domingo, 4 de outubro de 2015

Pacto entre patrocinadores e CBF. Ao contrário de Blatter, Marco Polo tem o apoio de quem banca o futebol. Seu único problema é não poder sair do Brasil. Mas não se importa. Em vez de Paris, leva as namoradas para Piracicaba...

Pacto entre patrocinadores e CBF. Ao contrário de Blatter, Marco Polo tem o apoio de quem banca o futebol. Seu único problema é não poder sair do Brasil. Mas não se importa. Em vez de Paris, leva as namoradas para Piracicaba...




Quando José Maria Marin foi encarcerado acusado de corrupção e lavagem dinheiro, Marco Polo del Nero abandonou a Suíça. Não quis saber de reunião da Fifa. Nas 11 horas e meia entre Zurique e São Paulo, o dirigente foi traçando planos sobre como agir. Embora ele mesmo seja advogado, procurou especialistas em extradição. Ficou tranquilo. Caso fosse acusado de qualquer irregularidade pelo FBF, não seria obrigado a ir como réu nos Estados Unidos. Desde que ficasse no território nacional. Desde maio, passou a prestar atenção nas belezas naturais do país. Nada de convidar suas namoradas para Paris, Mônaco, Viena. A realidade agora é Pantanal, Cataratas do Iguaçu, Águas Quentes, Beto Carrero World, Itu, Ilha do Mel, Piracicaba. Além desse despropósito havia outras atitudes a tomar. Primeiro reunir os presidentes das Federações. E cobrar apoio total. De alma. A hora era de mostrar força. Porque se a CBF fosse implodida, as federações perderiam suas mordomias, as contribuições mensais, a autoridade para continuar organizando seus estaduais falidos. Cada um dos presidentes deveriam acionar seus deputados, senadores, ministros e até ex-presidentes em Brasília. Afinar a Bancada da Bola. Marco Polo anteviu a CPI do Futebol, a vontade do senador Romário se consagrar. E chegar mais do que favorito à eleição de prefeito do Rio em 2016. Garantida a sobrevivência, era necessário acalmar quem banca a CBF, a Seleção. Os patrocinadores. Ao contrário de Blatter que está agora por um triz na presidência da Fifa. A exigência por parte da Coca Cola, Visa, McDonald"s e AB InBev de sua renúncia tem um peso maior do que a investigação feita pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos. Blatter teve o seu oxigênio cortado. Se debate. Diz que ficará até fevereiro. Se a Adidas, a mais antiga e verdadeira cúmplice dos presidentes da Fifa, exigir também a saída, o suíço vai embora no dia seguinte.

Marco Polo está tranquilo em relação à esta situação. Foi melhor articulador do que Blatter. Ele se antecipou. E logo que Marin foi enjaulado, ele se reuniu com representantes da Nike, Itaú, Vivo, Ambev, Sadia, Chevrolet, Mastercard, Samsung, Gillette, Gol, Englishtown, Seguros Unimed, Michelin e Ultrafarma. Ele lembrou dos compromissos firmados, a maioria até a Copa de 2018. E garantiu que nada seria mudado. Disse que a CBF não iria pagar por Marin, caso ele tivesse errado. E que contava com o apoio dos patrocinadores, nesta "hora difícil". Afinal, todos desfrutaram das muitas horas boas. Como na vitória da Copa das Confederações, por exemplo. Marco Polo sabia que a adesão seria para valer. Pelo simples fato de que foi ele quem intermediou a maioria dos acordos. Dos novos parceiros e renovações. Ainda no mandato de Marin, era o atual presidente quem escolhia os patrocinadores da Seleção e de cada torneio patrocinado pela CBF. Garantiu que nada atingiria seu mandato. Conseguiu o voto de confiança. E Marco Polo o retribuiu com a alma. Fez absolutamente de tudo. Mas conseguiu travar a sede de Romário. Um dos primeiros pedidos do senador na CPI do Futebol foi óbvio. Ele exigia que todos os contratos da CBF com seus patrocinadores fossem tornados públicos. Afinal, os números que circulam na imprensa são díspares. E nunca oficiais. Nunca se viu o dirigente tão empenhado. Exigiu que sua bancada de advogados travasse essa exigência. Sabia que estava em jogo sua sobrevivência. E fez valer a cláusula de confidencialidade, tão usada nos grandes contratos entre empresas. Romário reclamou, xingou, sapateou, mas não houve jeito.

O ministro Marco Aurélio Mello do Supremo Tribunal Federal concedeu liminar à CBF. Ela protege todos os acordos comerciais da entidade. Não só os de patrocínio. Como os de transmissão de futebol com a Globo. Mais os de publicidade e viagens. Logo que conseguiu a vitória com seu mandato de segurança, Marco Polo mandou recado aos representantes dos patrocinadores. Ele havia cumprindo sua parte. A união continuaria. Essa artimanha é que garante a governabilidade para Marco Polo. Nike, Itaú, Vivo, Ambev, Sadia, Chevrolet, Mastercard, Samsung, Gillette, Gol, Englishtown, Seguros Unimed, Michelin e Ultrafarma vão continuar calados. Assim como a Kentaro e a Pitch Internacional, empresas que compraram os amistosos da Seleção Brasileira até 2022. Não há a menor movimentação para exigir a saída de Marco Polo. Todos seguem felizes da vida. Até porque, na prática, nada foi provado contra ele. E aos seus companheiros de diretoria na CBF.

Todos agem como se o único culpado já está preso, Marin. Ao contrário do que acontece com Blatter. Ele sim está cercado de membros da diretoria da Fifa presos. E outros que tiveram de se afastar, mas podem ser trancafiados. Como o ex-secretário-geral Jérôme Valcke. O efeito cascata, sonhado por muitos, não chegará a CBF.

Pelo menos é o que garante Marco Polo. E seus colaboradores próximos. Como Walter Feldman, ex-secretário de Esporte de São Paulo e seu assessor mais próximo. "O Marco Polo está tranquilo. Não há nada contra ele. O futebol brasileiro está vivendo um ótimo momento. Com mais público, arrecadação. O brasileiro voltou aos estádios. O presidente vai cumprir o seu mandato tranquilamente", garante. No balanço de 2013, a CBF teve receitas de R$ 436 milhões. Já em 2014, nada menos do que R$ 519 milhões. Há dois anos, faturou só de patrocínios, maior fonte de renda, R$ 278 milhões. No ano passado, R$ 359 milhões. Números oficiais. Ou seja a relação entre a CBF e seus patrocinadores é profunda. Envolve centenas de milhões de reais E Marco Polo está conseguindo o que Blatter perdeu. Quando o governo suíço avisou formalmente que ele é objeto de investigação, os patrocinadores principais se rebelaram contra ele. Não querem suas marcas manchadas. Os patrocinadores sabem muito bem da CPI do Futebol. E que Marco Polo é o principal investigado. Mas como nada na prática vem acontecendo, se calam.

Estão felizes com os acordos com a CBF.

E até agora a justiça mostra que não nada de ilegal.

Por isso o presidente da CBF sorri aos seus aliados.

Pode ter trocado Paris por Piracicaba.

Vai ver Chile e Brasil na televisão, no Rio.

Mas esse é o menor dos males.

Continua mandando no futebol brasileiro.

Namorando para descontrair.

E controlando centenas de milhões dos patrocinadores da sua CBF...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 04 Oct 2015 10:50:19

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