terça-feira, 7 de julho de 2015

Galvão Bueno decreta o fim do amor entre Globo e CBF. Ou Marco Polo 'perde o medo' de extradição e vai para a Suíça brigar pelo Brasil, e pela emissora, ou se prepare para a guerra...

Galvão Bueno decreta o fim do amor entre Globo e CBF. Ou Marco Polo 'perde o medo' de extradição e vai para a Suíça brigar pelo Brasil, e pela emissora, ou se prepare para a guerra...




"Se nós não tivermos representatividade na reunião da Fifa no dia 20, se não for ninguém com medo de ir na Suíça, então é hora de zerar a pedra e começar de novo. "Não podemos não ter o presidente da CBF na Copa América e não podemos não ter o presidente da CBF na reunião da Fifa que funciona para decidir o destino do futebol mundial. O Brasil é peça importante. Então vai caber a ele (Marco Polo Del Nero) ter que entender que não pode mais exercer o cargo (se não estiver presente). "Vou esperar o dia 20 para ver se o nosso presidente da Confederação Brasileira de Futebol estará representando o Brasil na reunião do Comitê Geral da Fifa, que vai decidir se o Blatter está blefando ou não está blefando. "Se (Blatter) vai entregar o cargo ou não vai, se vai ter eleição de novo ou não vai, quando vai ter nova eleição, o que vai acontecer com quem está envolvido (nas investigações do FBI e da Polícia Federal da Suíça sobre supostos pagamentos de propina feitos por membros da alta cúpula da Fifa) e quem não está envolvido. Hoje é dia 6 de julho. Daqui a 14 dias (acontece a reunião). Vou esperar." Este foi o discurso de Galvão Bueno, encarando a câmera do seu programa Bem, Amigos do Sportv, canal a cabo de esporte da TV Globo. Quando o principal narrador da emissora dona do monopólio do futebol opina, não fala apenas por si. Sabe muito bem que representa o pensamento dos executivos, seus patrões. Mas quando Galvão encara as câmeras e exige que o presidente da CBF, Marco Polo del Nero, esteja no sorteio da tabela das Eliminatórias na Suíça, ele vai além. O editorial não foi só desmoralizante. Mas uma ameaça da Globo. Preste atenção nas palavras de Galvão.

"Se não for ninguém com medo de ir na Suíça, então é hora de zerar a pedra e começar de novo." Medo de ir na Suíça? Galvão está se referindo à possibilidade de Marco Polo não ir para não correr o risco de ser preso. O dirigente da CBF está sendo investigado pelo FBI. Se algo de irregular for descoberto, em Zurique ele poderia seguir o caminho de seu antecessor, José Maria Marin. Ir para a cadeia e correr o risco de ser deportado para os Estados Unidos e ser julgado lá, por seus eventuais crimes. Se Marco Polo não for, o locutor/voz oficial global sugere "zerar a pedra e começar de novo". Tradução. Buscar um novo comando para o futebol brasileiro. Com a saída de Marco Polo da CBF. Ou o nascimento de uma liga de futebol que cuide dos clubes e da Seleção. Por que esta postura tão radical da Globo, para quem sempre se vangloriou de ser parceira e se beneficiou da cumplicidade da CBF? A resposta está com os executivos responsáveis pelo futebol da emissora.

O Brasil já caiu nas quartas-de-final das Eliminatórias. Não disputou semifinal e final. Audiência e visibilidade jogadas fora. Com a eliminação não se classificou para a rentável Copa das Confederações da Rússia, depois de sete edições. Será um torneio importantíssimo a menos em 2017. Para desagradar os patrocinadores que bancam R$ 1,3 bilhão para mostrarem suas marcas nos intervalos das partidas da Seleção. A raiva de Galvão é que ele tem uma informação importante. Marco Polo não está disposto a ir para a reunião extraordinária da Fifa. Ela definirá os novos candidatos à presidência, com a renúncia forçada de Blatter. O encontro será no dia 20, na Suíça. A Globo sabe muito bem que outros assuntos serão decididos na sede da Fifa. O Brasil precisa se mostrar forte para vários assuntos. O primeiro deles, exigir novo recurso, seja o que for, para que consiga a liberação de Neymar para os dois primeiros jogos das Eliminatórias. A emissora sentiu o que é o time de Dunga sem seu principal talento. E há o medo real, pela primeira vez, de o Brasil não disputar uma Copa do Mundo. O desastre financeiro seria absurdo.
Vale a pena esses trechos de uma matéria da Carta Capital do ano passado (...) Só com o que é pago pelos patrocinadores, a Globo embolsou cerca de R$ 1,44 bilhão (com a Copa de 2014). O preço de tabela por cota de patrocínio era de cerca de R$ 180 milhões. Adicione à conta o que o grupo ganha com a retransmissão dos jogos para outros veículos. "(...) o sorteio das eliminatórias da Copa, em 2011, no Rio de Janeiro. Prefeitura e Governo do Rio pagaram R$ 30 milhões para a Globo comandar o evento. Entre recursos públicos e privados, o faturamento originado por toda a divulgação da Copa chega a um valor inestimável, já que não há transparência em sua divulgação." Não é só moral do futebol brasileiro que corre risco. Mas muito dinheiro está em jogo com a participação na Copa do Mundo. Começar as Eliminatórias com derrotas seria arriscado. A população passou grandes vexames na Copa do Mundo. A admiração à Seleção Brasileira deixou de ser a mesma há muito tempo. Só ficou pior com a vergonha de 2014, com os 7 a 1.

Para que o quadro seja revertido, não adianta Marco Polo mandar o seu secretário, Walter Feldman. Ele não tem estofo para negociar, brigar pelo Brasil. O posto de presidente da CBF é de um peso decisivo. Além disso há outros motivos. Como a escolha de árbitros nos confrontos brasileiros. O exemplo de Amarilla na partida entre Corinthians e Boca de 2013 segue vivo. A CBF também teria de batalhar horários de partidas da Seleção que for melhor para a emissora. Além disso definir se o país terá mesmo apenas duas sedes para a disputa da Copa. Sequência de adversários, não. Por que saem no sorteio do dia 25, em São Petersburgo na Rússia. A Globo sabe. o Brasil já está desmoralizado na Fifa. Com o ex-presidente da CBF e homem que organizou a Copa do Mundo de 2014 preso. Se o atual presidente não viajar para a reunião extraordinária do dia 20, não só o país, mas a emissora estará "órfã". Não haverá ninguém de prestígio na luta dos seus interesses. No domingo, a Globo já denunciou no Esporte Espetacular. Foi Dunga quem exigiu que a CBF não entrasse com recurso tentando diminuir a pena de Neymar. Supostamente, ele queria mostrar a força do grupo que havia convocado. Tinha certeza que o Brasil chegaria até a final da Copa América. Aí não restariam jogos de suspensão para Neymar cumprir nas Eliminatórias. Seu time caiu contra o Paraguai. E a conta ficou pendente. O discurso de Galvão anuncia. A parceria com a CBF corre sérios riscos. Há quem defenda na Globo que a emissora não transmita mais jogos nas quartas-feiras. Os filmes dão melhor audiência. Fausto Silva também está incomodado com as partidas que puxam seu programa para baixo. A relação entre as irmãs siamesas Globo e CBF está abalada. A desfaçatez de Galvão impressionante. Um narrador exigir que o presidente Marco Polo vá à Suíça. Ou "a pedra será zerada". Recado dado. Agora é com o desafiado Marco Polo del Nero...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 07 Jul 2015 13:56:27

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