segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Levir não tem como colocar a culpa só nos árbitros, se o Corinthians for campeão. O Atlético Mineiro implodiu. E deixou o time de Tite disparar. São oito pontos de vantagem. Faltam sete rodadas para acabar o 'campeonato manchado'...

Levir não tem como colocar a culpa só nos árbitros, se o Corinthians for campeão. O Atlético Mineiro implodiu. E deixou o time de Tite disparar. São oito pontos de vantagem. Faltam sete rodadas para acabar o 'campeonato manchado'...




Nunca na história do futebol desse país, faltando apenas sete rodadas, uma equipe com oito pontos de vantagem deixou de ser campeã. O Atlético Mineiro terá de fazer o que ninguém jamais ousou fazer. Culpa dele mesmo. Os planos de Levir Culpi implodiram ontem em Recife. O Brasileiro "manchado" está nas mãos do líder Corinthians. O técnico projetava vencer não só o Sport, como a Ponte Preta domingo que vem. Acreditava que o rival ganharia também do Flamengo em casa. E domingo, dia 1º de novembro, seu time derrotaria o Corinthians. Diminuiria a distância apenas a dois pontos do líder. Jogaria toda a pressão psicológica para cima de Tite e seus jogadores. Coritiba, Vasco, São Paulo, Sport ou Avaí poderiam vencer. Bastaria um tropeço e os mineiros seguirem perfeitos diante de Figueirense, São Paulo, Goiás, Grêmio e Chapecoense. Só que os devaneios de Levir acabaram em Pernambuco. Seu time mostrou completo despreparo psicológico. Teve comportamento infantil contra o bem postado Sport de Falcão. Aos seis minutos já estava perdendo por 1 a 0, tomou gol em bola parada. Marlone cobrou e todos assistiram Matheus Ferraz desviar para as redes. O nervosismo, a insegurança, a responsabilidade de não poder perder o jogo contaminou todo o elenco atleticano. Aos 12 minutos, houve um pênalti para o Sport não marcado. Samuel Xavier cruza, Giovanni Augusto tenta cortar com um carrinho. E a bola toca no seu cotovelo direito. Pelos critérios atuais, Wilton Pereira Sampaio deveria ter marcado a penalidade. Fez de conta que não viu. O técnico atleticano não reclamou. E veio a tona em uma expulsão inconsequente, inacreditável de Carlos. O jovem talentoso atacante havia sido a surpresa de Levir no confronto. O técnico escolheu a velocidade, a força física dos seus 20 anos em eventuais contragolpes. E deixou no banco o experiente, o rodado artilheiro de 29 anos, Thiago Ribeiro.

Resultado, aos 14 minutos, Carlos dá um carrinho desnecessário em Hernani e toma o amarelo. Aos 18, coloca tudo a perder ao dar outro carrinho, por trás em Uendel. E foi expulso, com toda a justiça. O lance estúpido contagia todo o time atleticano. O time implode. É goleado por 4 a 1, merecendo perder até por mais. A partida acabou com a torcida pernambucana se divertindo, gritando olé, vendo os jogadores do segundo colocado do Brasileiro, correndo atrás da bola. Vexame inesquecível.

O Atlético poderia até perder o jogo. Sair desmoralizado sabota a perseguição ao Corinthians. Oito pontos de vantagem faltando sete rodadas se mostra algo grande demais. Ainda mais psicologicamente, depois da goleada, do time ridicularizado na Ilha do Retiro. Para piorar, Levir não conseguia evitar mostrar que o ambiente havia implodido. Nos vestiários, o treinador demostrava ter errado ao preferir Carlos em vez do vivido Thiago Ribeiro, mais acostumado a jogos de tanta responsabilidade na casa do adversário. "O Carlos é aquele cara que fez quatro gols no Cruzeiro. Ou já se esqueceram dele?! Qual o problema em escalar o Carlos? Tem um aproveitamento nas partidas muito grande. O problema de ele ter entrado é porque perdeu." Ser truculento, mostrar raiva porque o repórter perguntou sobre Carlos não adiantou nada. Só piorou as coisas. Carlos poderia ter feito 50 gols em um jogo contra o Cruzeiro. Mas o treinador deveria ter a visão se ele estava abalado psicologicamente antes de tê-lo escalado. Levir viu a entrada desnecessária e violenta em Hernani. Deveria ter contigo o garoto para que não repetisse o carrinho quatro minutos depois. O acuado, irritado Levir, teve de admitir a irresponsabilidade de seu jogador. "Não foi normal. Se você está amarelado, você vai dar outro carrinho? Foi imprudente. Não foi falta de empenho. Foi falta de percepção no momento. Na ânsia de tomar a bola. Ele queria lutar. Não dá para condenar", tentou disfarçar o técnico. Para piorar, toda a racionalidade do técnico se evaporou de vez. Bastou ser questionado se manteria as folgas de hoje e amanhã. E o time só voltaria a treinar na quarta-feira. "A gente sabe o que tem que fazer. Quem é o cara que vai me dizer que o time tem que treinar segunda-feira? Não tem conhecimento nenhum. É apenas uma raiva momentânea. Tem pessoas ali que trabalham há 50 anos." O ódio tomou lugar à tristeza absoluta ao ter de encarar a pergunta óbvia sobre os oito pontos que separam seu time do Corinthians. "Nós temos que ganhar três e eles perderem. Temos que pensar no próximo jogo. Quem sabe duas vitórias nos coloquem novamente no campeonato. Ninguém sabe o que vai acontecer."

O treinador falou o que nem ele mesmo acredita. Em 31 partidas, o Corinthians perdeu quatro jogos. Justo agora, na reta final, na melhor fase, no ápice de sua campanha no Brasileiro, o clube seria derrotado três vezes. Enquanto isso o abalado Atlético Mineiro ganharia todas as partidas que restam, faria um exemplar restante de torneio nacional. Levir sabe que a possibilidade de brigar pelo título tem tudo para ter escapado ontem. E tudo o que está acontecendo de forma limpa. Sem questionamento da arbitragem, como Levir fez no mês passado. Indicando favorecimento ao Corinthians. "O Campeonato Brasileiro de 2015 já está manchado pela arbitragem. Não me lembro de ter havido, nos últimos tempos, tamanha comoção em torno de arbitragem. Realmente causa desconfiança. Situações repetidas... E isso tira um pouco o foco. O trabalho é esse: colocar para os jogadores que tem que ganhar da melhor maneira possível e mais honesta que puder. "Ficamos desconfiados, sim, porque vivemos num país desonesto, todos somos desonestos e deve ter havido alguma coisa. Mas temos lei e precisamos provar, como na máfia de 2005. Pegaram o cara e ele sumiu do mapa, pelo menos isso, mas acredito sim em tudo porque somos na essência um país desonesto." Suas palavras ainda repercutem no Parque São Jorge. Tite proibiu seus jogadores de retrucarem. Prometeu que a resposta seria dada em campo. Um mês depois, oito pontos de diferença. Com o Atlético Mineiro implodindo sozinho. E o Corinthians muito perto de mais um Brasileiro. O que tem tudo para ser o hexacampeonato. No Brasileiro "manchado", o Atlético de Levir não fez sua parte. Não suportou a pressão psicológica de seguir correndo atrás do Corinthians. E agora não há em quem colocar a culpa. A não ser em si mesmo. Saiu humilhado do Recife graças apenas a seus jogadores. E às escolhas equivocadas de seu treinador...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 19 Oct 2015 04:51:48

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