quarta-feira, 8 de julho de 2015

O melhor presente no aniversário dos 7 a 1. Daniel Alves desabafa. Desmoraliza os acomodados Felipão e Dunga. Revela que Marin não quis Guardiola na Copa de 2014. E defende geração de Neymar...

O melhor presente no aniversário dos 7 a 1. Daniel Alves desabafa. Desmoraliza os acomodados Felipão e Dunga. Revela que Marin não quis Guardiola na Copa de 2014. E defende geração de Neymar...




Fabulosa a entrevista de Daniel Alves à ESPN. Foi muito além de revelar que Pep Guardiola queria ser o treinador do Brasil, logo após a saída de Mano Menezes. É importantíssimo saber que o melhor técnico do mundo desejava a seleção mais tradicional do mundo, a única que venceu cinco Copas. O irmão de Guardiola se chama Pere. E é empresário de jogadores. Entre eles, Luiz Suárez. Tem influência no Barcelona. Foi ele quem teria se aproximado do staff do então presidente da CBF, José Maria Marin. Pep estava no início daquele que seria seu ano sabático. Foi do meio de 2012 até o início do trabalho no Bayern, no meio de 2013. Se chegasse até ele a resposta afirmativa, o sim de Marin, seus planos teriam sido mudados. E o Brasil teria o melhor treinador do mundo. Com um ano e meio para montar sua filosofia moderna de jogo. "Eu pago por ser linguarudo, mas não conto mentira. Antes da Copa, o Pep (Guardiola) queria treinar a seleção brasileira e não quiseram. O Pep falou que queria fazer a gente campeão do mundo e tinha toda a estratégia e não quiseram. Falaram que não sabiam se o Brasil iria aceitar. Se não aceitamos o melhor do mundo, que pode nos fazer melhores, você não se preocupa com a Seleção Brasileira. "Desde que eu estou na seleção, ele já tinha o time na cabeça, já tinha a equipe que ele queria para treinar o Brasil. O Pep é o melhor treinador do mundo. O cara mais gestor esportivo que eu vi. Um cara que revolucionou o futebol, um time, uma equipe. "Tivemos a chance de ter o cara sem ter que gastar, se o problema é dinheiro. A intenção dele era só receber se tivesse o resultado esperado pelo povo brasileiro. Você deixa passar uma oportunidade dessa? Você não pensa na seleção brasileira?"

Marin não tomava sequer um cafezinho como presidente da CBF sem consultar Marco Polo del Nero, seu vice. Os dois sempre combinaram na xenofobia. Ficaram com medo da opinião pública. Entregar a Seleção Brasileira para um espanhol, em plena Copa disputada aqui? De jeito algum. E optaram pelos ultrapassados Luiz Felipe Scolari e Carlos Alberto Parreira. Fim da primeira missão de Daniel Alves na ESPN. Mostrou o que Marin e Marco Polo tiveram a incompetência de fazer. Desprezar o melhor técnico do planeta. Fica a esperança para quem não acreditava que os grandes treinadores do mundo se submeteriam a trabalhar no Brasil. Encarar a estagnação dos dirigentes. Ele virão, se convidados. A segunda missão era mais espinhosa. E foi a que o motivou a pedir para seu assessor de imprensa, Acaz Fellegger, que arrumasse um lugar onde pudesse falar. Ter a repercussão que desejava. E ele o levou, com acerto, à ESPN. Lá teve toda a liberdade de fazer o que sua consciência mandava. Tentar salvar uma geração.

Para isso, Daniel Alves arriscou nunca mais ser chamado para a Seleção Brasileira. Deixou bem claro o que pensa. Que a culpa dos fracassos em 2006, 2010, 2014 e, principalmente, em 2015 não está com os jogadores. Mas com os treinadores. Dunga não foi citado. Mas o recado foi direto para ele. A carapuça tem o tamanho de sua cabeça. "O Brasil parou no tempo. Ele acredita porque ganhou cinco vezes a Copa do Mundo é suficiente. Pensamento medíocre para mim. Se você tem cinco, tem de se preparar para ganhar mais cinco. E não para vender que hoje o povo não se vê identificado com a Seleção. "Nós (jogadores atuais) não somos responsáveis pela cinco (conquistas). Mas também não somos responsáveis pela organização. Eu acredito que o futebol é treinador, é jogador. É a junção de tudo isso. Sabe por que o Barça ganha? Porque o clube é organizado. Organizado na instituição, na equipe. E tem grandes treinadores com grandes filosofias.

