segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Os sete pontos principais que explicam o mais importante renascimento no Brasileiro, na Copa do Brasil. O Santos de Dorival Júnior. Do rebaixamento ao G4, à semifinal da Copa do Brasil...

Os sete pontos principais que explicam o mais importante renascimento no Brasileiro, na Copa do Brasil. O Santos de Dorival Júnior. Do rebaixamento ao G4, à semifinal da Copa do Brasil...




Foi em outubro de 2010 a última vez que o Santos esteve no G4 do Brasileiro. Sua grande estrela era Neymar. Foram campanhas medianas nestes quase cinco anos. A de 2011 pode ser perdoada porque a prioridade estava na disputa do Mundial de Clubes no Japão, já que o clube havia vencido a Libertadores. As restantes, não. Ao vencer o Fluminense, o clube assumiu a quarta colocação no Brasileiro. A classificação emocionou Modesto Roma Júnior. Ao contrário do anúncio da saída de Robinho, as lágrimas eram de alegria. Há sete passos que resumem o segredo desta reviravolta. O primeiro. A contratação de Dorival Júnior. Desde que foi demitido em 2010 pela diretoria santista, por tentar punir Neymar, o treinador não conseguiu se firma em clube algum. Passou por Atlético Mineiro, Internacional, Flamengo, Vasco, Fluminense, e Palmeiras. Resultados pífios que mostraram a precipitação do seu empresário, Carlos Leite. O agente não queria Dorival sem trabalho. E ele acabou aceitando equipes no caminho do rebaixamento. Depois de decepcionar em Belo Horizonte, em Porto Alegre, na Gávea, em São Januário, chegou ao fundo do poço no Fluminense. Ficou apenas sete partidas em 2013. Foi incapaz de salvar o time do rebaixamento. O clube só não caiu por causa da estranha escalação de Héverton. Mas acabou sendo mandado embora. Ficou desempregado por seis meses, até assumir o Palmeiras. Sua missão, evitar o rebaixamento. Tinha a promessa de Paulo Nobre que comandaria o time em 2015, quando seria muito reforçado. Só que seu trabalho foi novamente pífio. O clube escapou da Segunda Divisão na última rodada. Nobre não quis saber de mantê-lo no comando do time. Dorival ficou desencantado. E sem ofertas de trabalho. Decidiu ir para a Europa para reciclar seus conceitos. Depois de sete meses, teve a chance de voltar ao Santos. Sem dinheiro, com o time mergulhado na zona do rebaixamento e com medo imenso do rebaixamento, Modesto Roma não fez exigências. Dorival teve carta branca.

O treinador tratou de chamar para conversas individuais jogadores chaves como Lucas Lima, Gabriel, Ricardo Oliveira, Renato e David Braz. Disse que eles seriam os responsáveis pela recuperação do time. E que teriam todo o apoio do técnico. Seriam titulares absolutos. Mas Dorival exigia entrega de corpo e alma. Além de obediência cega. Os atletas precisavam do técnico. E o treinador precisava dos jogadores. Essa percepção foi fundamental. O segundo passo. Estratégia. Dorival Júnior percebia o Santos mal distribuído, inseguro de Marcelo Fernandes. Influenciado com o que viu na Europa, o treinador percebeu que o erro estava na recomposição do time. E da falta de segurança dos atletas. Mesmos campeões paulistas, refletiam a insegurança de Fernandes. Dorival optou por uma equipe com extrema capacidade de marcação no meio de campo. Acabou a farra. Sem a bola, o Santos passa a atuar no 4-5-1. Mas com a marcação avançada dos meio campistas, para complicar a saída do adversário. Com o Real Madrid da temporada passada, com Ancelotti, mal o time recupera a bola, usa a velocidade desabalada de Geuvânio, Gabriel, Ricardo Oliveira. Mas os dois laterais que estiverem em campo. Ficam abertos como pontas. Lucas Lima tem liberdade para mostrar seu talento nos passes, lançamentos.

