sábado, 31 de outubro de 2015

São Paulo e Sport em pleno Morumbi. O jogo que pode mudar a carreira de Falcão como treinador. Leco e Ataíde estão muito interessados no seu trabalho para 2016. Não querem Doriva...

São Paulo e Sport em pleno Morumbi. O jogo que pode mudar a carreira de Falcão como treinador. Leco e Ataíde estão muito interessados no seu trabalho para 2016. Não querem Doriva...




Exilado na China, em clube da Segunda Divisão, o Tianjin Songjiang, Vanderlei Luxemburgo é outro. Aos 63 anos, virou um treinador decadente, que não tem mais espaço nos clubes grandes brasileiros. Tem contrato para ficar um ano, mas ganhará outros dois caso consiga levar o time para a Primeira Divisão. Triste fim para um técnico que jurou revolucionar o futebol brasileiro. Mas ele já foi muito diferente. Fiz várias exclusivas com ele, no seu auge. E me lembro bem do jogo que ele qualifica como que mudou a sua vida. Ao contrário do que muita gente pensa, não foi no dia 29 de agosto de 1990, em Bragança Paulista, quando fez o Bragantino campeão paulista de 1990, ao empatar com o Novorizontino de Nelsinho Baptista. Naquela época, os estaduais tinham importância porque os dirigentes desprezavam a Libertadores. Tudo mudaria no início do novo século. A data e o cenário que transformaram a vida de Luxemburgo são outros. Então Parque Antártica contra o Palmeiras. Ele treinador da Ponte Preta. Dia 10 de fevereiro de 1993. Seu time era muito fraco diante da equipe de Octacilio Gonçalves. Ricardo Cruz, Samarone, Márcio, Nei e Branco; Serginho Carioca, Valmir e Anderson; Marcelo Prates (Valdecir), Marcinho e Claudinho. Essa era a equipe campineira. O Palmeiras da Parmalat tinha Sérgio, João Luís (Maurílio), Antônio Carlos, Edinho Baiano e Roberto Carlos; César Sampaio, Mazinho e Edílson (Jean Carlo); Edmundo, Evair e Zinho. "Eu sabia que havia muita gente no Palmeiras querendo a minha contratação. Havia uma seleção que a Parmalat deu ao Palmeiras. Só que o "Chapinha" (apelido do Octacílio) não conseguiu encaixar o time. Eu sabia exatamente o que queria fazer com aqueles jogadores. A chance de me impor chegou. Estudei muito como fazer a Ponte jogar. Massacramos o Palmeiras, abrimos 2 a 0 com 30 minutos de jogo. O estádio inteiro começou a gritar pelo meu nome no intervalo. O time suportou o quanto deu. No final, eles arrancaram o empate em um pênalti no Zinho. O Evair marcou. A arbitragem deu uma forcinha para eles, mas conseguimos nos segurar. O jogo acabou empatado em 2 a 2. Mas sabia. O vencedor fui eu."

Ele tinha razão. No dia 22 de abril de 1993, Luxemburgo fazia seu primeiro jogo com o Palmeiras. Vencendo o Rio Branco em Americana. A partir daí, sua carreira decolou. Seleção, Real Madrid. Até a decadência atual. Essa história veio à tona hoje. A situação é muito parecida no Morumbi. Assim com a direção palmeirense não acreditava no "Chapinha", os diretores não acreditam em Doriva. Estão apenas esperando terminar o ano para dispensá-lo. Isso já é unanimidade. A sua contratação foi feita pelo ex-presidente Carlos Miguel Aidar. O dirigente que teve de renunciar, diante de inúmeras denúncias. Foi o então gerente José Eduardo Chimello quem indicou Doriva como substituto de Juan Carlos Osório. Os dois haviam trabalhado juntos no Ituano. O treinador não pensou duas vezes em virar as costas para a Ponte Preta, quando recebeu o convite. Sua contratação foi uma enorme decepção para os dirigentes, conselheiros e torcedores. Doriva resolveu mudar todos os métodos de Osório. Deixou os jogadores inseguros. Sua campanha é pífia. O time foi eliminado de maneira humilhante da final da Copa do Brasil. Perdeu duas vezes para o Santos por 3 a 1. Tem seis partidas para tentar classificar o time para a Libertadores. Mesmo se conseguir, quem manda no clube não o quer no próximo ano.

