quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Não é o time da CBF, de Marin, de Marco Polo que começa a caminhada para a Copa contra o Chile. É o Brasil, seleção pentacampeã mundial. Mesmo indignado, quem não for assistir ao jogo, que jogue a primeira pedra...

Não é o time da CBF, de Marin, de Marco Polo que começa a caminhada para a Copa contra o Chile. É o Brasil, seleção pentacampeã mundial. Mesmo indignado, quem não for assistir ao jogo, que jogue a primeira pedra...




O desinteresse pela Seleção Brasileira nas Eliminatórias é impressionante. As redes sociais lamentaram estes dez dias sem Campeonato Brasileiro. Rara situação que a CBF poupa os clubes que têm jogadores convocados. Essa seria uma manobra para tentar resgatar o foco à força do traumatizado amante do futebol. Ou é Seleção contra o Chile e Venezuela ou nada. Os vexames na Copa do Brasil, na Copa América. As convocações de jogadores desconhecidos, sem identificação com a maioria da população. A enxurrada de denúncias de corrupção, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha. Difícil torcer para José Maria Marin ficar dando pulos de felicidade, na sua cela,ao saber,por um guarda suíço, de gol brasileiro. Ou ainda vibrar lembrando de Marco Polo del Nero, com sua nova companheira dando ordens na CBF. Ele sem viajar para fora do Brasil temendo ser processado e extraditado para os Estados Unidos. Situação que prejudica o futebol deste país nas decisões tomadas pela Fifa. Como não se indignar com o patrimônio de R$ 470 milhões, divulgado no balanço oficial de 2014? Com a maioria dos clubes em estado pré-falimentar? Uma entidade que, na prática, cuida da organização e tabelas dos campeonatos e registros dos jogadores. Mas que se apossou do direito de transmissão desses torneios. E virou dona de todos os lucros do único time com cinco títulos mundiais. Marin já passou, Marco Polo vai passar. Assim como um dia Ricardo Teixeira e João Havelange passaram. É difícil até acreditar, lembrar. Mas a Seleção Brasileira é maior que esses homens.

Por isso seria hipocrisia negar que, às 20h30, milhões estarão espreitando a televisão. E aos poucos esquecendo, deixando de pensar que aquele é o time da CBF. Mas que os jogadores de camisa amarela representam o futebol deste país brigando por uma vaga na Copa da Rússia. E como zebra. O favoritíssimo no confronto de hoje, em Santiago, é o Chile. Campeão da Copa América e equipe melhor estruturada taticamente na América do Sul. Com mais intensidade, compactação, poder de recomposição do que Argentina, Uruguai, Paraguai, Colômbia. E também do que o Brasil. Sem Neymar, suspenso por total descaso e incompetência da CBF, Dunga tem a desculpa ideal. Pode e deve montar a Seleção para marcar forte, travar as intermediárias, e tentar ganhar a partida em contragolpes velozes pelos lados do campo. Sem esquecer que uma arma importante são as bolas paradas, diante da baixa zaga inimiga. Apesar dos treinamentos fechados para a imprensa, a tendência do técnico brasileiro é colocar o Brasil no 4-5-1. Jefferson, Daniel Alves, Miranda, David Luiz e Filipe Luís (Marcelo); Luiz Gustavo, Fernandinho (Elias), Willian, Oscar e Douglas Costa. Na frente, mais isolado do que Carlos Miguel Aidar, Hulk. Uma equipe solidária, vibrante, aguerrida. Nas Eliminatórias da Copa de 2010, o treinador era o mesmo. A decepção da época era com o pífio time da Copa de 2006. O do "quadrado mágico" dos obesos Ronaldo e Adriano, mais o omisso Ronaldinho Gaúcho e o contundido Kaká. A farra da preparação de Weggis, na Suíça, para o Mundial da Alemanha, deu toda a autoridade para Dunga e Jorginho transformarem a concentração brasileira em uma mistura de quartel e masmorra.

Mesmo sem o exagero religioso de Jorginho, a história se repete. Jornalistas no Chile já perceberam que o treinador adotou com seus jogadores, o velho truque. "Todos estão contra nós, principalmente a imprensa brasileira." Além de insistir que o mundo duvida do potencial do grupo. Com este complexo de perseguição é tão comum os times de Dunga entrarem tão tensos, raivosos nas competições oficiais. O desarranjo cerebral na África do Sul contra a Holanda e o bloqueio mental contra colombianos e paraguaios na Copa América do Chile, são excelentes exemplos. Seus times rendem muito mais nos amistosos. Porque Dunga os transformam em jogos de vida ou morte, enquanto os adversários preparam suas equipes para o futuro, testam alternativas. Mesmo desacreditado, o Brasil tem potencial para se classificar ao Mundial. São dez equipes no continente para quatro vagas e meia. A meia é a repescagem contra a Oceania, geralmente diante da ainda fraquíssima Nova Zelândia. Os mais fortes adversários são chilenos, argentinos, colombianos, uruguaios e paraguaios. Os incômodos são equatorianos e peruanos. A altitude de 3.800 metros de La Paz atrapalha mais do que os bolivianos. E os venezuelanos estão aprendendo.

Tudo o que Dunga mais queria antes do sorteio das Eliminatórias seria uma partida fácil. Teve falta de sorte. Pegou a pior. Os chilenos ainda estão empolgados pela conquista da primeira Copa América de sua história. Têm a melhor geração de todos os tempos. E querem surpreender o mundo na Copa de 2018. Para seguir no embalo precisa se impor nas eliminatórias. E a largada contra o Brasil diante de seus torcedores foi um presente para o excelente Jorge Sampaoli. Sabe que seu 3-2-2-1-2 torna a equipe vibrante, intensa, competente com e sem a bola. Bravo, Silva, Medel e Jara; González e Diaz; Isla e Vidal (Valdés); Valdivia; Vargas e Sánchez (Orellana). Uma das seleções mais modernas do mundo. Ainda mais empurrada por sua fanática torcida no estádio Nacional, vencer hoje virou obrigação. Este pode ser seu calcanhar de Aquiles.

O Brasil hoje é uma equipe inferior à chilena. Mas tem jogadores capazes de encaixarem dois contragolpes e vencer o jogo. Não será absurdo. Ao contrário. Desde que o sistema defensivo mostre estabilidade que falta há muito tempo. Thiago Silva não é nem mais convocado. Mas David Luiz precisa se posicionar melhor. Tem sido o ponto fraco, principalmente na recuperação, nos contragolpes adversários. Luiz Gustavo e Fernandinho (ou Elias) terão de se desdobrar na proteção da zaga. É algo preocupante a escalação do equatoriano Roody Zambrano, um árbitro assumidamente caseiro. Inseguro. Não adianta se revoltar, se irritar. A geração atual da Seleção é composta de bons jogadores, competitivos. Que não são protagonistas nem nos seus times. O único talento fora de série é o ainda imaturo Neymar. E ele não joga hoje e nem contra a Venezuela, em Fortaleza, lugar que a CBF acredita que o time poderá atuar sem ser vaiado. Aposta na alienação da torcedores.
Mas é este time de verde amarelo que representa o país. É o que tem para hoje. E até a Copa de 2018. Era muito gostoso ter grandes times para torcer. Como os de 58,62, 70, 82, 2002. O de 1994 não encantou nem Parreira. Mas o casamento no RG é eterno. Na alegria e na tristeza. O brasileiro tem uma relação de amor e ódio com a Seleção. Indissolúvel. O desafio está feito. Quem não ligar a tevê às 20h30, que jogue a primeira pedra...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 08 Oct 2015 08:36:17

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