quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Em vez da comemoração pela chegada à decisão da Copa do Brasil, a tensão domina o Palmeiras. O trauma de Marcelo Oliveira, por três derrotas em finais, e em casa, preocupa a todos. Principalmente o abalado treinador...

Em vez da comemoração pela chegada à decisão da Copa do Brasil, a tensão domina o Palmeiras. O trauma de Marcelo Oliveira, por três derrotas em finais, e em casa, preocupa a todos. Principalmente o abalado treinador...




Jornalistas de Belo Horizonte e Curitiba têm o mesmo diagnóstico. Marcelo Oliveira é um excelente treinador para competições por pontos corridos. Mas ele se perde em mata-mata. Seu currículo mostra a conquista da Segunda Divisão do Campeonato Mineiro com o Ipatinga. Dois Campeonatos Paranaenses pelo Coritiba. Dois Brasileiros e um Mineiro pelo Cruzeiro. Com a sofrida vitória contra o Fluminense, ele chegou à quarta final de Copa do Brasil. Perdeu as três que disputou. Em 2011, comandando o Coritiba, para o Vasco. Em 2012, caiu ainda no time paranaense, diante do Palmeiras de Felipão. Em 2014, sucumbiu com o Cruzeiro diante do rival Atlético Mineiro. Detalhe fundamental. Todos os jogos finais, decisivos, aconteceram com os times de Marcelo atuando em casa. Perdeu duas Copas do Brasil no Couto Pereira, diante da torcida do Coritiba. E no Mineirão, com o incentivo dos cruzeirenses. Para piorar seu histórico em competições eliminatórias, há a Libertadores. O Cruzeiro caiu diante do San Lorenzo empatando nas quartas de final, em 2014. E neste ano foi eliminado também nas quartas, perdeu para o River Plate por 3 a 0. Outra vez, os jogos aconteceram na casa do time de Marcelo Oliveira: no Mineirão, diante da torcida cruzeirense. A segunda eliminação, diante dos argentinos, custou o seu emprego na Toca da Raposa.

Nenhum técnico neste país conseguiu chegar a quatro finais da Copa do Brasil em cinco anos. O que é um enorme mérito. Mas a impressão dos repórteres que acompanharam o Coritiba e o Cruzeiro nestas decisões é a mesma. Marcelo acaba se deixando envolver emocionalmente demais nos mata-matas. Não consegue suportar a pressão psicológica. A obrigação de vencer. Sua insegurança reflete nos jogadores, diretoria, torcida. E as decepções se acumularam. A situação não acontece em campeonatos de pontos corridos porque uma derrota pode ser recuperada. Marcelo Oliveira vem dando mostras que as críticas da imprensa paranaense e mineira se justificam. Mesmo tendo um elenco muito melhor, o Palmeiras sofreu demais para passar por Cruzeiro, Internacional e Fluminense. Conselheiros reclamaram muito com Paulo Nobre pela insegurança do time. E o lembraram de quanto é fundamental estar na Libertadores de 2016. Teoricamente será o último ano dele como presidente. Há um movimento para esticar em um ano seu mandato ou até dar a possibilidade a concorrer por outro, de três anos. E precisa da lealdade dos torcedores. Não foi por acaso que ao final da decisão por pênaltis, ontem, Nobre fez questão de invadir o gramado. Comemorar com os jogadores e, principalmente, com o treinador. Foi uma resposta aos conselheiros de quanto apoia Oliveira. E também a demonstração ao técnico o quanto precisa de o time vitorioso na Copa do Brasil. Há horas em que o dirigente não responde ao jornalista. Mas manda recado aos conselheiros. Foi o caso de Paulo Nobre ontem. "Eu sofro muito como presidente que estou e como torcedor que sou. É duro, mas ser palmeirense é uma coisa muito especial. As coisas aqui são bem mais gostosas. Vim dar os parabéns para a galera, porque eles merecem. "Eu não diria que surpreendeu (o Palmeiras chegar à final), porque trabalhamos para isso, isto vem coroar um trabalho que está sendo feito super sério. Chegar na final não é fácil. Em duas, mais difícil ainda. O trabalho está no caminho certo."

