão. Até porque o treinador estava completamente estressado. E nove meses de descanso seriam perfeitos. É esse o homem que Piffero escolheu. Ele quer acabar com o período de convalescença de Muricy. Que ele assuma o Internacional, logo depois de uma goleada de 5 a 0 para o Grêmio. Com o clube na 12ª colocação no Brasileiro. E comece os mata-matas da Copa do Brasil. É inacreditável. A outra opção é Mano Menezes. O treinador que, antes de escolher Aguirre, Piffero disse abertamente. "Mano não é técnico para o Internacional." Não era no final de dezembro do ano passado. E oito meses depois passou a ser? A falta de rumo do atual presidente do Internacional é impressionante. "Planejamento é quando tu ganha. Na realidade, tem que ganhar e ver onde está errado. A decisão foi correta e, talvez, o momento não tenha sido o correto de trocar a comissão técnica. É minha responsabilidade. Eu assumo a responsabilidade e tomo as decisões. Não quer dizer que vou acertar sempre. Desta vez errei. Mas a hora é de ver quem é homem." Piffero sabe dar desculpas. Aqui tem outra que está registrada na história.

"Só perde um jogo dessa importância quem se habilitou a ele. A história do Inter é feita de muitas conquistas e algumas derrotas. Essa vai nos fazer sofrer um pouco, mas ano que vem tem nova Libertadores e reascende a esperança de estarmos no Mundial." Não, não estava falando sobre o 5 a 0 do Grêmio. Mas da vitória do Mazembe por 2 a 0 contra o Internacional em 2010, na disputa do Mundial de Clubes. Ele também era o presidente do clube. E assumiu o péssimo planejamento, quando escolheu Celso Roth para dirigir a equipe. Ou seja, a falta de convicção de Piffero na escolha de treinadores do Internacional não é recente. Por isso não deveria haver tanto espanto no Beira Rio. O 5 a 0 para o Grêmio foi apenas outro erro do presidente. Mas ele pode fracassar. Ninguém tem poder para contestá-lo. Resta apenas esperar pelo próximo equívoco. A perspectiva não é boa. Um treinador convalescente. Ou um técnico que foi desprezado. Até agora, suas opções são estimulantes.

Para a metade gremista do Rio Grande do Sul...



Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 10 Aug 2015 10:45:38

Nenhum comentário:

Postar um comentário