A estreia foi para mostrar o que pode fazer o melhor atacante da América do Sul. Mesmo após um só treinamento com o novo e limitado time, em crise. Não ter decorado nem os nomes dos companheiros. E viajar sabendo que, em caso de derrota, o treinador que tão bem o recebeu seria mandado embora. Chegar em Porto Alegre para enfrentar o Internacional precisando desesperadamente da vitória. Mas Paolo Guerrero se impôs. Quando precisou teve garra, fibra para entrar de sola e fazer seu primeiro gol com a camisa rubro-negra. Nem quis saber se Canteros, quem lhe deu o passe estava impedido. Queria incendiar seu novo time. E conseguiu. Depois, esbanjou talento para dominar a bola diante da zaga, com a perna direita e, com a esquerda, colocar Everton livre diante de Muriel. Depois dessa lindíssima assistência, que terminou no segundo gol do Flamengo, Cristóvão Borges sabia que o jogo estava ganho. Graças ao peruano ele ganhava, o que tanto queria, uma sobrevida na Gávea. Por isso chorou. Foi contagiante, empolgante a chegada do artilheiro da Copa América, do Mundial pelo Corinthians. Sua coragem, técnica e luta diante da forte zaga do Internacional. Acabou contagiando todo o time. A começar pelo seu escudeiro Sheik. Abrindo espaço, driblando, complicando a marcação gaúcha. Quem não tinha técnica refinada, apelou para a última fibra do coração. O Flamengo parecia estar no Maracanã e não no Beira-Rio. Um só jogador conseguiu mudar toda a aura de um time. Antes cabisbaixo, sem confiança. Com Guerrero, o Flamengo renasceu. Tomou uma dose do que qualquer equipe vencedora precisa: autoestima. O gesto depois de marcar seu primeiro gol com a camisa do Flamengo resumiu o que o peruano pretende fazer na Gávea. Ele fez questão de chamar o máximo de jogadores para um abraço coletivo. Mostrar que está surgindo uma equipe unida. Não quer desfrutar dos holofotes sozinho. Pouco importa se em três anos embolsará mais de R$ 41 milhões. Sabe da importância de todos no novo cenário que todos projetam daqui por diante. "Estou trabalhando, cheguei ontem, descansei muito pouco, mas consegui fazer uma grande partida. Antes do jogo já conversava com alguns jogadores. O goleiro perguntou onde gosto de receber a bola, o Canteros também, os laterais perguntaram como gosto de cruzamento...", após destacar o seu trabalho, logo completou. Elogiou seus companheiros. "O Flamengo tem muita qualidade, jogadores muito rápidos." É esse líder técnico, positivo que o Flamengo estava precisando. Na Gávea, a distância entre a depressão e a euforia não existe. O time que muitos dirigentes do clube acreditavam estar caminhando para o rebaixamento, agora, depois de uma partida começa a sonhar com vôos altos. Como uma vaga na Libertadores, quem sabe brigar pelo título. Com Guerrero, agora se pode tudo.
"É um jogador decisivo, acostumado a todo tipo de ocasiões do futebol, boas e ruins, muito experiente. Por tudo isso, traz certa tranquilidade nesse sentido. É decisivo, está em forma também. Chegou, treinou, teve dois dias desgastantes. Mas é um atleta bem dotado e sabíamos que podíamos contar com ele. As características dele ajudam muito a equipe e nos dão aquilo que estamos precisando", resumiu, empolgado, Cristóvão. Envergonhado com o flagrante que as câmeras lhe deram, chorando, ele tentou esconder a emoção, pensando que não pegaria bem para o comandante flamenguista. "Foi água da chuva", disse. Não foi, Cristóvão. Foi o alívio de ter um jogador com capacidade de mudar não só o seu destino, mas do time que comanda. A se lamentar o estúpido acordo entre os dirigentes flamenguistas e corintianos. Graças ao medo da diretoria que não pôde pagar o que o peruano exigia, houve o acordo verbal para que não enfrente seu ex-time neste primeiro turno no Brasileiro. Sua estreia no Maracanã contra o Corinthians seria fantástica, atrairia todas as atenções do próximo domingo de futebol no Brasil. Mas não vai acontecer. Nossos dirigentes são cada vez mais incompetentes. INTERNACIONAL FOCA DE VEZ SÓ NA LIBERTADORES. MELHOR... Vale destacar a reação do Internacional. O time gaúcho é o 16º colocado do Brasileiro. Nas 12 primeiras partidas da competição, não mostrou nem 10% do seu potencial. O estúpido calendário da CBF tem total responsabilidade. A prioridade de todos no Beira-Rio é a Libertadores. Não é para menos, o time fará a primeira partida da semifinal contra o Tigres na próxima quarta-feira. "Estou abrindo mão agora do Brasileiro pela nossa situação. Estamos muito mal na tabela. Não conseguimos vencer essa vontade da Libertadores. Perdemos todas as divididas. Isso é um sinal, não da falta de empenho, mas de receio. O grupo todo está preocupado com o grande jogo, que será Inter x Tigres. "Eu não tenho dúvida de que a falta de disposição hoje é decorrente da Libertadores. Da angústia de não sofrer uma lesão e ficar fora desses jogos importantes. Isso estava na cabeça dos jogadores que estavam em campo. Conversei com o Aguirre e vamos colocar exclusivamente jogadores não envolvidos na Libertadores. "Para compensar hoje, quero convidar o torcedor para assistir ao próximo jogo do Brasileiro de graça (contra o Goiás, dia 18, em Porto Alegre). O Inter não jogou nada hoje. E o torcedor apoiou até o fim. Por isso, passa direto nas catracas no próximo. Não paga", avisava o presidente do Internacional, Vitorio Piffero. Escolhas maduras. Se o elenco de Diego Aguirre não soube ter dois focos, que fique com a Libertadores. Deixe o Brasileiro os reservas dos reservas, os garotos. Até o clube decidir sua vida na competição mais importante da América do Sul. Também justa homenagem à apaixonada torcida colorada. Mais de dez mil torcedores que foram apoiar seu time no Beira-Rio. E viram o show de Paolo Guerrero...
Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 09 Jul 2015 01:53:50
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