sexta-feira, 21 de agosto de 2015

A derrota para os reservas do Ceará foi a gota d'água. Osório está decepcionado com o São Paulo. O desmanche não para. Se o México confirmar a proposta, o colombiano deve ir embora...

A derrota para os reservas do Ceará foi a gota d'água. Osório está decepcionado com o São Paulo. O desmanche não para. Se o México confirmar a proposta, o colombiano deve ir embora...




"Volta Juvenal, volta. A gente paga o uísque." O berro era de um torcedor são paulino revoltado diante de fotógrafos e alguns jornalistas no portão de entrada do Morumbi. Foi para lá que ele foi após a absurda derrota do São Paulo para os reservas do Ceará, último colocado na Segunda Divisão por 2 a 1, em pleno Morumbi. Com dois gols de Rafael Costa, atacante dispensado do Joinville, penúltimo colocado da Série A. O time de Juan Osório agora precisa vencer por dois gols de vantagem em Fortaleza, se quiser se classificar para as quartas da Copa do Brasil. O risco de eliminação é real e vergonhoso. O que aconteceu ontem no Morumbi foi patético. Osório seguiu com seu interminável rodízio, não dando tempo para time algum se entrosar. O Ceará já chegou ao Morumbi sonhando em não ser goleado. O time do técnico Marcelo Cabo tinha como prioridade poupar nove jogadores para O Brasileiro da Série B. Afinal, é o último colocado e o sonho está em evitar o rebaixamento para a Terceira Divisão. Até porque, a lógica indicava uma rápida e indolor eliminação da Copa do Brasil, diante do "poderoso" São Paulo. Para evitar maior desgaste emocional e na confiança de jogadores, o Ceará veio ao Morumbi com reservas e jogadores sub-20. Se sofressem uma goleada histórica, os titulares não ficariam abalados e seguiriam concentrados na santa missão de continuar na Segunda Divisão. Só que Cabo não poderia prever que o milionário clube paulista está sem rumo, se desintegrando. A diretoria e as pessoas de bom senso não querem que Juan Carlos Osório seja julgado com preconceito. Com xenofobia, aversão aos estrangeiro. Elas têm razão. Só que ser colombiano não o isenta de erros primários. Ser uma pessoa decente, que se dá ao trabalho de explicar suas decisões, também é ótimo. Mas suas escolhas têm sido péssimas.

A principal delas é o rodízio de jogadores. É algo que está enfronhado na sua alma. Ele aprendeu quando morou na Inglaterra e acompanhava, como estudioso, os treinos e jogos de Gérard Houllier. O treinador francês ficou seis anos no Liverpool. E acreditava que a troca constante estimulava seus atletas e atrapalhava os adversários, que nunca sabiam que tática ou característica teria seu time. Osório tem três diplomas de técnico conseguidos na Europa. Passou cinco anos como assistente no Manchester City. Implantou sua filosofia de troca constante de atletas e esquemas táticos no Atlético Nacional. O clube médio colombiano aceitou sem questionar suas decisões que aprendeu na elite do futebol mundial. E os números são chocantes. Osório ficou 149 partidas à frente do Atlético Nacional. Quantas vezes ele repetiu uma escalação? Nenhuma! Fatores fundamentais no futebol mundial como entrosamento dos setores, do time. Confiança dos atletas. Parceria entre os jogadores titulares. Tudo isso não importa na visão que tem de futebol. O que é algo que choca com a cultura do futebol no Brasil. Não é porque Osório fala com respeito, educação, delicadeza. Não se importa com os questionamentos, queixas, críticas. E responde como um lorde, aliás, seu apelido na Colômbia. Seus conceitos não estão dando certo no São Paulo. É preciso ter humildade para repensar a teoria, suas convicções. Graças a Carlos Miguel Aidar e Ataíde Gil Guerreiro, o treinador colombiano tem na mãos o elenco mais problemático do futebol brasileiro. No São Paulo, os presidentes sempre foram os grandes responsáveis pela montagem dos times. Comprando os atletas que seus egos indicavam ou aqueles que empresários amigos convenciam ser "ótimos negócios". Os inimigos de morte Juvenal e Aidar estão por trás dos atletas que o treinador tem para trabalhar. É um grupo desequilibrado. Formado por jogadores com muito nome, mas veteranos, longe de seu auge, quando atuavam na Europa. Outros sem a capacidade técnica que imaginam ter. Alguns esforçados mas fracos. Um líder a quatro meses da aposentadoria. Revelações inseguras. O pior de qualquer time, atletas que desejavam estar bem longe do Morumbi, como Luís Fabiano e Paulo Henrique Ganso.

