sexta-feira, 16 de outubro de 2015

O empolgante trabalho de Tite no Corinthians. Em detalhes, o caminho que deixou o clube a um passo da conquista Brasileiro de 2015. Não é por acaso que virou uma ameaça para Dunga na Seleção Brasileira...

O empolgante trabalho de Tite no Corinthians. Em detalhes, o caminho que deixou o clube a um passo da conquista Brasileiro de 2015. Não é por acaso que virou uma ameaça para Dunga na Seleção Brasileira...




Levir Culpi resumiu com maestria. "Se não fosse o Atlético Mineiro, o Brasileiro não teria graça. O Corinthians já seria o campeão." A autoridade com que o time de Tite não tomou conhecimento do Goiás foi impressionante. Desprezou a pressão por ter o Atlético Mineiro grudado nas costas, com dois pontos de diferença. Continuou fazendo se sua casa, um incrível abatedouro. 3 a 0 foi pouco. Chegou a incríveis 88,8% de aproveitamento no Itaquerão. Em 15 jogos, venceu 13. Empatou com o Grêmio e só perdeu para o Palmeiras. Em 2003, Ricardo Teixeira imitou os torneios europeus e impôs o Brasileiro por pontos corridos. Desde então, os melhores mandantes foram Santos (2006), Cruzeiro (2008 e 2014), Grêmio (2009), Corinthians (2010), Atlético-MG (2012) e São Paulo (2012). Todos com 82,45%. O atual time de Tite está indo além. Na fácil vitória de ontem, Tite se deu ao luxo de poupar Elias. Ter uma defesa que nunca atuou junta. Edilson, Edu Dracena, Gil e Guilherme Arana. E ainda manter como titular Vagner Love, o jogador que decidiu mais perder gols neste país. Empolgado com a festa por mais uma vitória. A recuperação de cinco pontos de distância do principal concorrente, faltando apenas oito rodadas para o Brasileiro acabar, soltou a língua do treinador. Tite deixou escapar um dos segredos para compreender o Corinthians constante, firme de 2015. E sua influência nos times de seu ídolo. O catalão Pep Guardiola.

"Nós temos uma equipe que não é habilidosa no enfrentamento um contra um, é mais de mobilidade, de troca de passes, é uma equipe técnica. E técnica é troca de passes, eles gostam de ficar com a bola. Tem determinados momentos que é bom até para descansar. "Mas eu procuro posse com efetividade, trabalhar de um lado para o outro para procurar profundidade. É uma escola. Tem o lado bom e o ruim, mas é como essa equipe gosta de jogar, como eu gosto de ver jogar. Digo: trabalha a bola, triangula nos setores e infiltra. Não para deixar passar tempo, mas para procurar agredir." Sem jogadores do potencial de Iniesta, Xavi, Schweinsteiger, Vidal, Thiago Alcântara, Javier Martínez, o técnico corintiano tem se escorado na sua filosofia. Tanto faz Elias, Rodriguinho, Renato Augusto, Danilo, Ralf, Jadson. Principalmente em casa, a posse de bola é valorizada. Ter o domínio do jogo é o óbvio, mas principal segredo dos times de Guardiola e de Adenor. Enquanto a seleção estrangeira da Bavária bate costumeiramente nos 60% até 70%, o Corinthians é o time a mandar nos jogos, no seu estádio. Constantemente tem o domínio da partida. Fica entre 55% a 60%. São não chega a ser maior por erros de passe, por não ter um elenco tão qualificado quanto o Bayern. Compactação, recomposição, triângulos pelas laterais e pelo meio, marcação adiantada. Tudo de mais moderno é utilizado no versátil esquema 4-1-4-1. Mais coragem ofensiva no campo adversário é o defeito que ainda precisa ser corrigido em uma campanha arrasadora. Em 30 partidas são 19 vitórias, sete empates e quatro derrotas. Aproveitamento de 71,1%. Tite estava entusiasmado pouco antes da partida contra o Goiás. O presidente Roberto de Andrade o procurou e falou. Estava resolvida a dívida com Danilo, Ralf, Renato Augusto e Elias. Eles tinham entre oito e dez meses direito de imagem e luvas atrasados. Além disso, jurou que nada atrasará mais até o final de 2015. O Corinthians conseguiu seu terceiro empréstimo bancário. Lembrando que todo o dinheiro arrecadado no Itaquerão vai para um fundo, para pagar o estádio. Foi o acordo feito por Andrés Sanchez, Odebrecht, Caixa e o BNDES.

