quinta-feira, 2 de julho de 2015

A revolta e a tristeza de Rogério Ceni. Acreditou na promessa de Aidar. Em vez de um grande time para Osorio, desmanche. Ceni percebe: não existe chance de ser campeão pela última vez...

A revolta e a tristeza de Rogério Ceni. Acreditou na promessa de Aidar. Em vez de um grande time para Osorio, desmanche. Ceni percebe: não existe chance de ser campeão pela última vez...




Quem tinha moral para falar, se manifestou. E com toda a veemência. Logo após a derrota contra o Atlético Paranaense, ontem à noite, Rogério Ceni não deixou pedra sobre pedra. Falou o que Juan Carlos Osorio deseja, mas não tem coragem. Desabafou o que os seus companheiros de time também sonhavam em declarar. Mas o medo de vingança de Carlos Miguel Aidar impediu. Rogério Ceni, não. Ele sabe da sua importância na história do São Paulo. Do grande líder que precisa se manifestar quando o clube enfrenta grandes problemas. Mesmo que sejam criados pela própria diretoria. Tendo à sua frente um time limitado, enfraquecido pelas vendas da diretoria, ele resolveu não mais se calar. "As pessoas falam em dinheiro, em dinheiro...Eu trabalho nesse clube há 25 anos. Isso aqui (falta de dinheiro) se resolve mais cedo ou mais tarde. Agora...Você perder seis ou sete jogadores assim...Muita venda, né? Aí enfraquece... "A gente tinha uma expectativa três semanas atrás. E agora muda totalmente, né? "A gente entende a necessidade financeira do clube. Mas eu entendo também a minha necessidade de ser campeão. Então aí são conflitos que a gente tem de resolver." Mais direto possível, Ceni não poderia ser. Ele, Comissão Técnica e jogadores ficaram revoltados com mais uma venda. Souza estava concentrado para enfrentar o Atlético Paranaense. Quando foi avisado que não jogaria. Os dirigentes conseguiram vendê-lo ao Fenerbahce por 8 milhões de euros, cerca de R$ 28 milhões. O clube ficará com apenas R$ 9,8 milhões, porque possuía apenas 35% dos seus direitos. Denilson e Paulo Miranda já foram vendidos. Mas ontem o clube passou por grande vexame. O dinheiro da venda da dupla foi penhorado pela justiça. Por causa de dívidas com a empresa que intermediou a venda de Jorginho Paulista para o São Paulo. Em 2002.

Depois de ter sido vetado nos exames médicos no Valencia, Rodrigo Caio tenta se acertar com o Atletico de Madrid. A imprensa espanhola garante que ele ficará um ano emprestado. Se não tiver problemas médicos nos dois joelhos, que são operados, será contratado definitivamente. O clube também não conseguiu renovar o contrato de empréstimo de Dória. São cinco desfalques muito importantes no São Paulo. Rogério Ceni cobrou publicamente a diretoria do clube. Ele sabe do que está falando. Na apresentação de Osorio para os jogadores, Carlos Miguel Aidar garantiu a todos. O clube começaria um novo ciclo vencedor com o treinador colombiano. E a equipe iria ficar cada vez mais encorpada, mais forte.

Só que as dívidas se acumulam e praticamente travam o clube. Já passaram de R$ 300 milhões. Por isso, Carlos Miguel Aidar esqueceu as promessas que fez aos jogadores. Atitude típica de dirigente de futebol brasileiro. Promete e não cumpre. Além de não reforçar o time, Aidar sabe. Daqui oito dias, o clube completará quatro meses de atraso de direitos de imagem. Os atletas já estão irritadíssimos. Ele não receberam uma promessa de que o dinheiro seria pago. Não foram duas promessas. Foram três. E até agora, nada. Contra o Atlético Paranaense, o time entrou irritado em campo. Pelos 4 a 0 que tomou do Palmeiras e, ainda mais, pelo dinheiro não ter chegado à conta de cada um. A equipe até que começou bem a partida. Só que se desmanchou após tomar gol infantil. Alexandre Pato não teve o menor pudor em entregar a cabeça de Lucão em uma bandeja de prata. Ele não acompanhou Gustavo, como havia sido treinado e combinado com Osorio. Mas no lance, Lucão deixou Gustavo chegar sozinho e até abaixar o corpo para marcar 1 a 0. "Não podemos tomar gol de bobeira que nos atrapalha. Percebi erro de quem estava marcando, e sabemos quem foi", delatou Ganso. "Fui eu mesmo. O professor Osorio pede todos marquem individualmente o seu. Não marquei o Gustavo."

O clima no São Paulo tem tudo para ser péssimo hoje. Paulo Henrique Ganso já estava sendo cobrado nos vestiários em Curitiba. Os jogadores não o perdoavam por haver entregue Lucão. O pior deverá ficar por conta de Carlos Miguel Aidar. O presidente precisa se impor diante de Rogério Ceni. Não pode ser cobrado publicamente. Por mais que o goleiro seja ídolo. Há uma hierarquia no São Paulo. Se fosse qualquer outro jogador que cobrasse os dirigentes publicamente, já estaria afastado. Menos Ceni. O goleiro sabe que irá abandonar o futebol em dezembro. Ele havia ficado muito entusiasmado com a contratação de Osório. E com a promessa de Aidar que o time seria fortíssimo. Três semanas depois, a realidade. Cinco jogadores importantes no grupo indo embora. Ceni só tem a Copa do Brasil e o Brasileiro para conquistar seu último título antes de parar. Mas a diretoria são paulina está sabotando com seus sonhos. Até hoje, ele se calou. Mas o maior ídolo da história do Morumbi se cansou. E deixou claro o porquê não deverá ganhar o derradeiro título. Carlos Miguel Aidar está desesperado, tentando pagar as dívidas do São Paulo. E ainda levantar recurso para a reforma do Morumbi. Não é por acaso que o clube estagnou no Brasileiro. Travou. Depois das derrotas para o Palmeiras e ontem, diante do Atlético Paranaense, o São Paulo despencou para sexto no Brasileiro. Péssima notícia. "Não tem desmanche. Temos 37 jogadores no elenco e saíram quatro. Não tem desmanche. O São Paulo não está pensando em contratações. Os jogadores estão sendo promovidos da base, esse é o projeto.

"Há 30 anos, eu fiz uma venda grande de atletas, promovi a base, e fomos bi do Brasileiro e tivemos a base do time bicampeão mundial. Tenho certeza de que estou no caminho certo." Carlos Miguel age como se só ele tivesse neurônios. O plano é agir como se o mundo tivesse parado nesses 30 anos. Então sua genialidade indica: vender, não contratar e apenas lançar jovens jogadores da base. Pura bobagem. Ele não pode cumprir o que prometeu a Osório e aos jogadores. Só que nunca esperou uma cobrança tão forte e verdadeira de Rogério Ceni. O maior ídolo do São Paulo percebeu. Errou em acreditar em Aidar. Deve terminar a carreira jogando em uma equipe limitada, fraca. É o máximo que o presidente do São Paulo tem capacidade de oferecer. Por isso o time despenca na tabela do Brasileiro. Já é o sexto com as duas últimas derrotas seguidas. O desânimo de Rogério Ceni é nítido. Seu sonho de ser pela última vez campeão não existe mais...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 02 Jul 2015 01:51:58

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