quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Doriva sabe. Sem Aidar, não tem apoio no São Paulo. Volta de Ataíde faz crescer a sombra de Muricy. Tenso, o novo técnico repassou ao time a derrota para o Fluminense. Sua situação já começa a se complicar no Morumbi...

Doriva sabe. Sem Aidar, não tem apoio no São Paulo. Volta de Ataíde faz crescer a sombra de Muricy. Tenso, o novo técnico repassou ao time a derrota para o Fluminense. Sua situação já começa a se complicar no Morumbi...




Apesar da curta carreira, de um ano e dez meses, Doriva está mostrando uma característica particular. A de largar clubes na mão. Foi assim com o Botafogo de Ribeirão Preto para trabalhar no Vasco. E a Ponte Preta para assumir o São Paulo. Se conseguiu ficar e ganhar o Carioca com Eurico Miranda, sua passagem pelo Morumbi pode ser bem mais curta do que os seis meses que trabalhou em São Januário. Não haverá tolerância alguma se não conseguir colocar o São Paulo na Libertadores de 2016. Até mesmo se classificar o time poderá ser dispensado. O lastimável futebol mostrado ontem na derrota para o Fluminense, por 2 a 0, já foi lamentado por dirigentes importantes. A começar pelo presidente interino, Carlos Augusto Barros e Silva. Ele já havia conversado com Doriva. E dito ao técnico o quanto o clube precisa de tranquilidade para esta transição, depois da lastimável passagem de Carlos Miguel Aidar. É fundamental que o futebol conquiste resultados positivos. O destino fez de Doriva um técnico sem apoio de ninguém no Morumbi. Ele foi contratado por Aidar. O ex-presidente mandou o gerente José Eduardo Chimello contratá-lo. Não havia vice de futebol, Ataíde Gil Guerreiro havia sido demitido, depois de socar o ex-presidente. O diretor de futebol, Rubens Antônio Moreno, deixou o cargo em solidariedade a Ataíde. Por isso o Chimello teve a missão de contratar Doriva. Ambos trabalharam juntos no Ituano. Só que, cercado de denúncias em transações de jogadores e na comissão paga para a vinda da Under Armour, não houve outra saída a Aidar, a não ser renunciar.

O gerente que chegou em junho está envolvido na absurda contratação de Iago Maidana. E deverá perder seu cargo no clube. Ou seja, Doriva está absolutamente sem apoio. O presidente interino resolveu trazer de volta Ataíde Gil Guerreiro para a vice-presidência de futebol. Esperto, Leco quer uma diretoria de conciliação. Para ter mais chances de ficar no cargo, já que o estatuto obriga a realização de nova eleição dentro de 30 dias. Ela deve acontecer antes desse prazo. E Carlos Augusto já é candidato. Ataíde Gil Guerreiro aceitou retornar. Sua volta traz muito alívio ao clube. Ele deverá resolver as graves denúncias a Aidar no Morumbi. O medo de Leco é que ele as detalhasse ainda mais do que no seu famoso e-mail, revelado no blog, para a imprensa. Recuperando o poder, Ataíde preservará o São Paulo. Mas lutará com todas as forças para a expulsão de Aidar.

Outro efeito colateral com a volta de Ataíde foi inesperado. Conselheiros importantes e que podem auxiliar Leco a se tornar presidente de verdade têm um desejo. A recontratação de Muricy Ramalho. O treinador se afastou do São Paulo em maio para tratar da diverticulite. Se submeteu a uma operação e está recuperado. Apesar das várias declarações elogiosas, ele sabia que, ao contrário de Ataíde, Aidar não o queria no comando do futebol. O via como "homem de Juvenal". Guerreiro gostava do trabalho de Muricy. Lamentava muito ele estar com sua saúde comprometida. O vice é defensor de técnicos experientes, vitoriosos, vividos comandando o futebol. O que é um fator contrário a Doriva. Apesar da sua ótima relação com Juan Carlos Osório, Ataíde não era defensor de treinador estrangeiro. E nem queria obrigar o São Paulo a revolucionar o futebol brasileiro importando novas filosofias. Ele é prático, quer conquistar títulos. Leco e Muricy viraram inimigos em 2009. O agora presidente era vice de futebol em 2008. Ele quis levar amigos para conhecer jogadores no vestiário após uma partida. O treinador ficou revoltado e proibiu sua entrada. Houve uma discussão entre eles e ficaram sem se falar. Com o fracasso na Libertadores de 2009, Leco trabalhou pela contratação de Ricardo Gomes. Os dois são estremecidos até hoje. Mas neste exato momento, uma reconciliação seria ótima para os dois lados. Muricy adora trabalhar no São Paulo. E tudo o que Carlos Augusto precisa é de apoio político. E o técnico que ganhou três Brasileiros pelo clube tem muitos fãs importantíssimos, como Juvenal Juvêncio, Abílio Diniz, Julio Casares e outros conselheiros que sustentariam um eventual mandato de Leco. Por isso, Doriva precisa se desdobrar caso sonhe em sobreviver. Precisa ganhar a Copa do Brasil, competição que o time é semifinalista. Nem mesmo deixar o clube na Libertadores da América o assegurará no cargo. Até sua grande religiosidade não é vista com bom olhos por pessoas importantes no clube.

O treinador fez apostou alto quando virou as costas para a Ponte Preta. Assim como não havia multa rescisória no time campineiro, não há no São Paulo. Embora o contrato anunciado vá até o final de 2017, ele ficou de conversar com Aidar no final deste ano. E tentar negociar uma multa em caso de demissão. Só que com a saída do ex-presidente, dispensá-lo ficou fácil demais. Doriva não tem compromisso com ninguém. O péssimo futebol mostrado ontem no Maracanã já pesa contra ele. Os jogadores ouviram muito bem sua queixa de que o time não há liderança. É calado. O único real líder é Rogério Ceni. E fica no gol, longe dos demais companheiros. Doriva não pensou também em entregar Luís Fabiano, encarregado de marcar individualmente Fred nas bolas paradas. E ele chegou atrasado no primeiro gol do Fluminense, quando o atacante do time carioca marcou.

E Doriva também cobrou mais entrega dos jogadores. Cobrou movimentação de Paulo Henrique Ganso, Luís Fabiano e Pato. Disse que não quer ninguém "estático", parado. Ou seja, o técnico repassou a culpa da derrota ao time. Não foi um bom primeiro passo. Muito pelo contrário. Ainda mais para alguém sem apoio, sustentação no cargo. Com a sombra de Muricy Ramalho começando a surgir. A Doriva restam oito jogos no Brasileiro. E quatro na Copa do Brasil, caso passe pelo Santos. Ou seja, dez ou doze partidas, no máximo. Não há espaço para fracassos. Ele sabe. Precisa de resultados significativos. Ou não começará 2016 no Morumbi. Simples assim. A contagem regressiva já começou no Maracanã. E da pior maneira possível...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 15 Oct 2015 07:10:41

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