sábado, 22 de novembro de 2014

Alex dará a alma para vencer o Palmeiras. Tentará no final da carreira, salvar o Coritiba, clube que mudou sua vida. E ajudar a esposa Daiane, a tirar Vilson Ribeiro da presidência...

Alex dará a alma para vencer o Palmeiras. Tentará no final da carreira, salvar o Coritiba, clube que mudou sua vida. E ajudar a esposa Daiane, a tirar Vilson Ribeiro da presidência...




O destino foi irônico com Alex. A três partidas do fim de seu caminho como jogador de futebol. O meia estará amanhã defendendo o clube que ama contra o time responsável pela sua carreira vitoriosa. Uma vitória de um dos lados significará grande passo para a sobrevivência na Série A. O derrotado ficará à beira da Segunda Divisão. O meia de 37 anos não está dividido, como se poderia supor. "As condições que eu ganhei no futebol, até na minha vida pessoal, o Palmeiras tem uma importância vital. Foram quatro anos de muita entrega, de carinho reciproco, mas hoje visto a camisa do Coritiba. E precisamos da vitória." Alex não quer ter como último ato de sua vida como jogador o rebaixamento do time que tem mais prazer em vestir. Mesmo sendo completamente contra o atual presidente do Coritiba, Vilson Ribeiro de Andrade. Vilson é o maior representante de clube no Brasil ao lado da cúpula da CBF. Assim como o grande inimigo declarado do movimento Bom Senso. Evitando sabotar o clima no clube, Alex se calou sobre as reivindicações que acredita ser justa para jogadores no Brasil. Quer retomá-las quando encerrar a carreira. Mas fora as diferenças como ele e Vilson enxergam o futebol, há uma mágoa enorme em relação ao dirigente. "Ele não cumpriu 80% das promessas que me fez para voltar ao Coritiba." Alex ser refere a montagem de um time competitivo. Ter parceiros para ganhar o Campeonato Brasileiro, disputar a Libertadores. Não apenas jogar para tentar, de maneira desesperada, fugir do rebaixamento. Isso é muito pouco para uma carreira brilhante. Ainda mais quando tinha propostas muito mais vantajosas financeiramente. As cúpulas de Cruzeiro e Palmeiras deixaram cheque em branco para o meia em 2012. Desde que não fosse absurdo, o que ele pedisse seria aceito. Alex não quis nem iniciar as negociações. Virou as costas para o clube no qual ganhou a Tríplice Coroa.

Pior foi o Palmeiras. Até hoje ele é um dos maiores ídolos que passou na história moderna no clube. Campeão da Libertadores. Autor de gols históricos. Chegou menino ainda. Mas cheio de personalidade, sonhos. Comprado do Coritiba com a chuva de dólares que não parava de jorrar da Parmalat. Deveria ser apenas uma ponte de uma temporada. E logo deveria desembarcar no Parma. Só que Alex não tinha passaporte europeu. Era um estrangeiro. Não comunitário. E o Parma nos anos 2000 não tinha lugar para essa jovem promessa brasileira. O comprou para que no futuro, se interessasse, atuasse por lá. Melhor para a sua filial, o Palmeiras. Foram quatro anos de desfrute. E intensa ligação com os torcedores. Quando uma investigação policial na Itália acabou com os investimentos da Parmalat no futebol, o dinheiro dos italianos deixou de vir ao Palmeiras. Mas Alex estava ligado ao Parma. Foi um dos jogadores mais emprestados da história. Flamengo, Cruzeiro e mais três passagens pelo Palmeiras. Até que teve finalmente a chance de atuar pelo Parma. Foram apenas cinco partidas amistosas. Dois gols. Foi dispensado. Seu estilo foi considerado lento para o intenso futebol italiano. Foi para o Cruzeiro. E depois, se exilar na Turquia. Teve momentos memoráveis em um futebol menor. Teve fases excepcionais, com propostas de grandes clubes europeus. Porém não era mais jogador Fenerbhace. Virou patrimônio nacional turco. O jogador que retornou ao Coritiba em 2013 já era um atleta desgastado. Mas com fôlego e talento para disputar pelo menos uma temporada em alto nível. Principalmente levando em conta o fraco estágio do futebol brasileiro. O plano que Vilson Ribeiro de Andrade lhe apresentou era sensacional. Montar uma equipe para repetir a façanha de 1985. Vinte nove anos depois, conquistar o Brasileiro. Disputar a Libertadores de 2014. Com um time apenas regular, Alex passou por várias desilusões. O time venceu o Paranaense de 2013. Mas na Copa do Brasil passou pelo vexame de ser eliminado pelo Nacional da Amazonas. Em pleno Couto Pereira. Com direito a Alex perder um pênalti, escorregando. Time fora logo na sua fase da competição.

No Brasileiro, nada de título. Nem Libertadores. Apenas a 11ª colocação. A decadência física do meia era evidente. Assim como a equipe que Vilson colocava para representar o clube. Muito fraca. Em 2014, tudo piorou. No estadual deste ano, eliminação na semifinal para o Maringá. Na Copa do Brasil, caiu diante do Flamengo, nas oitavas. Depois de vencer por 3 a 0 em casa, perdeu por 3 a 0 no Maracanã. E saiu da competição nos pênaltis. No Brasileiro, mais sofrimento. O Coritiba está na zona do rebaixamento, 17º colocado. São 15 derrotas, 11 empates e apenas nove vitórias. Alex nunca passou temporada tão machucado. Estiramentos musculares. Dores nos tornozelos, joelhos. Sua inteligência com a bola nos pés e antevisão das jogadas continuam incríveis. Só que o corpo impede que coloque em prática o que pensa.

Já estava mal e tudo piorou contra o Flamengo. Ele tomou uma joelhada do zagueiro Chicão. E teve de sair de cadeiras de rodas do Maracanã, no jogo em que o Coritiba foi eliminado da Copa do Brasil. Ficou sem sentir a perna direita devido à força da pancada. Neste final de Brasileiro, ele não tem saído da fisioterapia após os treinos. Mas chegou a hora do último esforço da sua carreira. A cruel contagem regressiva aponta três partidas. Palmeiras no Couto Pereira, Atlético Mineiro no Independência, e na última rodada, Bahia, de novo no Paraná. O cálculo é simples para evitar o rebaixamento. Conseguir seis pontos. A lógica aponta: vencer Palmeiras e Bahia. E o que vier contra o Atlético será lucro. Alex sabe que será o centro das atenções amanhã. Não quer decepcionar de maneira alguma a torcida do Coritiba. Sua participação nestes jogos finais terá consequências políticas. Haverá eleições no Coritiba no dia 13 de dezembro. Vilson Ribeiro terá como principal adversário da oposição, Rogério Bacellar. Na chapa que tentará derrotar a situação há a presença de Daiane Mauad, mulher do meia. É possível que o jogador exerça um cargo no clube caso Bacellar vença. O meia se diz neutro. Mas qualquer homem casado sabe que não há neutralidade quando a esposa está envolvida. Além disso, a maneira do jogador enxergar futebol é exatamente contrária a de Vilson. Ou seja, se Alex for fundamental amanhã e conseguir uma vitória, não estará ajudando apenas o Coritiba. Mas até a chapa de oposição, onde sua mulher fez questão de se inscrever. Ou seja, há enorme envolvimento do meia no jogo de amanhã. Ele sabe que precisa dar tudo o que ainda tiver como atleta para vencer. Sua ligação com o Palmeiras ficará em segundo plano. "O destino é um sujeito tinhoso e muito irônico", já dizia João Cabral de Melo Neto...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 22 Nov 2014 11:48:38

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