segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Os vândalos cansaram de caçar e matar torcedores rivais. Agora o alvo virou os jogadores dos próprios times. Se as autoridades deste país e a CBF não agirem, serão cúmplices do que vier a acontecer. Não será por falta de aviso...

Os vândalos cansaram de caçar e matar torcedores rivais. Agora o alvo virou os jogadores dos próprios times. Se as autoridades deste país e a CBF não agirem, serão cúmplices do que vier a acontecer. Não será por falta de aviso...






Goiânia. "Foi vergonhoso sob todos os aspectos. Futebol não tem lugar para seriedade, honestidade, correção. Futebol é coisa pra malandro, pra quem vive às custas da infelicidade dos outros. Coisa séria não prevalece no futebol. Fiz tudo por esses atletas, mas o que se viu foi uma partida sem doação, sem vontade de ganhar. Sem a mínima vontade de fazer o resultado. "Tem que tratar jogador como merecem ser tratados e não da maneira como eu trato. Falto de todos os aspectos: econômico, humano, amizade, solidariedade... Eles não merecem o meu respeito." Essas foram as palavras do presidente do Goiás, Sérgio Rassi. Logo após a derrota do time para o Figueirense. Sua raiva era porque, antes do jogo, havia pago os salários e premiações que o clube devia aos jogadores. As acusações foram no dia 4 de outubro. Desde então os jogadores passaram a ser ameaçados por torcedores. Por telefone, juravam que algo iria acontecer se o time fosse rebaixado. Depois do discurso presidencial, o time perdeu para o Corinthians por 3 a 0. Foi derrotado para o Santos, 3 a 1. Outro revés ontem, desta vez contra o Cruzeiro 1 a 0, em casa. O treinador Artur Neto já havia sido mandado embora após quatro partidas e quatro derrotas. Politicamente foi anunciado que ele renunciou. Sem dinheiro, o clube promoveu o preparador físico Danny Sérgio ao cargo. As organizadas em Goiás são conhecidas por ter vândalos infiltrados. Em 2013, as principais delas, Força Jovem Goiás, do Esquadrão Vilanovense e dos Dragões Atleticanos, foram banidas por cinco anos dos estádios goianos. Em março deste ano, a Sangue Colorado, do Vila Nova, também está vetada. A lei brasileira é hipócrita. E proíbe bandeiras, vestimentas, faixas cartazes e instrumentos musicais que identifiquem as torcidas. Mas os vândalos seguem entrando nos estádios goianos. Sentam nos mesmos lugares. Ficam juntos. Só usam roupas "comuns". No teatro do ridículo, quem "cumpre pena" são as camisetas, bandeiras cartazes e instrumentos. A velha piada do marido traído pela esposa no sofá da sala, diz que vai "tomar providências", queima o sofá e continua com a mulher, continua valendo. Rassi criticou os jogadores publicamente. Jogou a culpa pelo provável rebaixamento do Goiás nos atletas. Não levou em conta a política ferrenha de contenção de despesas, que obrigou a montagem de um time fraquíssimo, com direito a cinco treinadores na temporada. Este último, um preparador físico. Para que assumir a culpa de uma administração caótica? O melhor é jogar a culpa nos jogadores fracos que contratou. Os que "não merecem" respeito. Dirigentes são sempre muito protegidos. E nas derrotas costumam ficar muito longe dos torcedores. Jogadores são alvos fáceis. Ainda mais para membros de organizadas, que conhecem todos os atalhos em estádios ultrapassados como o Serra Dourada. Logo após a quinta derrota seguida, lá estavam eles grudados ao ônibus que tiraria o time do estádio. Apenas uma grade os separava dos atletas. E eles xingaram com gosto os jogadores. Zé Love tentou acalmá-los mas passou a ser alvo dos maiores palavrões e até de refrigerante. Foi quando eles começaram a gritar por Felipe Menezes, jogador emprestado pelo Palmeiras. Além dos xingamentos, foi chamado de vagabundo, mercenário. Sua reação foi inesperada. Além de xingar os torcedores, chutou, tentou subir na grade. Os seguranças do Goiás o seguraram, não deixaram que pulasse para o outro lado. A cena foi filmada. Os vândalos infiltrados nas organizadas do Goiás já o "juraram". Se o time for mesmo rebaixado para a Segunda Divisão, prometem cobrar especialmente dele.

