segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Valdivia mostra seu rancor. Ele queria ficar no Palmeiras. O maior inimigo, Alexandre Mattos, impediu. Antes de ir para os Emirados, o meia destila todo o ódio...

Valdivia mostra seu rancor. Ele queria ficar no Palmeiras. O maior inimigo, Alexandre Mattos, impediu. Antes de ir para os Emirados, o meia destila todo o ódio...




Valdivia não se conformou em ter sido dispensado do Palmeiras. Ele acreditou que, por ser campeão da Copa América com o Chile, Paulo Nobre se dobraria mais uma vez. E ofereceria um salário milionário para que seguisse no clube. E ele ficaria. Como a oferta não veio, o chileno é puro rancor. Alexandre Mattos foi quem abriu os olhos do dirigente. Mostrou os dados sobre o meia. Assustadores. Ele não conseguiu jogar sequer a metade das partidas que o Palmeiras fez, nos cinco anos de contrato. E disse que teria a solução para que o meia revelasse quem era. Oferecendo um contrato de produtividade. Que seria "excelente". Desde que se dispusesse a entrar em campo, coisa que o dirigente mineiro duvidava. Na verdade, ele sempre acreditou que o meia sabotava o ambiente no clube. A proposta era de R$ 120 mil fixos. Mais R$ 60 mil a cada partida. Com o Palmeiras atuando, em média, oito jogos por mês, seriam R$ 480 mil mais R$ 120 mi. Um salário de R$ 600 mil a cada 30 dias. Excepcional, quando se analisa o Brasil. Mas o oferta era uma armadilha. Mattos sabia que estava lidando com o ego de Valdivia. Seria sua vaidade que o levaria a dizer não. Tanto que enviou a proposta ao jogador e ao seu pai e procurador comissionado, por e-mail. Mal os dois chegaram a ler e todos os conselheiros do Palmeiras e a imprensa ficaram sabendo dos números. Mattos também conversou longamente com Marcelo Oliveira. Explicou ao técnico e amigo que não queria mais o problemático meia. E pediu que ele não reclamasse nas entrevistas por não ter o jogador. O executivo do futebol barrou até que o clube parabenizasse Valdivia pela conquista da Copa América com o Chile. E recomendou que, como não houve acerto para a renovação, o meia nem seguisse mais treinando com o time. Se ele se machucasse o Palmeiras deveria bancar seus salários, mesmo após o término do contrato. Não o queria nem treinando sozinho. A decisão era cortar qualquer vínculo. O requinte de crueldade foi nem pensar também em um jogo de despedida. Era para o meia sair pelas portas do fundos. Passar pela humilhação que ele realmente sentiu.

Valdivia sabe que, se não fosse Alexandre Mattos, teria dobrado Paulo Nobre. O dirigente ainda lamenta nos corredores do clube. Acredita que ele seja o meia que o Palmeiras precisa. Mas Mattos está tratando de tentar corrigir essa lacuna. A situação é complicadíssima. Mas ele tenta o maior sonho do presidente palmeirense. Sonda Conca, apesar do assustador salário de R$ 2 milhões na China. A relação do argentino com o novo treinador do Shanghai Dongya, o sueco Sven-Göran Eriksson, não é tão afinada. Montillo no Shandong Luneng é mais fácil. Ele recebe perto da metade de Conca, R$ 1 milhão. Esteve perto de fechar com o Flamengo. Até o final do ano, Mattos vai buscar um novo meia de alto nível. É sua prioridade. Ele já conseguiu o que queria. Se livrar de Valdivia. O meia chileno sabe de toda essa movimentação nos bastidores. Que o dirigente mineiro foi seu maior inimigo. Mas não iria embora calado. Fez questão de fazer um último desabafo. Tumultuar pela vez derradeira o Palmeiras. Em uma longa entrevista ao Estado de S. Paulo, mostrou seu rancor. Alguns trechos significativos. E que revelam o quanto a relação estava desgastada.

"Não vou ficar porque foi oferecido uma proposta que eu não aceitei e não teve segunda chance de me oferecerem algo novo. Por tudo aquilo que as pessoas falaram, que gostariam que eu ficasse por mais tempo aqui porque eu era importante, pensei que teria mais chances. "Pensei que iria ter uma segunda proposta mas não teve. Fiquei engasgado quando o presidente falou que o clube foi no seu limite. O limite foi uma proposta de R$ 120 mil fixo mais R$ 60 mil por jogo em que eu fosse titular. E eu nem sei se esses valores eram brutos ou líquidos, porque enviaram essa única proposta por e-mail. "Sempre que falavam em produtividade, eu dizia que tinha que ver e saber o que vai acontecer quando eu for para a Seleção, ou for poupado pelo treinador. E se alguém bate em mim e eu fico vários jogos fora, como aconteceu com o Vitor Hugo? Eu não iria receber porque uma outra pessoa me machucou? Pedi para conversarmos sobre isso e não foi falado nada. "Vamos ser sinceros. Para fora, a diretoria falou que me queria e para dentro, quem cobre o Palmeiras sabe que eles não me queriam. E, por falar em sinceridade, o Paulo Nobre sempre falava que eu tinha que me encaixar no contrato de produtividade, porque todo mundo que chegou se encaixou. Isso não é verdade. Vocês sabem que têm jogadores que não têm contrato por produtividade. Não sei porque ficar mentindo.

