terça-feira, 13 de outubro de 2015

Carlos Miguel Aidar dá vexame até na renúncia. Não entrega carta no Morumbi. Para evitar conselheiros, a leva a advogado de acusado da operação Lava Jato. Assim o São Paulo se livra do seu pior presidente...

Carlos Miguel Aidar dá vexame até na renúncia. Não entrega carta no Morumbi. Para evitar conselheiros, a leva a advogado de acusado da operação Lava Jato. Assim o São Paulo se livra do seu pior presidente...




A passagem de Carlos Miguel Aidar conseguiu ser deprimente do início ao fim. O presidente que revolucionaria o futebol brasileiro acaba de entregar o cargo. Ou ele renunciava ou seria colocado para fora do São Paulo. Tantas eram as denúncias pesadíssimas contra o dirigente, em transações e em pagamento de comissões. O último vexame aconteceu na hora de entregar a carta de renúncia. Aidar não teve coragem sequer de ir ao Morumbi. Em vez de ir para a praça Roberto Gomes Pedrosa, número 1, ele tomou outra direção. Foi até a avenida Paulista 1048, 4º andar. Escritório de Antônio Cláudio Mariz de Oliveira. Um dos advogados mais importantes do país. A falecida proprietária da Daslu, Eliana Tranchesi, acusada de formação de quadrilha e falsidade ideológica; o filho de Pelé, Edinho, acusado de envolvimento com tráfico de drogas; Antonio Marcos Pimenta Neves, ex-diretor de redação de O Estado de S.Paulo, que confessou ter assassinado a namorada a tiros; o falecido ex-prefeito Celso Pitta, que enfrentou um processo de impeachment; e Suzane von Richthofen, a estudante que mandou matar os pais. Além do vice-presidente da construtora Camargo Corrêa, Eduardo Leite, na operação Lava-Jato. Foi para Mariz, seu amigo de décadas que Carlos Miguel resolveu entregar sua carta de demissão a Mariz. E ele que já defendeu tanta gente, recebeu mais uma incumbência. Convencer o novo presidente, Carlos Augusto Barros e Silva, Leco, a manter internas as investigações das acusações a Aidar. Usando como principal argumento não "manchar a imagem" do São Paulo. Cercado de jornalistas que sabiam que Aidar iria para o escritório de Mariz, ele só teve coragem de dizer uma frase. "Agora, o presidente do São Paulo é o Leco." Disse dentro do moderno seu Mini Cooper vermelho. Não quis ir ao Morumbi para não ter de explicar denúncias aos conselheiros.

O vice-presidente Ataíde Gil Guerreiro é o principal responsável pela queda de Aidar. Foi seu braço direito por um ano e meio. Até resolveu esmurrá-lo na segunda-feira passada no hotel Radisson. Segundo ele, por receber proposta indecente envolvendo comissão em negociações. Depois de demitido na própria segunda-feiras, na terça, o dirigente apresentou sua demissão por escrito. E na quarta-feira passou um e-mail para Aidar e Mariz, amigo em comum. E exigiu a renúncia do presidente, ameaçando tornar públicas as denúncias contra ele. O e-mail chegou até Leco. Ele ficou chocado. Estava propenso a mantê-lo secreto, revelado apenas a conselheiros mais importantes. Mas o blog teve acesso e o publicou, acabando com a tentativa de evitar o escândalo. Ataíde também teria gravado confissões de Aidar. Nelas outra vez o assunto seria comissões. Leco também já teria ouvido. E o caminho era simples. Renúncia o impeachment. A partir de hoje, Leco é o presidente do São Paulo. Tem 30 dias para convocar novas eleições. Ele é candidato assumido. E pode sofrer a concorrência do ex-vice de relações internacionais de Aidar, Eduardo Alfano. A tarde foi histórica para o clube. O presidente foi obrigado a renunciar depois de um ano e meio no cargo. Sua volta depois de 30 anos ao comando do clube acabou sendo lastimável. Foram confusões, problemas e denúncias. Primeiro ele virou as costas a Juvenal Juvêncio, homem que deu a presidência do São Paulo a ele. Juvenal deixou várias vezes o tratamento que faz contra o câncer de próstata para ajudar Aidar na campanha à presidência. Juvenal não gostou quando soube que Mariana, filha de Aidar, seria uma de suas auxiliares diretas. Ela é agente Fifa. Houve aí o primeiro embate. Com acusação de o ex-presidente deixar o clube mergulhado no atraso administrativo. E a famosa promessa. De 900 funcionários, com ele, o clube teria 90. Juvenal o atacou pela imprensa. E veio a demissão sumária do ex-presidente de Cotia. A partir daí, o clube estava rachado entre os dois.

