quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Os pecados de Marcelo Oliveira. Os mesmos que o fizeram perder três finais da Copa do Brasil. O Palmeiras teve sorte e eliminou o Inter. Um técnico do seu nível não pode se deixar levar pela torcida...

Os pecados de Marcelo Oliveira. Os mesmos que o fizeram perder três finais da Copa do Brasil. O Palmeiras teve sorte e eliminou o Inter. Um técnico do seu nível não pode se deixar levar pela torcida...




Cinco gols em partida eliminatória entre dois dos maiores clubes do país. Uma arbitragem péssima, insegura, polêmica, sem critério algum. Wilton Pereira Sampaio foi rígido ao extremo no pênalti de Alex. E complacente no pé alto de Anderson no primeiro gol do Internacional. Ou ainda a alegada perseguição a Dudu por corporativismo, pelo juiz, se vingando da branda penas pela agressão a Raphael Claus. Talvez inesperada noite de herói de Andrei Girotto. Ou ainda a torcida do Palmeiras dando outra demonstração incrível, e lucrativa, de adoração ao clube. Todos esses seriam itens importantes a serem destacados. Mas o que merece destaque especial na vitória palmeirense é algo inesperado. Os erros, a afobação de Marcelo Oliveira. O ótimo treinador palmeirense quase coloca tudo a perder com substituições que só prejudicaram seu time. Houve dois grandes erros. O crucial aconteceu aos 20 minutos. Quando o polivalente Robinho desabou em campo, o Palmeiras dominava o meio de campo. Mandava no jogo. Superava Rodrigo Dourado, Nilton e os presos Anderson e Alex. Amaral, Arouca, Robinho e Gabriel Jesus se impunham. A torcida, que lotou a arena, empurrava a equipe com seus gritos. Àquela altura, o time já vencia por 1 a 0, gol de Vítor Hugo aos sete minutos. Tudo estava funcionando para os paulistas. Mas Marcelo se deixou empolgar pelos torcedores. Ele tinha três opções. Saiu um meio-campista que tanto ataca quanto marca. Essa recomposição era fundamental quando o time perdia a bola. Ele também vigiava as avançadas do habilidoso e desacreditado Anderson.

Marcelo Oliveira poderia colocar um volante Andrei Girotto. A situação liberaria mais Arouca e Gabriel Jesus. O time continuaria protegido. Seria substituição conservadora. Mas manteria o equilíbrio, a distribuição palmeirense no gramado. A segunda seria mais arriscada. Pela fase de Egídio. Com a entrada do lateral, Zé Roberto passaria a atuar no meio de campo. Um pouco mais atrás, com uma postura mais preocupada com a marcação, como fazia muito bem Alex no Internacional. Amaral e Arouca não seriam sobrecarregados. Mas Marcelo Oliveira optou por uma troca que não foi ousada. Muito pelo contrário. Completamente equivocada. Digna de um técnico com grande visão tática. Mas de alguém precipitado, ansioso, tenso. E que não estava levando em consideração que sua equipe estava dominando o adversário. A entrada de Rafael Marques, muito mais atacante do que meia, desestruturou o Palmeiras. Marcelo Oliveira cedeu o meio de campo para os gaúchos. Argel agradeceu o presente e adiantou seu meio de campo. E foi um sufoco só. Amaral e Arouca corriam como baratas tontas tendo de marcar quatro jogadores. De repente, o Palmeiras entrou no Túnel do Tempo e passou a atuar no 4-2-4. Mas sem Dudu e Ademir da Guia.

Tomando boladas, Fernando Prass e Amaral evitaram o empate. E em um contragolpe, Lucas se embolou com Alex. O meia do Internacional evitou que o lateral se levantasse. Pênalti sutil, mas pênalti. Zé Roberto não deixou que Barrios cobrasse. Sorte do Palmeiras. 2 a 0. Acabou o primeiro tempo com vantagem larga e injusta aos paulistas. O Inter finalizou seis vezes contra apenas quatro dos dono da casa. Aí vem o intervalo. Quinze minutos para Marcelo Oliveira esperar a adrenalina abaixar. Recompor os neurônios. E entender que, apesar da vantagem, o Palmeiras perdia o meio de campo. O regulamento da Copa do Brasil e mais o gênio de Argel, indicavam que o Internacional iria ainda mais para a frente. Era preciso reestruturar o time. Diminuir o ritmo do jogo. E garantir a vitória, a classificação para a semifinal da Copa do Brasil. Só que a atitude outra vez foi inesperada. E falha. Amaral já tinha cartão amarelo é verdade. Mas o Palmeiras não poderia prescindir do volante mais marcador que possui para jogar a Copa do Brasil. Gabriel se recupera de operação no joelho esquerdo. E Thiago Santos já atuou pelo América Mineiro no torneio. Mas foi exatamente quem o técnico mandou que saísse. Acreditava que ele não teria equilíbrio emocional para jogar mais 45 minutos sem tomar outro cartão. Colocou Andrei Girotto. O garoto decidiu a partida com um gol de cabeça. Os torcedores mais fanáticos estão empolgados. Só que sua entrada facilitou todo o trabalho do Internacional.