Com a renúncia de Aidar e demissão de Chimello, antecipada pelo blog, Doriva está sozinho. O presidente recém-eleito Carlos Augusto Barros e Silva quer um treinador vivido, um nome respeitado nacionalmente. Ataíde Gil Guerreiro, também. Os dois consideram Doriva promissor, mas muito imaturo. Conselheiros influentes têm conversado com a dupla. E ouvido um nome ser muito citado. Paulo Roberto Falcão. Um dos maiores volantes da história do futebol brasileiro. Ídolo marcante da história do Internacional e da Roma. Ex-jogador do São Paulo. Ex-técnico da Seleção. Comentarista por 14 anos da TV Globo. Poliglota. Domina o italiano, inglês, espanhol. Homem de gosto refinado. Muito bem preparado intelectualmente. "Tem a cara do São Paulo", repetem conselheiros ligados a Leco. Falcão tem uma carreira como treinador muito instável. Ficou amargurado pela traição de Ricardo Teixeira. Eu estava cobrindo a Copa América de 1991 e sei o que ele passou. Tinha a missão de reestruturar a Seleção. Foi impedido de chamar jogadores do Mundial de 1990, aqueles que exigiram mais dinheiro por saber do milionário patrocínio da Pepsi. O Brasil com vários estreantes foi vice da competição no Chile. A vencedora foi a Argentina. Falcão foi demitido. Nem tanto pelos resultados. Mas por não se submeter a passar informações exclusivas a jornalistas cariocas a quem Teixeira devia favores. De personalidade forte e autoritário, Falcão não fez bons trabalhos no América do México, no Internacional, no Japão. Assumiu o posto de comentarista da Globo. Amadureceu. Não se conformava com o que via taticamente. Sentia que poderia fazer melhor do que muitos técnicos consagrados. Vaidoso, não engolia o fracasso. E voltou a trabalhar como treinador.

Não foi bem de novo no Internacional em 2011. Só voltou a ser chamado pelo Bahia, em 2012. Também não foi bem, diante da expectativa que gerou. Só três anos depois, retornou ao futebol. Teve a chance de assumir o Sport. Time organizado com muito talento por Eduardo Baptista. Após desgaste com dirigentes e torcida, o filho de Nelsinho Baptista decidiu aceitar o convite do Fluminense. Falcão assumiu seu cargo e o trabalho está sendo ótimo. Está indo até além taticamente do que seu antecessor. A mídia pernambucana está empolgada. A diretoria já projeta o trabalho com ele para 2016. Com reforços, investimentos. Para isso seria ideal ter o time na Libertadores. O Sport tem 49 pontos, está em sétimo. O São Paulo, 50, em quinto. Os dois se enfrentam hoje no Morumbi. Uma vitória e o time de Recife dorme na quarta colocação. E pode ser mais do que isso. Dependendo de como o Sport atuar, se vencer, quem pode se convencer de vez a investir em Falcão são Leco e Ataíde. Ou seja, o confronto tem muita semelhança ao jogo no Parque Antártica em 1993. Se Falcão tiver a pretensão de trabalhar no São Paulo, ele que faça o seu Sport se impor. Aplique toda a estratégia moderna que surpreendeu Atlético Mineiro e Palmeiras, entre outros. Até mesmo o presidente do Sport, João Humberto Martorelli, sabe desse interesse do São Paulo. Apesar de ter o treinador sob contrato até dezembro de 2016, ele se mostra resignado. "Faz parte. Todo profissional de sucesso atrai a atenção de outros clubes. Ainda mais se tratando de um nome tão importante como o de Falcão. Normal." Aos 62 anos, o treinador tem uma das grandes chances de sua vida instável como treinador. Ele não admitirá nunca isso publicamente. Mas Falcão sabe o que está acontecendo. Está com a faca e o queijo nas mãos. Pessoas importantes e influentes no Morumbi querem sua contratação. Mas têm dúvidas sobre a profundidade do seu trabalho. Melhor oportunidade para convencê-los, impossível...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 31 Oct 2015 12:40:30

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