Além da satisfação, da chance de aumentar seu período como presidente do Palmeiras, há muito dinheiro envolvido. Paulo Nobre quer aproveitar ao máximo a nova arena na Libertadores de 2016. Se vier a classificação, o time será reforçado. A promessa de Nobre a conselheiros é de pelo menos três estrelas. Um zagueiro, um volante e um meia, camisa 10. E daí arrecadar pelo menos R$ 5 milhões por partida da competição sul-americana. Para isso é necessário que Marcelo Oliveira dome os nervos. Até o executivo Alexandre Mattos faz novena. Reza para o treinador, amigo íntimo há anos, recupere a serenidade. E transmita confiança nos dois jogos finais diante do Santos. Motivo não falta. A começar pela série de ameaças de morte que recebeu no seu celular. Ele já avisou a polícia. E ontem não se segurou. Revelou aos jornalistas o que vem sofrendo. "Perdemos dois jogos e parecia que o mundo tinha acabado. Chegamos em duas finais na segunda possível. Parecia que o mundo ia acabar. E mesmo se perdesse, não acabaria. Tem que ter calma porque a gente recebe mensagem, cara falando que vai matar, andar na rua, não sei o quê. "Torcida apoia. Esses são uns bobos que arranjam o telefone e falam que vão matar, vou fazer, vou acontecer. O futebol vai caminhando para um lado que não tem nada a ver. A gente tem que ter calma na análise. Isso é muito influenciado pelas pessoas do mal que existe." Marcelo Oliveira sabia dessas ameaças. Os jogadores, não. Apenas eram xingados e cobrados pela exigente torcida palmeirense. A chegada à uma decisão de título tão importante quanto a Copa do Brasil deveria ser apenas motivo de comemoração. Mas a tensão de Marcelo Oliveira estava presente na coletiva de ontem. Era uma cena que ele já viveu três vezes. Jornalistas fazendo perguntas sobre a empolgação da proximidade de um título nacional. Restando apenas dois jogos depois de uma caminhada sofrida. Marcelo reagiu da mesma maneira que das três vezes anteriores. O que é ruim. Ele preferiu se irritar os momentos de pane do seu time do que passar uma mensagem de confiança na disputa do título. Embora o Santos seja favorito, é um clássico entre adversários históricos. "No Brasil, é assim mesmo. O técnico é muito bom porque deu uma arrancada de sete jogos, aí o time caiu e já não está tão legal. O torcedor também analisa com a paixão. Só me cabe cuidar da saúde e trabalhar honestamente." Que mensagem é esta de um treinador classificado para uma final? "Cuidar da saúde?" "Trabalhar honestamente?"

Técnico de clube importante precisa ter personalidade. Se impor. Ele é o líder de um grupo. Embora finalista da Copa do Brasil, há nos conselheiros do Palmeiras um ar decepção com Marcelo Oliveira. Como o Grêmio tem uma tradição de equipe aguerrida, o Atlético Mineiro de toque de bola, o Palmeiras historicamente cadencia seu jogo, busca tabelas, sai da defesa para o meio de campo com tabelas, infiltrações. Com Marcelo Oliveira, o time vive à base dos chutões dos zagueiros para a frente, como se os meio campistas não existissem. A recomposição é lenta. Os volantes estão invariavelmente mal colocados. A zaga está desprotegida. As substituições do treinador são assustadoras. Como a de ontem, quando tirou Robinho e colocou Rafael Marques. Escancarou seu meio de campo. Ofereceu a recuperação para o Fluminense. Marcelo foi responsável pelo sufoco que o Palmeiras sofreu nos últimos minutos de jogo. Tudo parece ligado ao seu emocional. Daí ter de "cuidar da saúde". O momento deveria ser de euforia no Palestra Itália. A CBF pagará uma premiação de R$ 7,9 milhões ao campeão. Nobre já decidiu que deverá dar parte desse dinheiro aos atletas. Conselheiros falam que dividiriam entre R$ 1 milhão e R$ 2 milhões. Proporcionais ao número de jogos na competição. Mas antes de pensar em dinheiro, a primeira providência a ser tomada é Marcelo Oliveira se acalmar. Não confundir vontade de ser campeão com tensão, preocupação. Ele precisa passar confiança aos seus jogadores e aos dirigentes. Tem um adversário muito poderoso pela frente. E que está jogando melhor que o Palmeiras. Sorte que os jogos serão nos dias 25 de novembro e 2 de dezembro. Há tempo de estudar todos os pontos fortes e fracos do Santos. Esperar pela recuperação de Arouca e Cleiton Xavier. Gabriel, os médicos alegam ser impossível. Porém mais do que tudo é necessário tratar o lado psicológico de Marcelo Oliveira. A hora de acabar com seu trauma no mata-mata chegou. Que busque uma terapia intensiva...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 29 Oct 2015 11:45:28

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