Não por culpa de Girotto, que tem bom potencial. Mas por sua característica ser mais ofensiva do que Amaral. Ele e Arouca ficaram ensandecidos para tentar travar o meio de campo gaúcho. Nilton, Anderson e Alex tinham liberdade para servir Valdivia e Lisandro Lópes. Era evidente demais. Bastaram 11 minutos e Anderson marcou 2 a 1. E o Inter pressionando, pressionando e nada de Marcelo Oliveira reagir. Até que trocou o sacrificado Gabriel Jesus, jogou errado, ajudando como podia na marcação. E colocou Allione. O argentino teria de segurar a bola, marcar. Mas foi atropelado pelo vigor físico e vibração dos jogadores gaúchos. Alisson Farias já estava correndo como um perseguido pela carinhosa polícia de pacificação do Rio de Janeiro. Era mais sufoco. Lisandro Lopes fazia justiça no placar, aos 28 minutos. O gol eliminava o Palmeiras. Um justo castigo para as barbeiragens de Marcelo Oliveira. Mas Andrei Girotto o salvou com uma jogada ensaiada à exaustão pelo treinador. Os cruzamentos nas bolas aéreas. Marcelo Oliveira nunca venceu a Copa do Brasil. Chegou três vezes à final com o Coritiba. Acabou derrotado para o Vasco, Palmeiras e Atlético Mineiro. Tanto em 2011, 2012 e 2014, o time do técnico decidiu em casa. E ele errou, por precipitação. Ricardo Gomes, Felipão e Levir Culpi se aproveitaram de erros importantes do treinador. Tentando deixar a equipe mais ofensiva, nas três decisões, Marcelo Oliveira escancarou o Coritiba duas vezes e o Cruzeiro. Resultado. Mesmo favorito, perdeu os títulos. Quem não é quarentão e nem estudioso de futebol, não sabe. Marcelo Oliveira foi um sensacional meia ofensivo. Jogou no maravilhoso Atlético Mineiro de 1977. Seu time foi vice do São Paulo, em pleno Mineirão. Perdeu para uma equipe pior tecnicamente. Minelli superpopulou o meio de campo e parou a equipe de Barbatana. E saiu campeã do Mineirão, nos pênaltis. O jogo marcou a vida do agora treinador. A história ensina. Marcelo Oliveira precisa rever o jogo de ontem. Pensar nas suas atitudes. É o atual bicampeão do Brasil em um torneio de 38 partidas, onde é permitido perder, errar, se deixar empolgar pela torcida, pela imprensa, pela característica de seus jogadores. Mas a Copa do Brasil não permite erros. O Palmeiras é favorito no confronto contra o Fluminense. Mas antes de tentar empolgar seus torcedores, precisa ter responsabilidade tática. Ter equilíbrio na distribuição dos jogadores. Um time pode até ganhar jogos não se defendendo bem. Não títulos. Fica a lição. Marcelo cometeu os mesmos pecados de 2011, 2012 e 2014.

O destino o perdoou desta vez. Grande treinador que é, precisa deixar de se levar pela torcida. Se o seu time tiver de marcar, que marque. Isso não é vergonha. É estratégia. Muitas vezes é preciso se contentar com o resultado. Principalmente em jogos eliminatórios. Ainda mais quando seu time está em vantagem. Mesmo em casa. Torcedores e jornalistas que entendam. Isso não é covardia. É visão da realidade.

O projeto que tem nas mãos exige muita responsabilidade...



Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 01 Oct 2015 11:56:14

Nenhum comentário:

Postar um comentário