Como molho, uma dívida que já se acerca de R$ 400 milhões. E faz com que os dirigentes vendam atletas sem piedade. Boschilia, o jovem meia polivalente que encantava Osório. Souza para o Fernebahçe, Denílson para o Al-Wahda, Paulo Miranda ao Red Bull Salzburg e Jonathan Cafu para o Ludogorets. Agora os dirigentes querem, de qualquer maneira, empurrar Toloi para o Atalanta. Auro está sendo negociado com o Estoril de Portugal. O Corinthians está animado com a chance de vender Pato para o futebol turco. Osório deixa claro que foi traído. Quando aceitou trabalhar no Morumbi não sabia da possibilidade do desmanche. E muito menos da profunda dificuldade financeira são paulina. Só que tudo isso não isenta. É fraquíssimo o futebol das equipes diferentes que têm colocado em campo com a camisa do São Paulo. Mesmo no baixo nível do cenário brasileiro, o objetivo de garantir uma vaga para a Libertadores de 2016 está ficando cada vez mais difícil. As duas últimas partidas, derrotas no Morumbi, para o Goiás e Ceará, Osório mostrou o São Paulo espalhado em campo de uma forma tola. Contra os goianos adiantou a marcação do time e fez seus zagueiros jogarem mais à frente, quase no meio de campo. Simples contragolpes foram responsáveis pelos 3 a 0 para os goianos. E ontem o time em campo com a soberba tática de quem iria golear o time reserva do Ceará, como era obrigação. Só que os jogadores não mostraram empenho, triangulações, intensidade, vibração. Diante de um adversário fraquíssimo, só cruzamentos da intermediária. Falta de paciência e inteligência dos atletas. O time nordestino em dois contragolpes fez 2 a 0. O treinador Cabo nem acreditava no que estava acontecendo. E seguiu mandando que sua equipe se defendesse com duas linhas de cinco jogadores. Uma à frente de sua grande área e outra na intermediária.

O que o São Paulo fez? Continuou a levantar a bola para a área. Qualquer treinador de várzea iria além. O meio de campo não existia, era pulado pelo time. Ganso se irritou tanto que discutiu feio com Carlinhos. Pediu para ele tocar a bola e parar de chutar a bola de qualquer jeito para a área. O lateral não gostou e quase partiu para a briga com o meia. Osório, do banco, nada fez. Pato descontou. E o São Paulo seguiu criando chances pela fragilidade técnica dos cearenses. No final, a derrota vergonhosa. Resultado que nem os jogadores do Ceará ousaram sonhar. Após a partida, Aidar e Guerreiro fugiram dos jornalistas. Deixaram Osório sozinho. Outra vez se responsabilizou pelas derrotas e disse que não aceita crítica aos seus jogadores. Mostrou coragem. Mas conselheiros importantes já questionam seu trabalho. Mesmo diante do endividamento do São Paulo, exigem time e esquema táticos definidos. Assim é o futebol brasileiro, ele deveria saber. Para amenizar a pressão sobre o treinador, foi divulgado o boato de que a Seleção Mexicana deseja ter Osório. O técnico já recusou proposta do Cruz Azul para trabalhar no São Paulo. O brasileiro Ricardo Ferretti, vice campeão da Libertadores com o Tigres, é o interino. A campanha de Lorde no Morumbi até agora é decepcionante. São 15 jogos. Seis vitórias, seis derrotas e três empates. Fosse nascido em território nacional, seu cargo poderia estar correndo risco. Por ser colombiano, tem direito a sobrevida. Domingo, o time enfrentará o Flamengo, com estreia de Oswaldo de Oliveira como técnico. Jogo marcado para o Maracanã.

Osório pode surpreender. E tomar a decisão de sair. Demonstra a Milton Cruz, seu principal amigo no clube, a tristeza por não conseguir fazer o São Paulo jogar mais. São problemas em demasia para um salário de "apenas" R$r 250 mil, metade do que recebia Muricy Ramalho. Se o São Paulo não está se cansando de Osório. A diretoria nem cogita trocá-lo. Até porque Aidar prometeu que traria um treinador para ficar até o último dia de seu mandato como presidente, em 2017, quando o dirigente completar 70 anos. A recíproca não é verdadeira. Osório começa está se desencantando com o São Paulo. Uma proposta do México seria a desculpa perfeita. A torcida esta cada vez mais revoltada. Cantou com todo os pulmões e em coro, "time sem vergonha". Além de xingar e ameaçar os jogadores, ela foi além. E está disposta até a "pagar o uísque" para Juvenal voltar. Humilhação pouca é bobagem...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 21 Aug 2015 09:57:35

Nenhum comentário:

Postar um comentário