O terceiro passo foi fazer da Vila Belmiro mortal para os adversários. Os números são impressionantes. Desde o seu retorno, Dorival atuou 12 vezes no estádio. E o Santos venceu todos os jogos. Aproveitamento absurdo de 100%. O treinador sabe como utilizar a proximidade da torcida na acanhada arena. Ele faz algo muito parecido com o que Cuca cansou de repetir com o Atlético Mineiro no Independência. Contando com um time leve, ofensivo e extremamente bem preparado fisicamente, o Santos sufoca a saída de bola do visitante. Pouco importa a tradição, o trata como pequeno. Tanta coragem, habilidade do meio campo e velocidade na frente tem desnorteado que o enfrenta no seu estádio. Dorival exigiu que Modesto Roma confirmasse a semifinal da Copa do Brasil, contra o São Paulo, na Vila Belmiro. E foi atendido. O quarto fator se chama dinheiro. Dorival Júnior teve uma conversa direta com o presidente santista. Mal havia recomeçado seu trabalho na Vila Belmiro. A equipe estava na zona do rebaixamento. Direto, o técnico falou ao presidente. Fizesse o que fizesse, o clube só teria sucesso nas competições se pagasse seus atletas em dia. Se precisasse, atrasasse o pagamento do próprio técnico. Modesto percebeu o cenário. E pediu empréstimos bancários. Desde então, os atrasos de meses nos direitos de imagem e salário desapareceram. As vitória se acumulam. Não foi necessário atrasar o dinheiro de Dorival.

A quinta mudança foi a conversa franca com Gabriel. Dorival o encontrou completamente ressentido, desanimado e disposto a ir embora do Santos. O atacante estava perto de completar 19 anos e se cansara de ser eterna promessa, no banco de reserva. O treinador sabia havia o outro lado. O gênio difícil do jogador. Ele estava intratável. Não aceitando questionamentos. E muito menos desempenhar outra função tática que fosse atacar. Dorival disse que apostaria nele. Seria seu titular absoluto. Desde que jogasse para o time. E não só para ele. A franqueza mexeu com o jovem atleta. Os dois se aproximaram, viraram mais que amigos, cúmplices. E o desempenho de Gabriel melhorou muito. Hoje ele é capaz de fazer gols, abrir espaço para os companheiros e correr atrás de laterais e volantes adversários. Se tornou um jogador mais completo. E importantíssimo para o desempenho do ataque e, principalmente, de Ricardo Oliveira. O sexto fator é triplo. A liderança de David Braz, Renato e Ricardo Oliveira. Cada um no seu estilo. O espalhafatoso zagueiro incendeia os companheiros mesmo no treino. O discreto e veterano volante é um verdadeiro auxiliar técnico de Dorival. Conversando, mostrando taticamente o que o treinador deseja aos parceiros de time. E Ricardo Oliveira dá o exemplo de dedicação, superação. Aos 35 anos corre mais do que todos. É o que mais se doa nos treinamentos e jogos. Se um atleta de Seleção Brasileira é capaz de suar sangue, os outros também se sentem obrigados a fazer o mesmo.

Renato ficou tão empolgado com a valorização que passou a ter com Dorival que adiou sua aposentadoria. Iria encerrar sua trajetória aos 36 anos, em dezembro. Mas vai ficar, pelo menos mais um ano no Santos. O último passo que explica o Santos é Lucas Lima. Ele ganhou com Dorival Júnior a liberdade que sempre sonhou. O jogador passou a flutuar no meio de campo. Não é mais um mero meia com capacidade de marcar como um volante. Ou um volante que sabe apoiar o ataque. Não. Virou um meia que ocupa o espaço na intermediária que Paulo Henrique Ganso ocupava em 2010. Ele fica atrás de Gabriel, Ricardo Oliveira e Geuvânio. E ainda aciona os laterais/pontas. Além de ter passaporte livre para invadir a área, chutar de fora da área, ou chegar na cara do goleiro adversário, tabelando.
Se tornou o melhor meia deste país. E um dos atletas mais felizes. Ele não quis ir para Portugal. Disse não ao Porto, mesmo estando com o salário atrasado, em julho. Preferiu acreditar no seu futebol. E na chegada de Dorival Júnior. O treinador deu sua palavra que compensaria ficar na Vila Belmiro. Ganharia um lugar na Seleção e conseguiria se valorizar ainda mais. Estava certíssimo. Esses são os sete pontos principais na reviravolta santista. Virada que parece não ter limite. Aliás, essa é a única dúvida. Quem vai conseguir parar esse revigorado Santos? E o renascido Dorival Júnior?




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 05 Oct 2015 13:51:17

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