domingo, 2 de agosto de 2015

Walter e esquema escocês do Atlético Paranaense derrubam o eufórico Palmeiras. Calam a arena lotada. Obrigam Marcelo Oliveira admitir: seu time não está pronto...

Walter e esquema escocês do Atlético Paranaense derrubam o eufórico Palmeiras. Calam a arena lotada. Obrigam Marcelo Oliveira admitir: seu time não está pronto...




A festa estava preparada. Os convidados empolgados. Pararam o trânsito da Pompeia, Água Branca. A zona Oeste de São Paulo começou o domingo caótica. Porém empolgada. Mais de 35 mil pessoas vestidas de verde. A sensação que esta manhã de domingo ensolarada de domingo seria diferente. A excitação de um jogo de futebol com vitória garantida estava no ar. Bastaria cumprir o script e o Palmeiras assumiria a terceira colocação. Ficaria a quatro pontos do líder Atlético Mineiro. Mas havia um estraga prazer. O jogador que estragaria a festa de inúmeras famílias que lotaram a arena moderna, que dá tanto orgulho à colônia italiana paulista. A barriga proeminente esticava a camisa 18 do Atlético Paranaense. Como um dia já acabou com a estética das do Internacional, Porto, Cruzeiro, Goiás, Fluminense. Aos 26 anos, Walter é um desperdício. Tem ótima técnica, visão de jogo e oportuno posicionamento na área. Costuma ser desprezado pelos adversários por seu peso, sua péssima forma física. Inadmissível para um atleta profissional de elite. Ele tem 1m78. O ideal seria que a balança apontasse 78 quilos no máximo. Mas ele já chegou a atuar com 96 quilos. Os clubes que o contratam sabem que não há como controlar o pernambucano que cresceu na miséria. E não consegue se livrar de vícios como bolacha recheada, sanduíches, refrigerantes. Não adianta centros de fisiologias e CT que servem de referência, como os do Atlético Paranaense. O sobrepeso afeta articulações e as contusões viraram parceiras.

De personalidade forte, ninguém o controla quando sai do clube. E bota todo o treinamento a perder não respeitando a dieta que deveria seguir. São anos e anos que ele sabota a própria carreira. Walter já foi cobiçado pelo Palmeiras, Santos, Corinthians, Grêmio, Flamengo, Atlético Mineiro. Mas sua tendência a obesidade fizeram os dirigentes desistir. O Atlético Paranaense que já acreditou em Adriano, resolveu dar uma chance a Walter, com problemas com o Fluminense. Não só por peso. Mas para receber o que antiga patrocinadora, Unimed lhe devia. A transferência foi facilitada. Ele não deveria sequer viajar para São Paulo. Estava se recuperando de uma lesão na coxa esquerda. Mais uma contusão muscular. O sobrepeso segue vilão. Mas à última hora, o técnico Milton Mendes decidiu trazê-lo para deixar na reserva contra o Palmeiras. Marcelo Oliveira não estava preocupado com o que ocorria nas balanças de Curitiba. Ele pretendia confirmar a sequência de excelentes resultados do Palmeiras. Sabia que teria um grande desafio. Confirmar o otimismo dos torcedores, a euforia de parte da imprensa. Ele não podia nem alegar publicamente que o time está longe de estar pronto. E sujeito a tropeços, como qualquer equipe em formação. Ele, não. Como atual bicampeão nacional, o jogo de hoje às 11 horas, deveria ser apenas a confirmação daquilo que todos palmeirenses esperavam. A contínua subida para a briga por um título que há 22 anos o clube não conquista. O Palmeiras não perdia há oito partidas. E com Marcelo Oliveira nunca havia sido derrotado na nova arena. Mas os paranaenses não fazem ótima campanha por acaso. Milton Mendes, com formação de treinador na Europa, é um adepto de blazer e do feio futebol escocês. As equipes daquele país do Reino Unido resolvem seu limitado poder financeiro e técnico de uma maneira criativa. Com sacrifício físico dos seus jogadores.

