3.775 quilômetros. Esta é a distância entre Rio de Janeiro e Santiago do Chile. Na noite de quinta-feira, Marco Polo del Nero passou muita raiva. Estava na sua cobertura duplex no luxuoso condomínio Les Residences Saint Tropez. Nem deve ter lembrado que pagou R$ 5,2 milhões por ela, ao empresário Wagner Abrahão, dono do Grupo Águia, responsável pelas viagens da Seleção há mais de 20 anos. Sua preocupação era outra. O Brasil perdera a estreia nas Eliminatórias. Apesar das promessas do coordenador Gilmar Rinaldi, o time de Dunga não foi nada o que seu funcionário havia garantido que seria. A Seleção foi intimidada pelo potencial chileno. Jogou como equipe pequena. Neymar fez mais falta ao time do que o abraço sincero e apaixonado de uma namorada de vinte e poucos anos. Isso não tem preço para qualquer homem de 74 anos. Marco Polo já sabia que a manchetes dos portais, jornais, televisão, rádio seria a mesma. O Brasil perde pela primeira vez na história, no início de uma Eliminatória. Certeza de mais aborrecimento, cobrança, raiva voltada à CBF, a ele. Quando a Seleção perde até seus homens de confiança da Bancada da Bola, deputados, senadores e ministros em Brasília, ficam tensos. O futebol segue encobrindo muita coisa neste país. Pobre Dunga que acredita que o maior problema que enfrenta seja a ausência de Neymar. A insegurança do time. A geração de coadjuvantes que tem nas mãos. Deveria prestar atenção em Marco Polo. Não custa nada, em um momento de folga, telefonar a Felipão. Luiz Felipe Scolari teve algumas reuniões com José Maria Marin e Marco Polo del Nero durante a Copa. Em todas, Marin agradecia ao técnico que pegou o Brasil faltando pouco tempo para o Mundial. E mesmo assim "consertou" a falta de rumo de Mano Menezes. Como suas de cem convocações e nenhum time. Definiu sua equipe e venceu a Copa das Confederações. Marin acreditava que o Brasil faria a festa na Copa, seria hexa. E entraria na história como o novo "marechal da vitória", reencarnação de Paulo Machado de Carvalho.
Enquanto as vitórias vinham, Marin e Marco Polo posavam para fotos, comemoravam. O então presidente da CBF sabia que Felipão desejava encerrar sua carreira dirigindo uma seleção estrangeira na Copa da Rússia. Sonhava com a Itália. Mas o havia convencido a seguir com o Brasil. Fosse qual fosse o resultado no Mundial, ele seguiria depois da Copa. Promessa que saiu da boca de Marin. Felipão achava muito interessante uma característica dessas reuniões com a cúpula da CBF. Marco Polo del Nero não abria a boca quando o assunto era seguir na Seleção. Era evidente para o treinador que ele queria esperar os resultados. Na Federação Paulista, ele é conhecido como o mais astuto entre todos presidentes que pisaram por lá. Depois dos 7 a 1 para a Alemanha e dos 3 a 0 para a Holanda, Marin seguia preso à sua promessa. Queria que Felipão continuasse. O treinador confiou na palavra de Marin. Fez um enorme relatório detalhando o desempenho de cada jogador na Copa. E fez a projeção do que deveria ser feito. Mas em vão. Marco Polo del Nero foi o responsável pela leitura da situação. O desencanto, a ameaça de intervenção governamental na CBF, a CPI do Futebol que viria. E foi firme com Marin. Ele tinha de se livrar de Felipão para que os dois mantivessem o poder. Foi o que Marin fez.
