Dois fatores fazem com que Carlitos Tevez não volte ao Corinthians. O primeiro tem nome, sobrenome e cheira a cigarro. Andrés Sanchez. O ex-presidente é o homem que domina o futebol do clube. E ele detesta o argentino. E nem em sonhos liberaria o investimento de R$ 40 milhões na sua contratação. O segundo fator se chama"efeito Pato". O Corinthians está bem perto de ser campeão brasileiro. O time foi reestruturado durante o torneio. Guardada as proporções, conseguiu uma façanha. Lógico que não se dá para comparar com as conquistas da Libertadores e do Mundial em 2012. Mas a união da equipe sim. E não há espaço para uma estrela de fora que vai roubar todos os holofotes, como aconteceu com Pato. Tite não quer nem ouvir falar dessa história. Trata com blefe. Aliás, o grupo está ainda mais unido do que o de três anos atrás. Ralou muito. Teve o baque de três eliminações em pleno Itaquerão. Campeonato Paulista, Libertadores e Copa do Brasil. Foi reestruturado. Ficou sem ganhar salários e direitos de imagem. Em vez de se revoltar, se acomodar, ficou ainda mais junto. Comprometido. Tite garantiu que se todos se aplicassem, mantivessem o foco, seria excelente para o clube e para suas carreiras. Seriam recompensados. Ou seja, suportaram o pior, deram a volta por cima e agora, que já estão garantidos na Libertadores e com o título encaminhado, surge uma estrela para roubar a cena. O treinador viveu o quanto foi ruim contratar Pato. Ele foi imposto pela patrocinadora e pela diretoria. O grupo rejeitou o atacante e seu salário astronômico, R$ 800 mil, com direito a R$ 40 mil de auxílio residência. Uma ofensa ao time que conquistou a inédita Libertadores e Mundial, que não tinha jogadores que recebiam metade disso. Tite é a segunda pessoa a vetar a contratação de Carlitos Tevez. A primeira é Andrés Sanchez. Ele não se esquece o que viveu com o argentino em 2005 e 2006. Andrés era o vice de futebol de Alberto Dualib. Tevez foi trazido com o dinheiro dos russos da MSI.
Logo Carlitos caiu na noite paulistana, mesmo casado. E levando jovens atletas do clube. Sanchez resolveu enquadrá-lo. Tomou uma invertida pública. "Faço o que quiser, essa pessoa não tem nada o que falar da minha vida. Não devo satisfação a ele", disse Carlitos. Andrés teve de engolir em seco. Era verdade. Carlitos apenas dava satisfação a Kia Joorabchian. O iraniano foi quem o contratou. E a pessoa que garantiu que o levaria ao futebol europeu. Prometeu e cumpriu. O vice de futebol passou a nem mais sequer cumprimentar Tevez. A relação entre os dois não existia. Quando o Corinthians foi eliminado da Libertadores de 2006 e quase o Pacaembu foi invadido, Andrés avisou Kia que não havia mais clima para o argentino seguir no clube. Tevez também estava disposto a ir embora. E ele sabia como, apesar de ser ídolo de enorme grandeza no Corinthians. A torcida passou a vaiá-lo depois da decepcionante eliminação da Libertadores. O argentino arquitetou sua saída. Em uma partida contra o Fortaleza, no Morumbi, ele marcou um gol. E sinalizou, mandando os torcedores corintianos calarem a boca. Foi a senha para, na saída do estádio, ter seu carro chutado, esmurrado. Principalmente por membros de organizadas. E quem sempre foi ligado às torcidas do clube? Sim, ele mesmo. Andrés Sanchez.
O deputado federal pelo PT já foi a Londres para aniversários de Kia. Mas sempre avisa o iraniano que não deseja ver a cara de Carlitos. Não suporta nem ouvir o seu nome. Enquanto tiver poder não há a menor possibilidade de o argentino voltar. A bizarra história da "volta" de Tevez nasceu com o diretor financeiro do Corinthians, Emerson Piovesan. Ele sabe que o clube teve de apelar para dois empréstimos bancários para manter os salários em dia. E os direitos de imagem de alguns atletas voltaram a atrasar. Piovesan sabe que o acordo para pagar o Itaquerão sangra os cofres corintianos. A arrecadação dos jogos no estádio não ficam com o clube, como o Palmeiras. Vão para pagar a arena. O dirigente é muito amigo de jornalistas assumidamente corintianos na tevê. E falou que o clube vai arrecadar mais em 2016, com aumento de cotas da tevê, a renovação com a Caixa. Tem certeza que novos patrocínios irão aparecer com a conquista do Brasileiro. E a disputada Libertadores. Perguntado sobre Tevez, ele respondeu que seria até possível. Falou por falar. Não tinha a menor ideia da rejeição de seu chefe, Andrés. E muito menos que o próprio Tite não o deseja. Fecha as portas para qualquer estrela que venha para ser a prima donna da companhia.
Tevez recebe 200 mil dólares, cerca de R$ 786 mil, no time que ama. Ao voltar esse ano, avisou que não tinha a menor vontade de voltar a ir embora. Considera o Boca sua casa. Não quer sair. Trevisan também já assegurou que o efeito colateral desse balão de ensaio será benéfico. O Corinthians processa o Boca Júniors pelo não pagamento de R$ 6 milhões pela venda de Lodeiro. Com o barulho imenso causado pelo "interesse" em Tevez, a diretoria do Boca deverá selar um acordo para bancar pelo menos uma parte do meia. "Não há a menor possibilidade financeira, não existe essa condição. Estamos em um trabalho de reestruturação e isso tem que ser seguido. O problema é: como é que a gente vai pagar? Não há condição financeira para fazer isso", disse Andrés à ESPN. É a desculpa ideal. Não há dinheiro para bancar Tevez.
Mas a verdade é outra. O deputado federal não o suporta há nove anos. Assim como Tite não quer ninguém importante. O que vale ao treinador é o renascido time. O jogador quer seguir no Boca, sua casa. Não beijou o gramado da Bombonera à toa no retorno. Essa especulação serviu como cortina de fumaça. Desvia o foco. Alguns jogadores volta a ter seus direitos de imagem atrasados E o assunto é Carlitos Tevez...
Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 02 Oct 2015 19:05:37
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