quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Para desviar o foco do fraco futebol da Seleção de Dunga, Galvão Bueno se expõe ao ridículo. Imita Tiago Leifert. E tenta humilhar a Argentina. Truque barato que não funciona...

Para desviar o foco do fraco futebol da Seleção de Dunga, Galvão Bueno se expõe ao ridículo. Imita Tiago Leifert. E tenta humilhar a Argentina. Truque barato que não funciona...




Tudo o que Galvão Bueno faz fora do normal exige a permissão da cúpula da Globo. Há uma decisão "genial" da emissora nestas Eliminatórias para desviar o foco da fragilidade da Seleção. Tentar desmerecer a todo instante a Seleção Argentina. Virou obsessão. No Globo Esporte, no Jornal Nacional, no Jornal da Globo, na Ana Maria Braga, no Zorra Total... Durante a transmissão da partida do Brasil contra a Venezuela, Galvão parecia estava mais obcecado com os argentinos do que com os brasileiro. Vibrou com o empate com os paraguaios, em plena Assunção, como se fosse uma desonra. Na abertura das Eliminatórias já havia sido assim. Foi com sorriso e brilho nos olhos, com a sensação parecida a de um orgasmo, que anunciou a derrota dos argentinos para o Equador em casa. Se fosse Thiago Leifert seria compreensível. Com o aval de seu pai, diretor de relações comerciais da Rede Globo, ele "revolucionou" o jornalismo esportivo. Trocou informações por brincadeiras. Muitas vezes forçadas, artificiais. Se fantasiou de vampiro, mostrou o comentarista Caio Ribeiro de lobisomem, sambando, cantando. "Pagando mico" como gostava de falar. Havia um motivo. O "efeito Pica Pau". O desenho estava ganhando a disputa pela audiência do Globo Esporte. Com o respaldo do pai, Leifert apresentou o projeto à direção da emissor. Acabar com o lado "careta" do futebol. Institucionalizar o entretenimento. Priorizar a história de um pipoqueiro que sabe tocar berrante e esquecer de descrever o jogo, as consequências da derrota, da vitória. Sempre com um ritmo acelerado, com muita música e sempre procurando fazer piada do esporte. Quanto mais cores, melhor. Skate, surfe, videogames e, nas coletivas, humor de gosto duvidoso. Como quando Barcos do Palmeiras foi comparado em plena coletiva com o falecido jurado Pedro de Lara. Ele xingou o repórter da Globo. Foram vários casos. Setoristas nos clubes chegaram a temer o fim das coletivas quando chegava a vez de um jornalista global perguntar. Era quase a mesma sensação de repórteres do Pânico. O humor do jogador ou técnico já se alterava esperando a gracinha. A humilhação. Os mais humildes se submetiam de bom grado ao bullyng. Único recurso para aparecer na televisão. Se fantasiaram, imitaram narradores, dançaram vestidos de Michael Jackson.

Tudo feito para encantar, distrair, segurar os garotos que sentiam vontade de ver o Pica Pau. O mesmo segredo de Jack Ass, que o Pânico explora à exaustão. Adolescentes adoram ver pessoas sendo humilhadas na tevê. Entre as "descobertas" de Leifert, tentou de todas as maneiras reviver a rivalidade entre brasileiros e argentinos. De forma artificial ria, provocava, ironizava cada derrota do país vizinho. Ou menosprezava as vitórias. Sem respeito algum. O compromisso de Leifert nunca foi com a informação. Foi sempre com ele mesmo. Mostrar ao mundo que poderia ser apresentador. O Globo Esporte acabou sendo só o veículo para a autopromoção. Por isso abandonou sem constrangimento o esporte e foi para o concurso musical chamado The Voice Brasil. Onde até cantou, chorou, dançou. Quis se mostrar um showman. Segue lá até hoje. Não bastasse, ganhou a participação em um programa matinal aos sábados, É de Casa. Até agora um fracasso para as pretensões da emissora. Tanto que se cogita mudar os apresentadores. O resultado não é animador. Não para quem já era apontado, por críticos apressados, como provável substituto de Faustão. A tática tirar o foco dos muitos problemas da Seleção Brasileira apontando os da Argentina combinaria com Leifert. Aos 35 anos e sem grande compromisso com a informação. E sim com a diversão, audiência. Galvão Bueno tem 65 anos. É o maior narrador do Brasil. Começou na rádio Gazeta em 1974. Oito anos antes de Tiago nascer. Ele tem um passado respeitável. Deveria zelar pelo seu compromisso como dono da voz do futebol no país.