Na reunião que seria de balanço da Copa, Marin não quis nem ler o extenso relatório de Felipão. Disse que ele estava demitido. O treinador sabia que algo estava muito errado. Assim que chegou ao edifício luxuoso onde morava Marin, ele viu uma viatura da TV Globo. Nela estava o repórter Marco Aurélio Souza. Scolari percebeu que seria para filmar sua demissão. Cortesia de Marni. E saiu do edifício pela porta de trás para não ser entrevistado. O repórter da Globo mandou mensagem ao blog dizendo ser "coincidência" estar em frente ao edifício de Marin. Na China, o treinador ainda tem a convicção de quem o impediu de seguir na Seleção foi Marco Polo. E está certo. O instinto de sobrevivência do presidente da CBF é muito maior do que o apego a qualquer técnico, coordenador, funcionário da CBF. Se o Brasil não reagir contra a Venezuela, Argentina e Peru, jogos que restam das Eliminatórias até o final do ano, Dunga deve se preparar para o pior. A eliminação precoce da Copa América já foi difícil de Marco Polo engolir. Ele acredita ter ficado muito fragilizado com o fracasso. Sua relação com a TV Globo foi afetada. A emissora tem o direito de transmissão da Copa das Confederações em 2017. Mas de nada adianta com o Brasil fora. Talvez nem mostre a competição. Milhões desperdiçados nesta crise. A raiva de Marco Polo pela eliminação do Brasil na Copa América recaiu em Thiago Silva. Ele preferiu poupar Dunga. "A Seleção foi desclassificada pelo erro de um atleta." O presidente se referia ao pênalti cometido por Thiago Silva. O capitão da Seleção na Copa de 2014 já não está no grupo que disputa as Eliminatórias.
Além disso, depois da prisão de Marin, Marco Polo foi aconselhado a não deixar o país. Aqui não será extraditado. Com sua ausência, o Brasil não teve representante de peso em importantes reuniões da Fifa. As que definiram datas e horários das Eliminatórias. A alta cúpula da Globo ficou possessa com jogos às terças e quintas. A estréia ontem às 20h30, "arrebentou" a grade de transmissão da quinta. Executivos acreditam que tudo seria evitado se Marco Polo estivesse lá defendendo o interesse da emissora dona do futebol no País. Como sempre fizeram os presidentes da CBF. A Globo está negociando os patrocinadores do futebol de 2016. Não bastasse a crise financeira, a recessão, o futebol é motivo de denúncias de corrupção e fracasso em campo. A poderosa Coca Cola já abandonou as transmissões em 2015, depois da vergonha na Copa. A Seleção Brasileira segue fracassando. O que é péssimo para a emissora e para Marco Polo. Os patrocinadores da Fifa foram fundamentais para derrubar Blatter do poder. Os patrocinadores da CBF também não querem seguir pagando para um time fracassado, que coleciona derrotas, frusta os consumidores. Dunga e Rinaldi acreditam que levarão a Seleção até a Copa da Rússia. Será responsáveis pelo futebol no Mundial. Como também nas Olimpíadas e na Copa América centenária dos Estados Unidos.
Se fiam nos planos traçados com Marco Polo. Mas é bom ficarem espertos. Pensarem em Marin trancafiado em uma cadeia na Suíça. Nunca foi visitado pelo seu "irmão" del Nero. O técnico e o coordenador doem a alma nos próximos três jogos. Venezuela, Argentina e Peru. Essas três partidas serão fundamentais. Se quiserem sobreviver comandando a Seleção, a hora é de vencer. Não importa como. Futebol moderno, antigo, ultrapassado... Não quer a Seleção continue um problema.
Para Marco Polo, a situação é simples.
Comandar a CBF envolve bem mais do que apego.
Precisa de resultados, vitórias da Brasil.
Para conseguir comandando com apoio popular, da Globo e patrocinadores.
Se Dunga seguir incompetente para conseguir, será trocado.
Sem que Marco Polo derrube qualquer lágrima.
É capaz até de esquecer a aversão que tem a Tite.
Principalmente se ele vencer o Brasileiro de novo.
O motivo é sua proximidade de Andrés Sanchez.
O ex-presidente corintiano prometeu destruí-lo
Marco Polo não se importa.
O fundamental é ser frio.
E sobreviver.
Apego?
Nem com as namoradas...
Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 11 Oct 2015 09:29:19
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