quinta-feira, 16 de julho de 2015

A diferença entre profissionalismo e amor ao clube? Fácil de definir. Basta comparar Robinho com Carlitos Tevez. Neste momento de crise, um está na China e outro, na velha Bombonera...

A diferença entre profissionalismo e amor ao clube? Fácil de definir. Basta comparar Robinho com Carlitos Tevez. Neste momento de crise, um está na China e outro, na velha Bombonera...




O presidente do Santos, Modesto Roma, chorou diante das câmeras. Era sua despedida de Robinho. O Santos não poderia competir com o Guangzhou Evergrande. Os chineses ofereciam R$ 2 milhões a cada 30 dias. Modesto chegava apenas a R$ 800 mil. E quem, sabe, se algumas empresas ajudassem, a R$ 1 milhão. O dirigente ligou, pediu, implorou. Explicou ao jogador o quanto precisava dele nesta hora difícil na Vila Belmiro. A antiga diretoria deixou dívidas que praticamente inviabilizam o clube. Seria um sacrifício que o atacante teria de fazer. Mas Robinho acreditou que já tinha feito muito. Suportou atrasos de salários e oito meses de direito de imagem calado. Aos 31 anos acreditava que não chegariam novas propostas milionárias. E virou as costas ao clube que o lançou para o mundo. Hoje sua chegada ao time de Felipão na China foi confirmada. Modesto Roma ficou magoadíssimo com a postura de Robinho. Acompanhando de perto a vida do Santos, o presidente sabe que o clube da Vila Belmiro serviu de porto seguro ao jogador. Foi fundamental para que reerguesse a carreira. Saiu batendo no peito, garantindo que seria o melhor jogador do mundo. Enfrentou legalmente o clube para jogar no Real Madrid. Foi sabotado por Raúl e seus companheiros, irritados com seu egocentrismo. Robinho quis seguir Felipão no Chelsea. A direção do time espanhol soube do acordo e o impediu de ir para Londres. Se quisesse, no máximo iria para Manchester. E lá encarou o City. Robinho ficou tão irritado com a situação que despachou seu empresário Wagner Ribeiro. O atacante e o treinador Roberto Mancini se detestavam. O jogador já nem sequer concentrava. Dunga avisou que ritmo, não disputaria a Copa do Mundo de 2010. Quem o salvou? O Santos. O clube esqueceu todo rancor com sua saída. E ele teve tratamento de rei. Foi importante para Neymar e Ganso. Disputou a Copa, voltou para a Europa, como jogador do Milan.

Sua chegada coincidiu com a decadência financeira do time italiano. As grandes equipes prometidas nunca saíram do papel. Ele foi afetado pelos companheiros medianos. Sucumbiu. Se perdeu. Felipão o deixou de lado da Copa das Confederações e da Copa do Mundo de 2014. Estava muito baixa, triste, sem mercado. Quem abre as portas, pagando até o que não tinha? Novamente o Santos. Sua chegada coincidiu com a volta de Dunga à Seleção. Diante do baixo nível técnico do futebol no país, Robinho se impôs. Virou peça fundamental no Santos. E logo o treinador com quem tem enorme amizade, o chamou de novo para representar o Brasil. Dunga é muito grato a Robinho. Várias vezes ele se indispôs, principalmente com Mancini, para jogar na Seleção. O técnico reconheceu esse esforço o garantindo, por exemplo, no grupo que disputou a Copa América. Embora tenha passado grande parte do tempo tocando pandeiro, quando foi chamado para atuar, Robinho mostrou sua personalidade e está vivendo outra vez uma boa fase. Tanto que despertou a atenção dos chineses. Ao mesmo tempo, o império na Vila Belmiro ruía. A falta de dinheiro era assustadora. Modesto Roma sabia que precisava do jogador. Tem a plena noção que o grupo que mantém na Vila Belmiro é muito fraco. O fantasma do primeiro rebaixamento para a Segunda Divisão é real.

