Chuva, pontapés, carrinhos sem bola. Jogo nervoso, tenso, equilibrado, brigado. Cada centímetro disputado. Intensidade impressionante. Torcida apaixonada cantando cada minuto debaixo do temporal. Foi muito emocionante, competitiva, pulsante a decisão da Libertadores da América 2015. No Monumental de Núñez, o River Plate manteve a escrita. Não permitiu que o Tigres fosse o primeiro mexicano a ser campeão do torneio mais importante da América do Sul. Com muita personalidade, o River Plate se impôs. Venceu por 3 a 0, sem contestação. E venceu a Libertadores pela terceira vez. Decepcionante a fragilidade emocional do time do brasileiro Tuca Ferretti. A equipe de Gallardo se impôs taticamente e no coração. O título completa o caminho de recuperação do importante time de Buenos Aires. Em 2012 estava rebaixado, disputando a Segunda Divisão. Três anos depois, foi a última colocada entre todas as 16 classificadas na fase de grupo. E mesmo assim, conquistou o título de maneira brilhante. A final gerava muita expectativa. Os dois times já haviam empatado três vezes nesta Libertadores. Duas na fase de grupos e o primeiro jogo, no México. Havia no ar, o medo de lado a lado. Os mexicanos com sua intensidade, velocidade nos contragolpes e talentos individuais. Contra o compacto e lutador River Plate muito bem montado por Gallardo. O equilíbrio prevaleceu só no primeiro tempo. Os dois treinadores trataram de colocar cada um cinco jogadores no meio de campo. Sem a bola, até seis. O que se viu durante os primeiros 44 minutos foi uma disputa ferrenha por espaço. Partida brigada, com entradas desleais de parte a parte. A chuva deixou o gramado escorregadio. Foi um festival de carrinhos e pontapés por trás. Havia um enorme medo dos dois times em tomar o primeiro gol. As chances eram raras. Até que Vangioni mostrou para que servem os dribles. Ele jogou a bola entre as pernas de Jürgen Damm. Bastou para escancarar o sistema defensivo mexicano. E de frente para a área, serviu o iluminado Lucas Ilário. Ele já havia sido fundamental na vitória do River nas semifinais, marcando na eliminação do Guarani paraguaio.
A bola de Vangione chegou na cabeça de Ilário. A cabeçada foi indefensável para o ótimo Gúzman. O gol, aos 44 minutos do primeiro tempo, mudou toda a dinâmica da partida. Os mexicanos, que contavam com o empate em 0 a 0 no primeiro tempo, ficaram em estado de choque. A lógica os obrigava a abrir o time. Só que o caríssimo francês Gignac, Rafael Sóbis e Aquino estavam muito mal. O ataque do Tigres não existia. Os argentinos perceberam o nervosismo, a péssima atuação do Tigres. Os mexicanos começaram a dar pontapés e forçar passes desnecessários. A pressa só sabotava ainda mais o estado de espírito dos jogadores de Ricardo Ferretti. A atuação era péssima. Enquanto o River Plate adiantou sua marcação na saída de bola. Era clara a intenção de aproveitar uma saída de bola mal feita. Dito e feito. Em um erro patético na saída de bola, Sánchez foi derrubado infantilmente por Aquino. Pênalti que o uruguaio Darío Ubriaco não teve dúvidas em marcar. Sánchez com muita calma deslocou Gúzman. E fez 2 a 0, aos 29 minutos. Os jogadores mexicanos desabaram espiritualmente de vez. Estavam entregues. Não havia paz ou fibra para armar sequer uma jogada. O time estava entregue. Foi só questão de tempo para o River marcar mais um. E ele veio. Em um escanteio, Funes Mori cabeceia sozinho, até fazendo pose. Aos 33 minutos, veio o 3 a 0, que os jogadores de lado a lado sabiam que a Libertadores estava resolvida. Ainda houve tempo para mais provocações e pontapés desleais. Mas o que impressionava era a sensacional festa que os torcedores faziam na arquibancada. Muitos choravam com a emoção da ressurreição. A crise financeira do River Plate nos últimos anos foi terrível. A queda para a Segunda Divisão em 2011 ainda está viva na memória dos torcedores. Na conquista de ontem vale destacar o excelente trabalho de Gualhardo. Não é por acaso que é pretendido por times europeus. O River vai para o Mundial da maneira que a diretoria queria. Vencendo em campo. Não por não ser mexicano. A equipe ainda deverá ser reforçada até o final do ano. A decepção com o Tigres foi imensa. O time se desmanchou de tanta tensão. Não jogou futebol. Pela terceira vez, os mexicanos chegaram à uma final de Libertadores. A Argentina é atual bicampeão. Venceu no ano passado com o San Lorenzo. E agora conquista a taça com o River Plate. Aliás, os jogadores e dirigentes após a vitória. lembraram a estúpida bomba que torcedores do Boca Júnior jogaram no elenco do River. O Boca tinha potencial para vencer na Bombonera, nas oitavas de final. Mas graças à sua torcida, a vaga caiu no colo do maior rival. E o River aproveitou com uma eficiência fantástica. Está aí o tricampeonato da Libertadores da América. Seus jogadores mereciam colocar a camiseta com a significativa frase. "River el más grande de América." Quem tem moral para duvidar? Corinthians, São Paulo, Atlético Mineiro, Cruzeiro e Internacional não têm esse direito...
Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 05 Aug 2015 23:50:59
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