"Vejo muita gente me chamando de mercenário e que eu estava enganando o Palmeiras, mas tive proposta milionária da China e não fui, enquanto a diretoria ficava com ‘papinho furado’ para agradar quem queria ouvir. Por que não me chamaram para conversar? Podiam ter feito como fizeram com o Barrios, que o Mattos foi até o Chile para contratá-lo. Eu estava a uns 40 km de distância. Era fácil ir me encontrar, ir lá falar comigo. Aí depois vem gente falar que sou mercenário. "Sempre apoiei o Paulo, até em sua reeleição e sempre tivemos um bom relacionamento. Agora que complicou. Tenho mandado mensagens para falar com ele faz duas semanas e nada. O tempo que ele tem para dar entrevista falando sobre o Valdivia, ele poderia usar para falar comigo. O Mattos é um ótimo diretor e desejo que ele seja campeão pelo Palmeiras. Não vou falar mal dele publicamente. O que tinha para falar, já falei na cara. "Na última reunião com meu pai, ele falou que eu tinha recebido uma proposta boa da Arábia e que se o Palmeiras não fizesse uma nova proposta, eu iria embora. Então, precisávamos decidir se eu treinaria separado, com o grupo e jogando, ou com o grupo e sem jogar. O Mattos disse que o presidente decidiria. No dia seguinte, o Nobre deu entrevista falando que eu não fazia mais parte do elenco. Engraçado que ele ainda falou que o Palmeiras se sentia um pouco campeão da Copa América por mim, mas ele sequer me deu os parabéns, nem pelas redes sociais oficiais do clube.

"Falam que eu devo ao Palmeiras. Só esquecem que eu fiquei na Série B, mesmo podendo sair, fui agredido pela torcida sequestrado. E agressão e sequestro são motivos que me permitiam rescindir o contrato sem precisar pagar nada e ainda poderia processar o clube, no caso da agressão. Tiveram coragem até de desconfiar do meu sequestro mesmo com imagens e polícia no caso. As pessoas que criaram uma palhaçada nunca me pediram desculpa por isso. Eu tomei infiltração várias vezes, arrisquei minha carreira e uma Copa do Mundo porque o Palmeiras estava na Série B e fiquei, ao contrário de outros "Poderia ter feito corpo mole várias vezes. Cometi alguns erros, mas o que aconteceu é que comigo as coisas vazavam na mídia. Por exemplo, na semifinal do Paulista, o Zé Roberto não tinha chance nenhuma de jogar, mas divulgavam que ele ainda tinha uma chance e que ele foi reprovado na hora do jogo. Quando foi comigo contra o Santos, a gente combinou que o clube divulgaria que eu teria chance, mas na última hora eu sentiria, como a história que inventaram do Zé Roberto. Mas a minha história vazou logo de cara e já tinha site dando que eu estava fora.
"(Sobre os erros que cometeu) "Saía quando não podia sair, mas isso foi em 2010 até, no máximo, 2012. E minha mudança foi acontecendo naturalmente. Eu percebi que estava fazendo coisa errada e até pensei que as baladas poderiam ser o motivo de tanta lesão. Mas os exames mostravam que isso poderia atrapalhar na recuperação, mas não era a culpa de tanta lesão. "(Sobre salários e ter jogado menos da metade dos jogos). O Valdivia sai para a noite e se machuca e tem um monte de jogador que você via na igreja e estava sempre machucado também. Posso não ter me cuidado no passado, mas isso é passado. Se eu invento lesão, os médicos têm que falar. Sobre salário, já falaram que eu ganho R$ 700 mil, R$ 600 mil e R$ 500 mil. Na verdade, recebo mais ou menos uns R$ 350 mil e quem falar que eu ganho mais, peço para entrar em contato com meu assessor e levo meu holerite." Espertamente, Valdivia não coloca na conta suas incríveis luvas que faziam seu ganho todo mês bater nos R$ 500 mil. Desde 2010. O chileno também não poderia ir embora sem mostrar sua raiva com o departamento médico e com a fisioterapia palmeirenses. Aproveitou para antecipar que voltaria atrás mais uma vez. Seguirá jogando na Seleção Chilena. Mas isso era detalhe. Ele queria se vingar dos médicos e fisioterapeutas palmeirenses, que o detestam. "Cometi um erro quando disse que não jogaria mais pela Seleção. Vou continuar, sim. Vi gente falando que o Valdivia fazia, com sorte, uns três jogos pelo Palmeiras enquanto na Seleção ele joga direto. Só que lá, os treinos são curtos e intensos e tem um cara que eu confio cegamente em 1.000%, que é o Amador (cubano, fisioterapeuta da Seleção Chilena). Quer dizer, 1.000% não, porque teve um cara que falou que confiava 1.000% no Oswaldo de Oliveira e mandou ele embora (referência ao inimigo Mattos). No Palmeiras eu não tinha isso, até porque só agora o clube tem uma fisioterapia de time grande."
Esse é Jorge Luiz Valdiva Toro. Atleta do Al Whada. Ótimo meia, um talento. Agora, figura non grata na Sociedade Esportiva Palmeiras. Clube onde foi ídolo nos últimos cinco anos. E que não teve o direito sequer de uma despedida.

Por que será?



Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 03 Aug 2015 12:56:03

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