quinta-feira, 6 de novembro de 2014

O Brasil vai parar. E reverenciar a capital do futebol no país: Minas Gerais. Cruzeiro e Atlético decidirão, de forma inédita e justa, a Copa do Brasil de 2014. Tiraram o Santos e o Flamengo do caminho...

O Brasil vai parar. E reverenciar a capital do futebol no país: Minas Gerais. Cruzeiro e Atlético decidirão, de forma inédita e justa, a Copa do Brasil de 2014. Tiraram o Santos e o Flamengo do caminho...




Foi a quarta-feira mais emocionante no país de 2014. Dois jogos sensacionais, cheios de reviravoltas, tensão e incríveis 11 gols. No final das duas semifinais da Copa do Brasil, Minas Gerais se impôs como a capital do futebol nacional. Cruzeiro e Atlético Mineiro farão a inédita decisão do título. Os mineiros desbancaram os paulistas representados pelo Santos e os cariocas, pelo Flamengo. E já garantiram uma vaga para a Libertadores. "Lógico tudo o que aconteceu foi bonito, emocionante. Foi maravilhoso vencer o Flamengo de virada por 4 a 1. Einstein tentou explicar a existência do universo com suas teorias e não conseguiu. Já estou há 40 anos no futebol e não consigo explicar o que foi esse jogo no Mineirão. Não que eu me compare com Einstein, porque sou mais inteligente (risos). Mas não precisava ficar ainda mais emocionante. Cruzeiro e Atlético decidindo a Copa do Brasil é demais. Por isso que eu tenho de carregar a minha caixinha de remédios comigo", dizia Levir Culpi, feliz e já preocupado com o rival. "Até falamos com os atletas agora, na oração depois do jogo. Foi uma coisa de Deus também. As coisas de Deus acontecem para quem trabalha forte e com honestidade. Os jogadores merecem, porque acreditaram o tempo todo e lutaram até o fim. Conseguimos suportar a pressão aqui na Vila Belmiro e eliminamos o Santos com o empate em 3 a 3. Agora virão os jogos contra o Atlético Mineiro. Serão duas partidas sensacionais e imprevisíveis. Os confrontos mostram a força do futebol no nosso estado", resumia Marcelo Oliveira. O Atlético Mineiro foi campeão da Libertadores de 2013. O Cruzeiro venceu o Brasileiro do ano passado. Agora a rivalidade estará aflorada como nunca. Os atleticanos sabem que o lado azul de Belo Horizonte está sonhando com a Tríplice Coroa. Já que venceram o Mineiro. Estão muito bem encaminhados no Brasileiro. Se conseguirem vencer a Copa do Brasil o ciclo de conquistas estará completo. Levir lançou uma ideia muito importante. A divisão de torcidas nos dois jogos 50% de cada lado no Mineirão. E que a Polícia Militar trabalhe. Seria um prêmio aos fãs dos clubes poderem acompanhar as duas finais. Mas como foi que os dois rivais conseguiram chegar à final? Passando muito sufoco. A começar da inacreditável partida no Mineirão. O Atlético Mineiro havia perdido para o Flamengo por 2 a 0. A torcida carioca havia carregado o time de Vanderlei Luxemburgo nas costas no primeiro jogo. E ontem era a vez dos atleticanos nas arquibancadas. E foi um show inesquecível.

O slogan "Eu acredito" estava outra vez na boca dos torcedores. Não importava se o clube já tinha abusado de milagres nos dois últimos anos. Era outra derrota por 2 a 0 na casa do adversário a ser revertida. A postura atleticana foi absolutamente ofensiva. Os números após a classificação são impressionantes. Parecem de um jogo entre um time grande e outro pequeno. Posse de bola: Atlético-MG 65% x 35% Flamengo; finalizações: vinte do time de Levir e sete da equipe de Luxemburgo. Os mineiros levantaram 32 bolas na área carioca. O Flamengo, duas. Dez escanteios para o Atlético. Os cariocas conseguiram só dois. Com o Mineirão tremendo a seu favor, Levir colocou o time com apenas um volante de marcação. Liberou os laterais. E meias e atacantes formavam um bloco só. Já Vanderlei Luxemburgo tratou de recuar o Flamengo. Queria matar o jogo em contragolpes. Se para o Flamengo valia milhões de reais na Libertadores, para Vanderlei seria a chegada de novo à final de uma competição nacional depois de dez anos. A última vez tinha sido com o Santos, há dez anos. O Flamengo não teve Gabriel, contundido. Só Everton estava recuperado e pronto para o jogo. Ele deveria ser o meia que acionaria Eduardo da Silva e Elton. Para se defender, os cariocas tinham três volantes. Cáceres, Márcio Araújo e Canteros. Os laterais Léo e João Paulo proibidos de atacar. Doía para Vanderlei não ter Léo Moura, machucado. Ele é o desafogo natural para os flamenguistas. Para dar mais emoção, Everton puxou um contragolpe fulminantes e fez Flamengo 1 a 0 aos 34 minutos do primeiro tempo. Os mineiros precisariam de quatro gols para se classificar. Este seria um obstáculo que faria muito time desistir. Mas não o Atlético, clube que se especializou em reverter a lógica. A torcida começou a gritar ainda mais ensandecida. E veio o gol de empate. Douglas Santos cruzou da intermediária e Carlos desviou para as redes, aos 41 minutos. O Mineirão começou a tremer e a torcida a entoar o famoso "eu acredito". O Flamengo segurou o empate, com muita raça no primeiro tempo. Outra vez apelando para a "normalidade" qualquer equipe ficaria desalentada com a obrigação de fazer três gols e não tomar nenhum no segundo tempo. Não o Atlético Mineiro. Levir Culpi foi perfeito. Deixou seus jogadores apenas dez minutos nos vestiários. Os últimos cinco minutos de descanso aconteceram no gramado. Para insuflar ainda mais seu time. E com a marcação ainda mais adiantada, partiu para arrancar a classificação a fórceps do Atlético. Tardelli abria espaço diante do assustado Flamengo. Maicosuel, Dátolo e Luan fizeram os três gols necessários. E ficou a impressão que, se os atleticanos precisassem de seis gols, marcariam. Tamanha a superioridade.