Depois a desavença com Paulo Nobre por causa de Alan Kardec. Acusou o Palmeiras de estar se apequenando. Depois veio problema com o Corinthians. Chamou Andrés Sanchez de mestre de obra. E disse que o "Itaquerão" é "outro mundo, outro país". Também conseguiu entrar em rota de choque com o Napoli. O clube italiano estava sondando Ganso. "Não acredito que o Napoli tenha essa bala toda. Sem menosprezar o Napoli. A Camorra já não tem mais esse poder todo." Camorra é a famosa Máfia. O Napoli ameaçou processar o dirigente. Depois conseguir ter a direção do Cruzeiro, como inimiga. O clube mineiro foi apontado como exemplo. "Não vejo o Cruzeiro como exemplo por uma razão muito simples. O Cruzeiro compra e atrasa os pagamentos. Nós compramos e pagamos as prestações dos atletas." Ele conseguiu se sabotar como homem que iria formar uma nova liga para enfrentar a CBF, como foi um dia o Clube dos 13, que fundou. Mas aí vieram as denúncias. A primeira foi a que desejava dar 20% de comissão da Puma para a namorada Cinira Maturana. O dirigente confirmou que era verdade. Os conselheiros ficaram revoltados. Cinira avisou que estava se afastando do São Paulo Futebol Clube. O que Ataíde Gil Guerreiro tem certeza que não aconteceu. E a acusa de ter recebido R$ 6 milhões de comissão da negociação do clube com Under Armour, substituta da Penalty. Aidar teve de enfrentar o absurdo caso Iago Maidana. A negociação foi intermediada pela empresa “Itaquerão Soccer”, que pagou R$ 800 mil ao Criciúma pelo jogador e, em seguida, o registrou no Monte Cristo, clube da terceira divisão goiana. Dois dias após o registro, o zagueiro teve 60% de seus direitos econômicos vendidos para o São Paulo por R$ 2,4 milhões. O gerente de futebol José Eduardo Chimello é o responsável pela contratação do lado do São Paulo. Ele era homem de total confiança de Aidar.

Ataíde descreve no e-mail o que gravou das conversas com Aidar. Fui sábado com um gravador e consegui que você me dissesse em sequência, tudo limpamente gravado: "1- Descrevesse como você receberia o dinheiro da comissão na contratação do atleta e você ainda destaca que me entregaria em dinheiro circulante e nenhum de nos correria qualquer risco. 2- Mais grave ainda, quando lhe mostrei os dados sobre um possível contrato entre a TML e a Under Armour, você com a maior “cara de pau” diz que de fato tentou a comissão indevida mas que o contrato não foi assinado, logo você confessa corrupção que apenas não se consumou contra sua vontade. 3- Quando abordei a Far East, você negou que participa mas denunciou como cabeça de uma operação fraudulenta o Douglas. 4- Você menciona em detalhes que o Douglas perdeu a noção do perigo e pede comissão em todas as operações."

Conselheiros no Morumbi têm a certeza de "Douglas" era o vice de marketing, Douglas Schwartzmann. Seu grupo político, "Movimento São Paulo", exigem explicações. As denúncias publicadas pelo blog fizeram a família de Aidar e os sócios do presidente no seu escritório de advocacia a tomar uma postura. E exigir sua renúncia. Pessoas ligadas ao dirigente afirmam até que sua famosa namorada Cinira também pediu que saísse do São Paulo. No futebol, depois de 30 anos, Aidar foi um presidente a ficar um mandato e não conseguir títulos. Aproveitou "oportuna" operação de diverticulite de Muricy, a quem considerava homem de Juvenal, e contratou o colombiano Osório. O iludiu dizendo que daria um elenco repleto de talentos com potencial para ganhar o Brasileiro e a Copa Libertadores. Mal o treinador pisou no Brasil e encontrou um clube com problemas financeiros, sem pagar salário e direitos de imagem em dia. Sofreu com um desmanche. E foi sabotado pelo próprio presidente. Não pensou duas vezes em trocar o São Paulo pelo México. Aidar contratou Doriva, ex-jogador que treinava a Ponte Preta. Não há a menor certeza se ele continuará no clube. Leco sempre gostou de técnicos consagrados, vividos. Aidar fracassou no sonhado projeto de cobertura do Morumbi, estádio que considerou ultrapassado, velho. Leco é uma pessoa conservadora e discreta. A princípio há chance de que Mariz consiga seu intento. E o São Paulo tente blindar Aidar em nome do clube. E todas as denúncias sejam investigadas internamente. Mas há muitos conselheiros que não concordam com essa decisão. Aliás, Leco está propenso a recolocar Ataíde Gil Guerreiro na vice presidência de futebol. A verdade é que Carlos Miguel cavou a própria cova. As denúncias são estarrecedoras. Era impossível que Aidar continuasse como presidente. 18 meses bastaram para estragar sua consagrada imagem.

Era apontado como um dos melhores presidentes da história.

Hoje vai embora como pior.

E tem de agradecer aos céus se as denúncias ficarem só no São Paulo.

Há vários conselheiros defendendo que virem caso de polícia.

Mariz que se prepare.

Talvez tenha mais trabalho no Morumbi do que com seus famosos clientes...



Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 13 Oct 2015 18:50:54

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