domingo, 11 de outubro de 2015

A divulgação do e-mail de Ataíde pelo blog provocou a renúncia de Aidar. O São Paulo se livrará do pior presidente de sua história na terça-feira. A dúvida é se as denúncias virarão caso de polícia ou não. Depende da diretoria...

A divulgação do e-mail de Ataíde pelo blog provocou a renúncia de Aidar. O São Paulo se livrará do pior presidente de sua história na terça-feira. A dúvida é se as denúncias virarão caso de polícia ou não. Depende da diretoria...




É a maior vergonha da história do São Paulo Futebol Clube. Acossado por acusações gravíssimas comissão envolvendo jogadores e a fornecedora de material esportivo, Under Armour, Carlos Miguel Aidar vai renunciar na próxima terça-feira, dia 13 de outubro. Uma dia que ficará marcado para sempre no Morumbi. A divulgação, com exclusividade pelo blog, do e-mail que Ataíde Gil Guerreiro enviou a Aidar inviabilizou a permanência do presidente até o final de 2016, quando deveria terminar o seu mandato. A revelação é de próprios dirigentes do São Paulo. Conselheiros já arquitetavam seu pedido de impeachment. Desconfiavam da participação da namorada de Aidar no acerto com Under Armour. Ela teria recebido R$ 6 milhões da comissão de R$ 18,3 milhões. Uma empresa com sede em Hong Kong receberia pela intermediação. Já descontada a parte de Cinira Maturana da Silva, musa do presidente.

Assim como a absurda transação envolvendo Iago Maidana, comprado do Criciúma por R$ 800 mil pelo Monte Criste, clube da Terceira Divisão Goiana. Dois dias depois, ele era do São Paulo por R$ 2,4 milhões. Vale a pena deixar claro o escândalo. Iago rescindiu contrato com o Criciúma em 9 de setembro, quarta, às 15h44. Assinou com o Monte Cristo em 10 de setembro, quinta, às 16h14. Rescindiu com o Monte Cristo em 11 de setembro, sexta, às 17h29. Assinou com o São Paulo em 14 de setembro, segunda, às 16h42. Os dados constam no Boletim Informativo Diário (BID) da CBF. Alguém faturou muito dinheiro do São Paulo. Foi o gerente Eduardo José Chimello, homem de confiança de Aidar, quem fechou esta transação.