O que está tentando fazer é pobre demais. Se o Brasil tem uma geração mediana e só um espetacular jogador, que ele cobre um treinador de altíssimo nível. Se não for brasileiro, um estrangeiro. Ou aponte caminhos para Dunga. Proponha soluções. Ele sabe que as sugestões da Globo são muito bem acolhidas na fragilizada CBF de Marco Polo. É lastimável o que Galvão se propôs a fazer. Já tomou invertida até no seu programa Bem, Amigos no Sportv. Lá ele exagera mesmo. Se na transmissão de ontem, só faltava dar cambalhotas tentando humilhar o empate da Argentina, no canal a cabo, ele perde o senso de vez. O diretor do programa, Ingo Ostrovsky, sabe que é melhor não comprar briga. Ingo é amigo de Galvão há anos. Era o assessor de imprensa da Nike. E foi o autor da biografia do narrador, Fala, Galvão. "Fico imaginando os tantos programas de rádio e televisão na Argentina, o que os caras tão discutindo terem perdido em casa do Equador por 2 a 0", disse, rindo, satisfeito. Na emissora todos sabem que não é bom contrariar Galvão. Renato Mauricio Prado ousou enfrentá-lo na Olimpíada de Londres. Disse que o narrador fora do ar disse que o Brasil foi medalha de prata nos Estados Unidos porque a então União Soviética boicotou a competição de 1984. Bueno ficou revoltado. Discutiram no ar. E apesar de ter sido correspondente em Roma, editor do caderno de esportes do Globo, diretor de redação do jornal Extra e colunista há mais de 20 anos do próprio Globo, Renato não teve seu contrato renovado com o Sportv. Mas na segunda-feira, Marco Antônio Rodrigues não suportou a postura de Galvão. Trabalhei com "Bodão" no Jornal da Tarde. Estava iniciando a carreira e sabia o quanto ele era sério. E destemido. Teve várias discussões sérias sobre futebol com Roberto Avallone, então comandante do jornal. Marco não se calou. Escolhendo as palavras, mas muito firme, questionou Galvão. "Mas eles não estão traumatizados, né? São vice-campeões do mundo, eles não tomaram de 10 a 1. Não foram campeões do mundo por um detalhe", disse. Galvão não esperava o confronto. Se irritou. Respondeu, mordendo os dentes. "Ah bom, mas também tem o seguinte: sabe qual a última vez que conquistaram um título na vida? 1993, que foi uma Copa América jogada no Equador. E só foram para aquela final porque infelizmente o Marco Antônio Boiadeiro chutou um pênalti pra fora, senão nem tinham ido pra final. Eles têm 22 anos que não ganham nada, rapá." Sim, rapá, um diminutivo de "rapaz" para Marco Antônio.

Bodão sabe que não seria nada agradável perder o emprego. Mas respeitou a própria personalidade. Não se violentou. "Galvão, o passado nosso de resultado é muito mais brilhante que o da Argentina, mas nesse momento o Brasil tem que ter humildade. E não vamos falar que perderam do Equador porque a gente tem um jogo amanhã. O Brasil tá na hora de ser humilde, bem humilde, lutar, tentar acertar, não vem jogando bem. Tem que ter humildade nessa hora, porque senão nós vamos rir do Brasil mais tarde." A discussão acabou. Tomara não acabe em demissão. Galvão é muito inteligente. Ele está se expondo ao ridículo de forma desnecessária. Beijar a boca de Pedro Bial não é ser moderno, descolado.

Se Willian Bonner quer fazer graça com os argentinos é com ele. Bueno tem um passado brilhante no jornalismo esportivo do país. Não pode se rebaixar. Modernidade não é tentar humilhar os rivais históricos. É ter coragem de mostrar o que está errado na Seleção. E se o Brasil perder no jogo do dia 12 de novembro, em Buenos Aires?

Galvão vai dançar um tango?

Se ganhar, vai sambar e dar um beijo na bochecha do Dunga?

E está tudo resolvido?

O futebol não precisa ser pueril, superficial.

A desgraça alheia não compensa a própria.

Você sabe disso.

Carlos Eduardo dos Santos Galvão Bueno...



Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 14 Oct 2015 09:59:46

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