sábado, 22 de agosto de 2015

Tentativa de homicídio a um jogador do Juventude. Ameaças de morte a Emerson Sheik. Mesmo assim, o diretor de marketing do Corinthians comemora ironias no telão contra o Inter e Ponte Preta. Brinca com fogo...

Tentativa de homicídio a um jogador do Juventude. Ameaças de morte a Emerson Sheik. Mesmo assim, o diretor de marketing do Corinthians comemora ironias no telão contra o Inter e Ponte Preta. Brinca com fogo...




Eram 22 minutos do segundo tempo no estádio Centenário de Caxias do Sul. Domingo, 9 de agosto. Dia do maior clássico da cidade, o Caju. Caxias contra Juventude. Pelo Campeonato Brasileiro da Terceira Divisão, a Série C. Maílson do Juventude é substituído por Erik. Na saída de campo é vaiado, xingado, provocado pela torcida do Caxias. O atacante havia defendido o rival, mas foi dispensado pelos dirigentes. Ele não teve dúvidas. Ao passar perto dos torcedores devolveu a provocação. Além de mandá-los "calar a boca", foi além. Imitou uma galinha. O gesto é considerado ofensa à honra para quem torce para o Caxias. Mailson foi xingado, amaldiçoado nas arquibancadas. Nas redes sociais, o ódio explodiu. Palavrões, ofensas de todos os tipos. E ameaças de morte no WhatsApp do jogador. Ele não levou a sério. Seguiu até ironizando a situação. Até a noite da quinta-feira. Em um restaurante, acompanhado por seu colega Jô, Mailson se sentiu observado por três homens desconhecidos. Mas não tomou qualquer atitude. Depois que os atletas comeram, saíram. A partir de agora, o relato de Maílson ao jornal Zero Hora. "A gente tinha ido jantar, tinha ido comer um sushi no centro, e tinha uns três caras suspeitos na porta do restaurante na saída. Meio estranho, mas não demos bola. Aí, decidimos ir no Bar do Luizinho. No caminho, passamos por algumas avenidas e chegamos numa rua escura. "Nessa rua escura, um Uno se aproximou da gente e um cara deu o tiro. Deu o estouro no vidro. Quando a gente olhou, o cara já estava recolhendo a arma, aí meio que perdemos o controle do carro e eles fugiram e o carros se distanciou da gente. Nós fugimos também e fomos para a delegacia. Graças a Deus não acertou nós, não, porque a gente estava com os bancos baixos, inclinados. Se os bancos estivessem na posição normal, a gente estava morto agora." O tiro estilhaçou os vidros da frente do Focus preto do jogador. E, por sorte, ninguém foi atingido. "Quando se trata de paixão, como é o caso do futebol, nós temos de tomar um pouco de cautela", censura o delegado Rodrigo Duarte que investiga o caso. Maílson pede desesperado para ser vendido pelo Juventude. Não quer seguir vivendo em Caxias do Sul. Jô também tem muito medo. Os dois não quiseram ficar na cidade.

"Ficamos perplexos. Não esperávamos nunca uma atitude dessas e agora o caso está entregue às autoridades policiais. Deixamos que eles verifiquem o que aconteceu. Não tem muito o que comentar nesse momento. Os atletas pediram para viajar com a gente e eles estão dispostos a participar do jogo", diz o presidente do Juventude, Raimundo Demore. O ex-jogador do Palmeiras, Antônio Carlos, é o novo técnico do Juventude. E não sabe se escala a dupla, principalmente Mailson, para o confronto com o Guarani. O que aconteceu com Mailson mostrou a que ponto não está o futebol. Mas a sociedade brasileira. Com pessoas decidindo resolver a bala provocação. Não de torcedores adversários. De jogadores rivais. Um precedente perigosíssimo foi quebrado em Caxias do Sul. Emerson Sheik sentiu na pele o resultado de provocar um time rival. O atacante do Flamengo foi ironizado por Eurico Miranda. E decidiu contragolpear. Postou foto sua com uma marreta derrubando uma parede.

"Cuidado! A casa está caindo! Eu tenho apenas cinco anos de Brasil e não 116 anos. Fiz algumas coisas interessantes. Ganhei carioca, paulista, três Brasileiros, Recopa Sul-Americana, Libertadores, Mundial... Esse último poucos clubes tem! Imagina podendo jogar 116 anos. Muito prazer, Márcio Passos de Albuquerque. Apelido, Emerson Sheik... Atual jogador do Flamengo. Minha boca está limpa e minha língua sempre muito afiada!" Não demorou e ele passou a receber ameaças de morte. Nas redes socias e no seu WhatsApp. Emerson percebeu que as pessoas que juravam acabar com sua vida sabiam detalhes. Como onde morava. Onde ia. E assustado, convocou uma coletiva e se desculpou. "A minha resposta foi direcionada ao presidente do Vasco. Eu errei ao atingir o torcedor vascaíno. Peço desculpas", disse, realmente abalado. Estas duas situações merecem ser muito analisadas pelo diretor de marketing do Corinthians, Marcelo Passos. O dirigente não tem noção do país que vive. E o que pode expor os corintianos e o rivais. Ele tem autorizado provocações no telão do Itaquerão. Após a vitória contra o Internacional no dia 13 de junho, ficou estampado após a partida uma frase. #poenodvd, referência ao famoso dvd que a diretoria do clube gaúcho, em 2009, encaminhou um dvd à CBF sobre supostos erros a favor do Corinthians.

A diretoria do Internacional ficou revoltada. E, pelas redes sociais, os torcedores colorados prometeram "revanche" no Rio Grande do Sul. O presidente do Corinthians, Roberto de Andrade, e Tite disseram que a pessoa responsável pelo telão seria demitida. Dias depois o ex-presidente Andrés Sanchez, garantiu que não havia motivo para ninguém ser mandado embora. O telão corintiano voltou a agir na vitória contra a Ponte Preta, no dia 2 de julho. Após nova vitória, a frase #desde77 ficou estampada nos telões. Mesma situação. A diretoria campineira ficou revoltada e protestou na CBF. Torcedores campineiros prometem vingança em Campinas, no jogo da volta. "Não tem coisa mais legal que uma brincadeira sadia entre amigos ou torcedores rivais. Futebol é uma paixão. O jogo de domingo é assunto a semana inteira até outro domingo. "O futebol não pode ficar chato. A gente já teve tantos casos negativos, violência, brigas... "Por que não estimular o espírito de brincadeira, de curtição? Nosso intuito não é uma provocação idiota, ofender ou coisa do tipo. Queremos rivalidade sadia", disse o diretor de marketing do Corinthians, Marcelo Passos, ao Lance!

Está muito claro que se acontecer alguma coisa com os torcedores corintianos em Porto Alegre ou em Campinas, por causa da "curtição" do dirigente e seu poder sobre o telão do Itaquerão. Em um país sem lei e que premia a impunidade, não existe essa história de "futebol está ficando chato", o "gostoso é provocar o rival". Não há mais lugar para tanta alienação. Nem de um diretor que vai ao estádio cercado de seguranças e se sente no camarote. Detalhe, sem usar a camisa do clube que diz amar, como os torcedores nas arquibancadas. Porque Marcelo Passos não coloca uma camiseta com os dizeres "Eu sou o homem do telão do Itaquerão"? E vá com ela para o Beira Rio ou para o Moisés Lucarelli nos jogos de volta contra o Internacional e Ponte Preta? Vá curtir, Marcelo... É preciso responsabilidade até para comemorar uma vitória no futebol. Quem não pensa assim deve procurar Maílson do Juventude...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 22 Aug 2015 14:25:52

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