O técnico foi fundamental na manutenção do bom clima mesmo com os atrasos constantes. Ele deu sua palavra que o dinheiro seria pago. E incentivou os jogadores lembrando que ganhariam muito com a eventual conquista do título, classificação para a Libertadores. Os atletas acreditaram piamente nele. Muito mais do que nos dirigentes. "Esse grupo está com tesão pra caralho", se excedeu o quase sempre comedido técnico ao Lance! Seu palavrão repercutiu, disfarçou suas melhores declarações na entrevista. As que resumiram e explicam a trajetória corintiana até aqui. "No Paulista fizemos um grande campeonato. As duas melhores equipes, com o melhor futebol apresentado, foram a nossa e o Santos. Nós ficamos fora, e o Santos foi campeão. Foi um grande trabalho, mas ficou gosto de quero mais. Aquela coisa: “Pô, cara, sair invicto não era para ser, ou merecia ir pelo menos na final”. Na Libertadores tivemos um dos três melhores desempenhos. Nós, Atlético-MG, e Boca Juniors (ARG). Depois, pontualmente, apareceu uma ou outra equipe. Aí pegamos o Guaraní (PAR) em um dia errado, perdemos, e aí pressionou em casa. Na Copa do Brasil o Santos foi melhor que a gente, mais efetivo em casa e aqui fez o gol em um momento em que era para nós sairmos na frente. Jogamos menos do que poderíamos. Mas o Brasileirão está sendo exemplar. A gente aprendeu as lições (das eliminações). E o maior aprendizado é ficar focado, ter equilíbrio emocional, cuidados fora de campo com sono, alimentação e trabalho. Isso será determinante para tornar realidade essa conquista." Tite chegou a não acreditar, logo depois da eliminação da Libertadores, que o Corinthians pudesse vencer o Brasileiro. Chegou a abrir mão da competição. Sabia que havia a necessidade de reformular a equipe. Jogadores fundamentais como Guerrero, Sheik, Fábio Santos foram embora. Além da perda técnica, havia a liderança se esvaindo. "Eu não pensava “vai bater campeão”. E é claro que em um período de reestruturação ficava pensando que era mais difícil sonhar com título. Eu pensava “será que a equipe vai crescer? Será que vai buscar o título”? E as respostas dentro do campo foram consolidando isso."

A costura que Tite conseguiu fazer no Corinthians de 2015 é exemplar. Além de considerá-lo o melhor treinador do país, Roberto de Andrade peitou Mario Gobbi e dispensou Mano Menezes por uma grande diferença entre os dois técnicos. O poder agregador, a humanidade. Os jogadores detestam a arrogância de Mano. E adoram a proximidade, a cumplicidade de Adenor. A administração do grupo é muito superior ao seu antecessor. O apoio e a atenção que dispensa a Vagner Love, por exemplo, é algo incrível. Tite sabe que, se vier nova conquista de Brasileiro, seu currículo ficará ainda mais respeitável. Seria o segundo título nacional. Ele já tem o Mundial, a Libertadores, a Copa Sul-Americana, a Recopa Sul-Americana, a Copa do Brasil, dois Gaúchos e o Paulista. Com o Brasil de Dunga seguindo instável, seu nome voltou a ser citado na CBF. Para sobreviver, Marco Polo pode engolir o ódio que nutre por Andrés Sanchez. E chamar o técnico corintiano. Basta o time de Dunga seguir decepcionando. Tite já se iludiu muito em 2012, na queda de Mano. Continua com sua obsessão pela Seleção. Mas controlada. A fórceps por seus assessores. O treinador tenta demonstrar uma paciência que não tem. "Muitos corintianos dizem que eu mereço ir para a seleção brasileira, mas logo complementam pedindo para ficar no Corinthians. Esse carinho é impagável. Torço, peço e coloco de maneira muito clara que deem todas as condições à essa comissão técnica de trabalhar, porque o ciclo no futebol deve ser respeitado. É o ciclo do Dunga na Seleção até o final. Em um outro momento, após a próxima Copa do Mundo, vou estar postulante ao cargo e que se dê todas as condições ao profissional que lá estiver."

A grande verdade é que seu foco agora está nestes últimos oito últimos adversários. Atlético Paranaense, em Curitiba; Flamengo, em São Paulo; Atlético Mineiro, em Belo Horizonte; Coritiba, em São Paulo; Vasco, no Rio de Janeiro; São Paulo, no Itaquerão; Sport, em Recife; e finalmente, Avaí, em São Paulo. Com cinco pontos de vantagem, o caminho para o título está aberto. Repetindo o sábio Levir. "Se não fosse o Atlético, o Brasileiro não teria graça. O Corinthians já seria O campeão..."




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 16 Oct 2015 08:06:06

Nenhum comentário:

Postar um comentário