imagens do portal UOL reproduzidas na Internet Curitiba. O Coritiba acaba de perder para o São Paulo. 2 a 1, em pleno Couto Pereira. Estádios que vândalos das organizadas conhecem muito bem. Quem não se lembra de 2009, quando o time foi rebaixado para a Segunda Divisão? E as torcidas tiveram acesso ao gramado. Eles queriam massacrar os jogadores que os envergonharam. Foram impedidos por policiais. Houve uma batalha campal absurda. O governo paranaense fez um escândalo e jurou que nada daquilo se repetiria. Nunca mais as torcidas teriam acesso aos jogadores. Os culpados seriam exemplarmente punidos. A CBF também prometeu justiça. O Coritiba poderia ficar suspenso por um, dois anos. Já que a própria polícia declarou que as organizadas tiveram todo acesso ao gramado. Balela. Os presos na invasão acabaram soltos, sem grandes problemas. O STJD avisou que o time não poderia atuar em seu estádio por 30 jogos. Precisaria atuar em estádios para até dez mil pessoas e que ficassem a 100 quilômetros de Curitiba. E multa de R$ 610 mil. Mas logo a punição foi reduzida drasticamente. Para dez jogos e multa de R$ 100 mil. Um inexplicável estímulo aos vândalos. Tanto é assim que eles voltaram ontem. "Os torcedores invadiram o estacionamento dos jogadores pela Rua Mauá, onde as delegações acessam o Couto Pereira. No momento em que um carro saiu do estádio, um grupo de torcedores entrou nos corredores e foi direto em direção ao vestiário .Alguns carros foram danificados. O meia coxa Thiago Galhardo teve que sair correndo para se esconder no vestiário do São Paulo. O jogador alviverde ficou escondido cerca de 15 minutos no vestiário do adversário. Já o zagueiro Juninho teve de voltar correndo ao gramado do Couto Pereira para evitar de ser agredido. Uma maca chegou a ser solicitada para o vestiário alviverde. Mas não houve feridos. O técnico Ney Franco garante que os torcedores não entraram no vestiário. “Eles chegaram muito próximo do vestiário. Chutaram a porta, mas não entraram. Nesse momento eu também me assustei. Mas o clube se mobilizou, os seguranças foram lá, depois chegou a polícia, e conseguiram contornar a situação”, afirma o treinador. “Esse clima nunca é bom. É a segunda vez que isso acontece esse ano." A primeira vez foi na derrota contra o Flamengo. O goleiro e capitão do São Paulo, Rogério Ceni, considerou a tentativa de invasão do vestiário por parte da torcida do Coxa como uma "vergonha para o futebol brasileiro". Isso que aconteceu, para mim, é caso de parar o futebol. Porque aconteceu hoje com o Coritiba e amanhã vai acontecer com outro time, ou com a gente em outro dia."" Estes foram trechos de matéria do jornal Gazeta do Povo, publicado hoje.

Todo ano haverá um campeão brasileiro. Quatro times na Libertadores. E quatro rebaixados. O futebol festeja os vencedores. E não presta a atenção devida aos derrotados. A intolerância está aumentando a cada dia. Neste país sem lei, que premia a impunidade. Felipe Menezes seria espancado se chegasse aos torcedores do Goiás. Os vândalos do Coritiba queriam bater nos jogadores. Agora vem o pior. As diretorias dos dois clubes recomendaram aos atletas não tocarem mais no assunto. O motivo? Não incentivar o STJD a tirar o mando de campo. E deixar ainda mais difícil a sobrevivência na Série A. Ou seja, impunidade e hipocrisia juntas. Apostam na incompetência nos conchavos da CBF.

"Estamos esperando acontecer uma grande desgraça no futebol brasileiro", resumiu muito bem o major Marinho, comandante do policiamento nos estádios em São Paulo por 17 anos.

Infelizmente tudo indica que um dia ela chega.

Não com os anônimos torcedores que morrem às dezenas todos os anos.

Mas com pessoas muito mais importantes.

Os jogadores.

Talvez aí alguém tome vergonha na cara.

E tome providências verdadeiras...

Sem hipocrisia...



Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 26 Oct 2015 12:25:38

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