Grande poder de recomposição. Futebol compacto. Sem dar centímetros para os seus adversários. Levar ao pé da letra a expressão brigar pela bola. Ainda mais fora de casa. E contra um time favorito e com a obrigação de vencer. A entrega tem sido ainda maior. O meio de campo palmeirense não esperava tamanha dificuldade. Não havia oxigênio, tamanho a marcação. Marcelo Oliveira errou. Seu famigerado 4-2-3-1 foi insuficiente. Apenas Gabriel e Arouca não tiveram como enfrentar quatro, cinco adversários nas intermediárias. Ficaria ainda mais difícil, quando Gabriel torceu o joelho aos 31 minutos e entrou Andrei Girotto. A colaboração de Robinho foi mínima, preguiçosa. Lucas e Egídio também estavam muito bem vigiados. Desde o início da partida estava claro que o plano escocês/paranaense estava dando certo. A afobação logo tomava conta dos jogadores do Palmeiras. Eles estava decepcionando o estádio repleto. Começaram a fazer o pior. Diante da ineficiência do seu meio de campo e laterais, começou a dar chutões para a frente. O que facilitava ainda mais o trabalho da defesa rival. Rafael Marques, Dudu e Leandro Pereira estavam imprensados pelas linhas de marcação atleticana. Os torcedores começaram a perder paciência. Parecia preguiça do Palmeiras. Mas, na verdade, era o sistema tático adversário que travava o time da casa. No intervalo, com dores, Rafael Marques nem voltou. Kelvin estava no time. O Atlético também se mostrou frio ao ter a posse de bola. Tocava com lentidão para diminuir o ímpeto do rival. Aumentar apenas sua ansiedade. Do lado tático, o planejamento do time paranaense foi excelente. De nada adiantava a posse de bola palmeirense. 64% contra 36%. Era com ter uma Ferrari F599 em Paris e não saber para onde ir. A sensação de frustração dominou a torcida. Acabou com sua impaciência. O bom humor do domingo ensolarado era coisa do passado. As vaias e os palavrões para o time lembravam o velho Palmeiras do ultrapassado Parque Antártica. O argentino naturalizado argentino Lucas Barrios já estava no time. Mas a bola não chegava aos pés do artilheiro. Apesar das 24 contratações, o time precisa de um meia talentoso para momentos assim. Mas comprometido com o clube, não alguém irresponsável e egocêntrico como Valdivia. Tudo estava ruim para os paulistas. Mas ainda tinha Walter. O obeso jogador do Atlético Paranaense saiu do banco aos 15 minutos do segundo tempo. Entrou no lugar de Crysan. Seu fôlego era para 30 minutos e olhe lá. Alguns torcedores palmeirenses ridicularizaram sua forma física. Iriam se arrepender muito rápido. Um mero escanteio calaria a nova arena. Na bola pelo alto, Lucas errou a cabeçada. A bola escolheu, caprichosa, Walter. Livre, diante de Fernando Prass. Com o sangue frio de grandes artilheiros, marcou o gol. Eram 31 minutos do segundo tempo.

O que havia de mínima consciência tática palmeirense acabou de vez. E os "escoceses" do Paraná conseguiram manter a vitória importantíssima. Chegaram a 28 pontos e estão no G4. O milionário Palmeiras tem a mesma pontuação mas perde a colocação no número de vitórias. O resultado não é um desastre para o Palmeiras. Mas Marcelo Oliveira terá de trabalhar ainda mais. O Palmeiras está em formação. Tem ótima postura quando é atacado. Sabe contragolpear. Mas quando precisa ter a iniciativa da partida, o sofrimento é grande. Sem um meia diferenciado, há a necessidade de muita movimentação dos seus jogadores no meio de campo. Toques de primeira. Triangulações pelas laterais. Isso leva tempo. Não é fácil. Isso ainda não acontece. A melhor definição sobre o que aconteceu foi do sincero Robinho. "Podíamos ficar até amanhã jogando que o gol não ia sair. Não conseguimos jogar." Os cofres palmeirenses ficaram mais recheados. Foram R$ 3,2 milhões de arrecadação. Com 38.794 pagantes. Recorde no Brasileiro. A venda foi completa pela Internet. Motivo de muita alegria, neste momento de profunda recessão que o país vive. Mas há motivos de preocupação. E muito trabalho para Marcelo Oliveira. Só que há potencial para a reação. A busca pela vaga na Libertadores de 2016, objetivo maior. O título ainda é outra etapa. Do lado paranaense, a confirmação do trabalho competente, no limite, de Milton Mendes. A arena da Baixada precisa ser o cúmplice ideal na luta também pela Libertadores do próximo ano. Título é sonhar alto demais. A lamentar só o eterno desperdício chamado Walter. Tanto talento que a obesidade e a teimosia atrapalham uma carreira que poderia ser brilhante. Mesmo assim, hoje ele calou, com gosto, a lotada arena palmeirense...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 02 Aug 2015 15:11:08

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