Depois veio a comissão da contratação de Gustavo, jogador da Portuguesa. Fato que teria provocado o soco que Ataíde teria acertado no rosto de Aidar, no hotel Radisson. O dirigente teria oferecido rachar esse dinheiro com seu vice de futebol. Diante de tantas acusações, vários vices de Aidar avisaram que desejavam renunciar aos seus cargos. O presidente decidiu inverter a situação. Mandou seu assessor particular avisar os jornalistas que ele queria a demissão de todos. E montaria uma nova diretoria, com homens mais próximos, de sua confiança. Aproveitou e fez chegar a Juvenal Juvêncio um pedido de reconciliação. O homem que o fez presidente do São Paulo, abandonando por vezes o tratamento de câncer na próstata, fora demitido por Aidar. Acusado de ultrapassado, de não saber como administrar o clube de forma moderna. Fora inúmeras insinuações de má gestão do dinheiro do São Paulo. Envergonhado, Juvenal prometeu vingança. E trabalhou contra Aidar. Os dois romperam. E o ex-presidente mandou avisar Aidar na semana passada. Não aceitava reconciliação e teria prazer em vê-lo renunciar, abandonado por todos. Aidar se viu cada vez mais isolado. Mas iria oferecer cargos a pessoas que nunca tiveram poder no clube. Buscava milionários, dispostos a ajudar o clube a tentar se livrar da dívida de quase R$ 300 milhões, que o presidente divulgou ser "apenas" R$ 137 milhões. Mas teve de voltar atrás e admitir a verdade. O dirigente que jurou modernizar o clube não conseguiu o básico. Ele garantiu que cobriria o Morumbi, estádio que chamou de "velho, ultrapassado". Não conseguiu. Assegurou que patrocinadores brigariam para colocar sua marca na camisa do clube. Fracasso retumbante. Há um ano e quatro meses que o São Paulo não tem um patrocinador master. Esses fracassos seriam toleráveis. Até mesmo o soco que tomou de Ataíde. Tudo ficaria nos muros do Morumbi. Mas a divulgação do e-mail foi um golpe forte demais. Tudo que se desconfiava era assumido pelo braço direito do dirigente maior. Não havia mais o que se fazer. A desmoralização chegava ao seu ponto mais baixo. Guerreiro foi seu vice por um ano e meio e sabia tudo o que acontecia. Depois do direto no rosto de Aidar, ele escreveu os pecados do presidente. Entregou diretamente para o presidente do Conselho Deliberativo, Carlos Augusto Barros e Silva. Leco ficou chocado com o que leu. Outros conselheiros poderosos tiveram acesso ao e-mail. O combinado era que não seria divulgado à imprensa. Mas ele chegou às minhas mãos. Um são paulino que realmente ama o clube decidiu mostrar a sociedade tudo o que havia acontecido. Chega de Aidar ser protegido pelos dirigentes. As revelações de Ataíde foram chocantes. Vale repetir o documento que ficará para a história. Mostra transações absurdas. Forçam a renúncia de um poderoso ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil. E filho de um dos maiores presidentes do São Paulo Futebol Clube, Henri Aidar. O homem que fundou o Clube dos 13 e que voltava, 30 anos depois, para ser o grande líder do futebol brasileiro. E que sairá mais desmoralizado que José Eduardo Mesquita Pimenta. Ele chegou a ser expulso do clube por ter pedido comissão na venda de jogadores. Mas a expulsão aconteceu depois que deixou o clube. Não teve de sair como acontece agora com Aidar. Leco revelou a conselheiros. Com a divulgação da mensagem pelo meu blog, não havia o que fazer. Nada ficaria interno, como ele gostaria. O mandato de Aidar estava acabado. Ele teria de renunciar ou sofreria impeachment. Tudo era pesado demais. E chegava ao conhecimento de milhares de pessoas. O São Paulo estava desmoralizado. O e-mail... De: Ataide Gil Guerreiro [mailto:ataide@xxxx.com.br]
Enviada em: quarta-feira, 7 de outubro de 2015 17:27
Para: carlosaidar@xxxx.com
Cc: "maris@xxx"; Ataide Gil Guerreiro (ataide@xxxx.com.br)
Assunto: ENC: Renúncia Carlos Miguel: A sua conduta na Presidência do SPFC não tem a postura que eu esperava de um líder. Todas as vezes que você assumiu a responsabilidade pela negociação de atleta, isolando a área de futebol, ficava uma suspeita de algo errado, foi assim no Douglas, Wesley, Denilson, acreditando em você não investiguei a fundo. Agora porém você exagerou na contratação do Yago, não tem como justificar, os fatos foram grosseiros, prova do sentido de impunidade. Tudo isto ficaria sem comprovação, mas quando você me ofereceu repartir a comissão na contratação do Gustavo da Portuguesa, primeiro a sós e depois na frente da Cinira, vi que vocês dois estavam realmente lesando os interesses do clube. Para tratar com desleais só mesmo usando das mesmas armas.

Fui sábado com um gravador e consegui que você me dissesse em sequência, tudo limpamente gravado: 1- Descrevesse como você receberia o dinheiro da comissão na contratação do atleta e você ainda destaca que me entregaria em dinheiro circulante e nenhum de nos correria qualquer risco. 2- Mais grave ainda, quando lhe mostrei os dados sobre um possível contrato entre a TML e a Under Armour, você com a maior “cara de pau” diz que de fato tentou a comissão indevida mas que o contrato não foi assinado, logo você confessa corrupção que apenas não se consumou contra sua vontade. 3- Quando abordei a Far East, você negou que participa mas denunciou como cabeça de uma operação fraudulenta o Douglas. 4- Você menciona em detalhes que o Douglas perdeu a noção do perigo e pede comissão em todas as operações.

