quarta-feira, 19 de novembro de 2014

O Cruzeiro exige R$ 1.000,00 de atleticanos para a final da Copa do Brasil. Por trás da vingança de Gilvan e do medo da festa do rival no Mineirão há algo pior. A exploração do amor do brasileiro ao futebol...

O Cruzeiro exige R$ 1.000,00 de atleticanos para a final da Copa do Brasil. Por trás da vingança de Gilvan e do medo da festa do rival no Mineirão há algo pior. A exploração do amor do brasileiro ao futebol...




Os dirigentes brasileiros conseguiram. Atingiram a barreira dos R$ 1.000,00 para um jogo de futebol. O presidente do Cruzeiro, Gilvan Tavares, resolveu se vingar. Do ódio que sente dos bandidos infiltrados nas próprias organizadas cruzeirenses, que o ameaçaram de morte quando contratou Marcelo Oliveira. E que impediram a comemoração do título brasileiro de 2013. Fazendo arrastões, elas forçaram a PM a proibir a festa. Gilvan também pune o presidente Alexandre Kalil. De acordo com o cruzeirense, ele teria voltado atrás na sua promessa de aceitar torcida única nas finais da Copa do Brasil. Teria quebrado a sua palavra diante da Policia Militar, oferecendo 10% dos ingressos no Independência. Depois, a PM liberou apenas 8%, 1.871 ingressos. Como o Mineirão é muito maior do que o estádio onde o Atlético joga, o presidente cruzeirense enxergou uma jogada esperta de Kalil. Cedeu 1.871 ingressos para ter 5.817 ingressos, 10% no Mineirão. Gilvan recusou os ingressos no Independência. Mas ficou claro que haveria troco. E ele veio pesado. O dirigente separou o setor roxo do Mineirão para a torcida atleticana. Mas apenas 2.736 ingressos, 4,5% das entradas para o jogo. E cobrando R$ 1.000,00 pelo ingresso. 40% desses torcedores poderão pagar meia, se comprarem serem estudantes, e pagar R$ 500,00. "Quando se leva 10%, 8% ou 5% do torcedor, você não leva a nata da sua torcida. De modo geral, vão aqueles que querem gerar confusão", resumiu, Gilvan Tavares. O presidente do Cruzeiro prejulgou. Na sua visão, só organizadas terão coragem de ir em um jogo na casa do adversário, com um número reduzido de ingressos. E, como Gilvan generaliza, todos são bandidos, vândalos. Não são "a nata" como ele se refere. Ele constrói o caminho perfeito para exigir o absurdo preço de R$ 1.000,00. Irônico, Gilvan diz que cobrará esse preço também para os cruzeirenses que não forem sócios-torcedores. E desejarem sentar no setor roxo. Ele sabe que só se forem suicidas para serem minoria entre os rivais. Nem se apenas freiras atleticanas acompanharem a decisão haveria confusão. O presidente cruzeirense chega a ser cruel, lamentando que não haja tempo hábil para os atleticanos virarem sócios-torcedores do Cruzeiro, assim garantiriam desconto. Independente de os prejudicados da partida na próxima semana ser atleticanos, o que acontece em Belo Horizonte é simbólico. Mostra o quanto o torcedor está nas mãos dos dirigentes. Na semana passada, Alexandre Kalil, não teve pena. E cobrou entre R$ 200,00 e R$ 700,00 pelos ingressos no Independência. O acanhado estádio não lotou. 18.578 atleticanos acompanharam o jogo de torcida única. Mas a arrecadação foi muito alta R$ 4.741.300,00.

Para os cruzeirenses os preços da decisão no Mineirão estão entre R$ 200,00 e R$ 700,00. Sócios-torcedores têm desconto de 30%. São altíssimos para a realidade brasileira. O que chama a atenção em Minas Gerais é o silêncio da Promotoria da Justiça da Defesa do Consumidor. No ano passado, a diretoria do Flamengo quase foi presa, acusada de lesar seus torcedores. O motivo: o aumento considerado abusivo dos ingressos para a final da Copa do Brasil, contra o Atlético Paranaense. Na semifinal, contra o Goiás, os preços tinham ficado entre R$ 100,00 e R$ 280,00. Na decisão, pularam para R$ 250,00 e R$ 800,00. Depois de muita confusão e, omissão da CBF, o Flamengo venceu. Cobrou o que quis. Mas nem esse trabalho, a diretoria cruzeirense terá. Não há na sociedade mineira até a agora a revolta pelo preço dos ingressos desta final. Mesmo na semifinal envolvendo Cruzeiro e Santos, os preços tenham ficado entre R$ 50,00 e R$ 200,00. A CBF, para variar, outra vez se cala. R$ 1.000,00 por um ingresso, quando o salário mínimo do brasileiro é de R$ 724,00. Cobrar entre R$ 200,00 e R$ 700,00, como fez o Atlético, já seria um abuso. Mas pelo menos teria um precedente. Foi o dinheiro exigido na primeira partida da final. Cobrar a mais é absurdo. Além de toda essa vingança de Gilvan das organizadas e de Alexandre Kalil há o mais antigo dos sentimentos. O medo do vexame. Se o Cruzeiro não conseguir reverter o placar de 2 a 0 do Independência, o Atlético Mineiro será o campeão da primeira competição nacional decidida entre os rivais. E na casa cruzeirense. Se não houver atleticanos nas arquibancadas, a dor será menor. A festa dos jogadores de Levir Culpi se restringirá ao gramado.

Kalil já percebeu o lance de xadrez de Gilvan Tavares. E não cometerá o erro previsto pelo cruzeirense. Não abrirá mão dos ingressos aos atleticanos. Ele tem a certeza que mesmo se forem em 4,5%, contra 95,5% de rivais, estarão no Mineirão. Tirando o dinheiro do leite dos filhos, da comida do dia seguinte. Mas darão seu apoio ao time do coração. Assim como muitos cruzeirenses não deveriam pagar tanto para ver a final. Mas vão pagar. Com a conivência bandida das autoridades. E os braços cruzados da CBF, os dirigentes vão esfolando cada vez mais aquele que deveria ser seu maior patrimônio. Não são os atleticanos os sacrificados com R$ 1.000,00. Cobrar entre R$ 200,00 e R$ 700,00 dos seus próprios torcedores é inaceitável. Principalmente em um país do Terceiro Mundo, com tanta desigualdade social. E o futebol deveria ser o esporte mais popular. A final da Champion League entre Atlético de Madrid e Real Madrid, disputada em Lisboa, em maio, tinha preços similares. As entradas ficaram entre R$ 217,00 e R$ 1.200,00. Se dentro do campo, Minas Gerais dá um exemplo de organização e talento. Domina com justiça o futebol brasileiro. Fora dele é motivo de vergonha. A exploração no preço dos ingressos da final Copa do Brasil ficará na história. A primeira a atingir a barreira dos R$ 1.000,00...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 19 Nov 2014 08:27:44

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