"A gente parou no tempo, não evolui. Se os treinadores brasileiros, em geral, fossem muito bons, eles estariam trabalhando fora do Brasil. Em grandes ligas. E não estão porque ficaram para trás, se acomodaram... "Agora houve uma melhora com o Dunga, nos trabalhos, na forma de entender (o jogo). Mas ainda não é suficiente. "Eu tive a chance de ir com ele em 2010. E tinha um trabalho que estava para trás (do que era feito na Europa). Agora está se aproximando (do futebol moderno). Mas não é suficiente. Tem que ter uma maior evolução, maior organização." Daniel deixou bem claro que falava o que jogadores queriam, mas não podiam, com medo de não serem mais chamados para a Seleção. Ele resolveu encarar, comprar a briga, ontem, na véspera do aniversário do 7 a 1. "É muito fácil dizer que a culpa (fracasso na Copa América) é dos jogadores. Porque você tira o seu da reta e bota o dos jogadores. E aí você (Dunga e direção da CBF) falar que os jogadores são o problema da Seleção Brasileira? Não aceito. "A gente joga em grandes clubes europeus. A gente ganha nos grandes clubes europeus. Por que a grande maioria dos jogadores que vem para a Seleção é campeã nos seus clubes. E vem aqui podendo estar de férias, podendo estar de férias com seus filhos, com sua família. Para servir a Seleção. E a gente sente (orgulho) em jogar pela Seleção, por mais que as pessoas pensem que não. A gente abdica coisas que são mais importantes do que jogar futebol. Por estar na Seleção. "E não é por status que a gente joga na Seleção. A gente não tem muito benefício na Seleção Brasileira. As pessoas pensam que a Seleção dá uma estabilidade de vida e não dá. Pode te dar possibilidades. Mas possibilidades não é realidade."

Depois de revelar que Marin e Marco Polo desperdiçaram Guardiola e que a culpa do fracassos que o Brasil acumula está nos técnicos, ainda havia mais. Exorcizar a vergonha dos 7 a 1, que completa o primeiro aniversário hoje. "Vou especificar. O treino não é quanto mais você faz, mais vai conseguir coisas, não. O treino é outra coisa. Eu dei uma declaração após o jogo, dizendo que a gente não estava preparado para enfrentar a Alemanha. Por isso a gente perdeu de 7 a 1. "Eu não falei que a gente não estava preparado fisicamente, psicologicamente. Taticamente. No futebol não tem surpresa, não. Futebol é preparação. Vitória é preparação. As pessoas não entendem quando a gente diz que o Brasil não estava preparado. Preparado não é correr, não. Não é fisicamente não, que você se prepara, não. Tanto que no dia seguinte, Argentina e Holanda não passavam do meio de campo. Com medo de passar algo parecido (com o 7 a 1)." Daniel disse que conversou durante os dias que antecederam o desastre no Mineirão com Dante. E ele, que jogava com a base da Seleção Alemã, o Bayern, percebia que o trabalho estava errado. Mas o lateral resolveu não falar. Ele havia perdido a posição para Maicon. E acreditou que se tentasse corrigir Felipão pareceria rancor pela reserva. Mas se arrepende.
Daniel Alves tem 32 anos. Ganhou três Champions League, dois Mundiais de Clubes, cinco Campeonatos Espanhóis, duas Ligas Europeias, três Super Copas Europeias, cinco Super Copas da Espanha, entre outros títulos. Acaba de renovar seu contrato no Barcelona por mais dois anos com a possibilidade de um terceiro. Foi campeão mundial sub-20 em 2003. Ganhou a Copa América de 2007. E a Copa das Confederações de 2009 e 2013, com a Seleção Brasileira. Está milionário e não teve medo de colocar o dedo na ferida. Desmoralizou Marin, Marco Polo, Felipão, Parreira e Dunga. E defendeu seus companheiros. Não acredita de verdade que o problema seja a geração de jogadores. Quem presta atenção nas suas palavras, entende. A culpa pelos sucessivos fracassos desde 2002 está na acomodação. Na falta de organização da cúpula da CBF. E na incompetência dos acomodados treinadores brasileiros. Não na atual geração de jogadores, liderados por Neymar. Se a partir de agora não for mais chamado para a Seleção será compreensível. Mas o lateral deu um grande presente ao país.

No aniversário dos 7 a 1 da Alemanha.

Revelou o quanto são incompetentes quem comandam o futebol deste país.

Missão cumprida.

Obrigado, Daniel Alves...



Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 08 Jul 2015 01:12:09

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