Carlos Miguel, não quero ver o SPFC envolvido em mais escândalos, mas não pode continuar sendo presidido por você com todas os problemas que você confessa na gravação com a maior simplicidade, como se seus atos fossem lícitos e normais. O Antônio Cláudio me aconselhou a não entregar as provas para a CPI do Futebol, mas que as libere ao presidente do Conselho Deliberativo. O escândalo será iminente e prejudicará o SPFC, a sua imagem pessoal e será devastador também ao seu escritório de advocacia. Não esqueça que a CPI Futebol tem poderes para confirmar se a Under Armour Brasil pagou a TML e como a sede da empresa mãe fica nos Estados Unidos, poderá implicar em problemas graves para a multinacional. Me parece quem em face dos fatos só resta a você renunciar. Só quero que o SPFC seja decente, imagem que você maculou e se continuar a frente do clube a cada dia será pior, o que você fala do Douglas na gravação vale para você : “perdeu o temor da impunidade”. O Antônio Cláudio está copiado, por ser nosso amigo comum, sério e interessado no saneamento da administração do SPFC.

ATAÍDE GIL GUERREIRO


Logo depois que o e-mail saiu no blog, inúmeros veículos de comunicação o reproduziram. Ataíde divulgou uma nota oficial. Sabia que o e-mail era verdadeiro. Disse que não falaria mais aos jornalistas. Explicaria as transações ao Conselho Deliberativo e só. Carlos Eduardo Barros e Silva foi procurado por inúmeros conselheiros revoltados. Ele confirmou a veracidade da publicação e disse ter argumentos para o pedido de impeachment.

Aidar foi avisado que era melhor renunciar. Sua família pediu sua saída. Assim como seus sócios do escritório de advocacia. Ataíde não recuaria iria manter as acusações. Principalmente a que recebeu a proposta de rachar a comissão de Gustavo, da Portuguesa.

O presidente avisou a Leco e seu assessor pessoal espalhou a desculpa que Aidar pretende dar. Diz que Ataíde tem graves problemas financeiros. E que a comissão seria uma maneira "disfarçada" de dar dinheiro ao seu parceiro. Já que se oferecesse diretamente, Ataíde orgulhoso, não aceitaria.


Ninguém no São Paulo, muito menos Ataíde, acredita nessa desculpa.

Com a renúncia de Aidar, Carlos Augusto Barros e Silva se torna presidente. Tem 30 dias para convocar nova eleição. E já surge como favorito ao cargo.

Leco é um homem muito importante no que virá a seguir. A oposição quer que os fatos apontados por Ataíde sejam apurados. Com a divulgação de documentos e até da gravação que teria feito. Aliados de Juvenal defendem até o envolvimento de polícia, se preciso for.

O grupo de ex-presidentes querem que tudo termine com a saída e possível expulsão de Aidar. Postura para preservar a imagem tão abalada do clube.

Esse é o novo impasse.

A herança de Carlos Miguel Aidar.

Não é o novo Morumbi.

A modernização de todo o clube, como alardeava.

Mas cercar o São Paulo Futebol clube de vergonha.

Com a possibilidade de virar um caso de polícia.

Nem seus inimigos mais poderosos imaginavam esse fim.

A renúncia pode ainda não ser o ponto mais baixo.

O constrangimento da era Aidar pode continuar.

Só depende da coragem dos conselheiros.

E encarar a verdade.

Ou então, agir como avestruzes.

Com medo, enfiar suas cabeças em buracos.

E deixar algumas perguntas sem respostas.

Cinira recebeu comissão da Under Armour?

Por que o São Paulo pagou tanto por Iago Maidana?

Quem ganhou dinheiro com esse negócio?

Quem é o Douglas que pede comissão em cada transação?

Carlos Miguel tinha o direito de rachar comissão de jogador?

E o conselheiro, o sócio, o torcedor?

Não merecem essas respostas?

Quanto a Adair, ele foi profético.

Disse que voltava à presidência para fazer história.

Fez.

Será para sempre lembrado no São Paulo.

Nunca um presidente envergonhou tanto esse importante clube...



Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 11 Oct 2015 16:36:39

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