Para buscar apoio de patrocinadores, sócios-torcedores, empresas dispostas a comprar mandos se jogos, era primordial manter Robinho. Só que ele teria de fazer um enorme sacrifício pelo time que o lançou. Em uma reunião que durou horas, Modesto Roma mostrou o trágico quadro financeiro ao jogador. O dirigente tentou todo tipo de soluções. Mas não havia como competir o dinheiro do Oriente. Robinho ouviu o quanto o clube que não só o lançou, e o salvou sua carreira duas vezes, precisava dele. Mas foi firme. Calou Modesto Roma dizendo que precisava cuidar do futuro de sua família. Como se já não estivesse milionário. Muito magoado, o presidente santista teve uma crise de choro. Sabia como seria difícil o restante do ano na Vila Belmiro. Resignado, o dirigente não tinha o que fazer. A não ser abraçar o jogador sem contrato e chorar. As fotos de Robinho anunciado oficialmente como atleta do Guangzhou Evergrande já circulam pelo mundo. Enquanto isso, a Argentina esta mobilizada para a reestreia de Carlitos Tevez pelo Boca Juniors. Ele estará em campo neste sábado, na sua amada Bombonera, contra o Quilmes. Tevez teve uma carreira internacional instável. Não por seu futebol. Mas pela personalidade difícil. Brigou com dirigentes, treinadores. Não se dobrava. Principalmente à rigidez hierárquica da Inglaterra. "Ninguém vai me domesticar", disse. Já havia sido assim na ponte que seu empresário Kia Joorabchian havia feito no Corinthians.
Não aceitou os torcedores tentando invadir o Pacaembu para bater no time eliminado da Libertadores de 2006. Reclamou, foi vaiado, respondeu mandando a torcida calar a boca depois de marcar um gol. Teve o carro chutado. Era a desculpa ideal para fazer as malas. Foi para outra ponte: o pequeno West Ham. De lá, o grande Manchester United, de Alex Ferguson. O treinador/manager não queria relações com Kia. Sabia da sua ligação com os bilionários russos, exilados na Inglaterra. A personalidade indomável de Tevez não aceitou a forte cobrança de Ferguson. Continuou em Manchester. Mas no City. O confronto com os dirigentes e Mancini foi inevitável. Chegou a ficar cinco meses sem jogar, afastado. Foi quando o Corinthians poderia tê-lo recontratado. Seria mais barato que Pato. Mas Andrés Sanchez, seu inimigo, barrou a transação. Tevez foi então para a Juventus. Os italianos compreenderam sua personalidade. E deram liberdade para ser o que é. O resultado foi fantástico. Só que Carlitos continuou muito ligado ao Boca Juniors. De longe acompanhava a crise do clube. Seus elencos que deixavam de ser competitivos. Só a tradicional camisa se impunha. Sempre que voltava a Buenos Aires ia para a Bombonera e morria de saudades.
Sabia de todo seu sucesso na Juventus. E que gigantes europeus já pensavam em levá-lo. PSG, Chelsea, Atletico de Madrid seriam os principais. Mas Carlitos procurou a direção do time de Turim e avisou. Voltaria para o Boca Juniors. A final da Champions contra o Barcelona seria seu ponto final. Os dirigentes perguntaram se ele havia enlouquecido. Ainda havia um ano de contrato e ele poderia ganhar milhões de euros. Tinha 31 anos, mesma idade de Robinho, e clubes gigantes o queriam. Se voltasse para a Argentina, sua carreira na elite do futebol mundial estaria acabada. Ele respondeu. "O dinheiro compra tudo. Menos a felicidade. Minha felicidade está na Bombonera. E o Boca Juniors precisa de mim." Não foi por acaso que a Bombonera estava lotada com torcedores que enfrentaram o frio de 12 graus. Entre eles um, no seu camarote, de boné, explodindo de alegria. Diego Maradona. A festa foi maravilhosa. Todos estavam apenas para ver Tevez vestir a camisa azul e amarela. Resgatar o respeito ao gigante Boca Juniors. O mais alegre, entre todos, era Carlitos. Entrou no gramado, se abaixou, e beijou o gramado, emocionado. Assinou um contrato por dois anos. E jura que "dará a vida" para que o Boca Juniors volte a ser respeitado. A volta de Tevez faz com que, em plena crise argentina, empresas olhem com carinho a possibilidade de patrocinar o clube. Jogadores promissores se animam em atuar ao lado de Carlitos. O plano de sócio-torcedores estava estagnado. E há a certeza de uma explosão com a volta do ídolo. Modesto Roma olha com inveja para a relação entre Tevez e Boca Juniors. Era o que sonhava fazer com Robinho e Santos. Mas as coisas são como são. Carlos Tevez é Carlos Tevez. Robinho é Robinho...






Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 16 Jul 2015 11:38:50

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