"Nós recuamos de forma exagerada. Foi a nossa postura que ajudou demais o Atlético, lamentava Chicão. Luxemburgo reconhecia, abatido. "Eles foram muito melhores do que nós. Mereceram a classificação." Na Vila Belmiro também houve um duelo épico. A elegante diretoria cruzeirense não lamentou, brigou, xingou pela anulação de um gol legítimo no primeiro confronto. A vitória por 1 a 0 foi apertada demais. Deu alento aos santistas. Enderson Moreira colocou o Santos todo no ataque. Já Marcelo Oliveira, optava pelos contragolpes. Só que os jogadores mineiros estavam desgastados fisicamente. O Cruzeiro é a equipe no país que joga de maneira mais intensa. Neste final de temporada, atletas estão muito abaixo do que podem render. Everton Ribeiro é o caso mais gritante. Não consegue mais correr e ditar o ritmo do time. Pelo contrário. Cai para a ponta direita e fica esperando bola. O Cruzeiro tinha apenas dois volantes, não conseguia renegar sua postura naturalmente ofensiva. Robinho havia prometido publicamente que decidiria a classificação. Mas ele não é nem sombra do grande jogador que nasceu na Vila Belmiro. Para o mercado brasileiro está muito acima da média. Só que não tem como prometer fazer do Santos finalista da Copa do Brasil. Enderson finalmente abdicou de Leandro Damião. A grande revelação Gabriel era o titular. Rildo ensandecido, correndo pela esquerda. Lucas Lima, talentoso, unia o meio de campo com o ataque. Foi um sufoco santista. Gabriel deu o primeiro gol para Robinho. A um minuto de jogo, o Santos igualava as semifinais. O comportamento da torcida na Vila Belmiro foi digno. Empurrou o time do início ao fim do confronto. A euforia com o gol relâmpago passaria sete minutos depois. Ceará deu vários dribles humilhantes em Mena e chutou forte, cruzado. Aranha rebateu e Marcelo Moreno empatou. O Santos precisaria fazer 3 a 1 se quisesse ser finalista. Conseguiu fazer 2 a 1 em um pênalti difícil, mas marcado com acerto pelo árbitro Dewson Fernando Freitas da Silva. Gabriel chegaria na frente em um rebote de Fábio, Léo o impediu que aproveitar a rebatida. Pênalti que o próprio Gabriel cobrou e marcou aos 46 minutos. No segundo tempo, o Santos continuou firme, atacante. E conseguiu o terceiro gol. Gabriel deu um passe inteligentíssimo para Rildo só empurrar para as redes. Foi só o time fazer 3 a 1 e Robinho, contundido, saiu. Deu mais confiança a Marcelo Oliveira. Ela adiantou seu time. E teve muita sorte. Aos 35 minutos, Bruno Uvni falhou feio. Cabeceou para trás uma bola morta. Ela chegou até Willian que teve sangue frio para fazer 3 a 2. O golpe de misericórdia veio com o mesmo velocista. Ricardo Goulart o deixou livre de novo com Aranha. Nova conclusão perfeita. 3 a 3. Com toda a justiça, Cruzeiro e Atlético decidirão a Copa do Brasil de 2014. Minas Gerais é a capital do futebol no país. São Paulo e Rio de Janeiro, como todo o resto do país, não têm outra saída. A não ser assistir de queixo caído aos dois jogos que valem muito mais do que a pura classificação à Libertadores. Superar o maior rival decidindo um título nacional. Algo inédito, histórico. E muito merecido...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 06 Nov 2014 04:11:24

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