Foi dolorido. Paulo Nobre percebeu que poderia criar uma desnecessária crise no Palmeiras. E não fez a proposta espetacular que Valdivia esperava. O meia tinha a certeza que, mesmo apalavrado com o Al Whada, dos Emirados Árabes, o seu maior fã no território nacional iria segurá-lo. Havia a convicção que o bilionário Paulo Nobre interferiria. Ainda mais depois que tudo que fez pelo Chile, campeão da Copa América. Voltou na terça-feira, treinou. E esperou pela reunião com a diretoria. Nela estavam o executivo Alexandre Mattos,o primeiro vice presidente Maurício Precivalle Galiotte e o segundo vice presidente Genaro Marino. Nem sombra de Paulo Nobre. Foi então que ele falou que tinha uma proposta do Al Whada. Esperava que o Palmeiras tentasse segurá-lo, fazendo outra oferta. E não a que o havia ofendido: R$ 120 mil mensais fixos e mais R$ 60 mil por jogo. Por um ano, renovável por outro, nas mesmas condições. O famoso contrato por produtividade. Mas não houve contraproposta alguma. E por um motivo muito importante. Paulo Nobre se viu sozinho na vontade de segurar o instável meia. A ala que garante a sua gestão, comandada pelo ex-presidente Mustafá Contursi, não suportava mais Valdivia. Os diversos problemas que causou. As indisciplinas. A demora absurda para se restabelecer das mais simples lesões. O homem de confiança de Paulo Nobre, no futebol, Alexandre Mattos também não queria Valdivia. Seu discurso de que desejava a permanência do jogador não convencia ninguém. Principalmente o jogador e seu empresário, o próprio pai. Eles sabiam que foi Mattos quem insistiu com Nobre que o contrato de produtividade fosse imposto ao chileno. O executivo mostrou a Paulo Nobre que, em cinco anos de Palmeiras, o meia não atuou nem em metade dos jogos. Mesmo diante de todo o talento reconhecido de Valdivia, os números são assustadores. Em cinco anos, o meia ofensivo marcou apenas 17 gols. Deu 23 assistências. Enquanto o Palmeiras atuou 333 vezes, ele atuou 147 vezes. Esteve fora 55,86% dos jogos. Mas recebeu todos os meses o salário de R$ 475 mil.
"Ele não joga mais no Palmeiras. Foi feita uma proposta, ele achou mais interessante uma proposta de fora. Eu particularmente sempre disse que achava um dos melhores jogadores em atividade no Brasil, se não fosse o melhor. Eu, como presidente do clube, tinha todo o interesse que ele ficasse. Só que o Palmeiras foi no limite que achava razoável para mantê-lo no elenco", disse ontem, visivelmente emocionado, Paulo Nobre, após a vitória contra o Avaí por 3 a 0. O contrato de Valdivia vai até o dia 17 de agosto. Só que Mattos diante da postura do chileno, conversou com o presidente palmeirense. E ambos chegaram à conclusão de que seria um risco desnecessário colocá-lo para jogar. Marcelo Oliveira não só perderia tempo utilizando um atleta que não seguirá no clube. Perderia a chance de entrosar a equipe que tem potencial para brigar pela vaga na Libertadores, pelos títulos do Brasileiro e da Copa do Brasil. "Fiquei sabendo agora de forma definitiva que o Valdivia não vai ficar. Se ele ficasse, seria ótimo. Não sendo assim, acaba o ciclo de um jogador muito importante. Não temos muitos argumentos para falar disso porque é do Valdivia e da diretoria. Agora vamos valorizar os jogadores que temos aqui, Robinho, Zé Roberto e Cleiton Xavier. Temos boas peças para repor", garantiu o treinador, sabendo que não chegará um 25º reforço. Mas há algo além disso. O chileno poderia fazer suas últimas nove partidas pelo Palmeiras. Ou oito, já que ontem ficou de fora contra o Avaí. Sport, Santos, Vasco, Atlético Paranaense, Cruzeiro, Coritiba, Flamengo pelo Brasileiro. E ASA de Arapiraca pela Copa do Brasil. Só que não há o interesse de ver o meia brilhando nestes jogos. A diretoria antevê um clima de revolta desnecessário por parte da torcida, da imprensa, caso o meia chileno se aplique e mostre todo o seu talento. Jogue muito bem e depois vá embora. Ficaria a impressão de incompetência dos dirigentes em segurá-lo. Por isso, Valdivia não veste mais a camisa do Palmeiras. A princípio, a ideia é nem fazer um jogo de despedida. "Ele fez uma bela Copa América. Em campo ele é espetacular. Está de parabéns. O Palmeiras também foi um pouco campeão da Copa América com ele lá. Eu torci pelo Chile. Desejo super boa sorte ao Valdivia. Ele foi brilhante, teve passagens muito boas pelo Palmeiras nas duas vezes que jogou pelo clube. Ele vai seguir o caminho, vou continuar torcendo para que ele tenha um futuro brilhante", discursava Nobre, visivelmente contrariado. Ele ainda tem a convicção que Valdivia tem o potencial para ser o camisa 10 que este Palmeiras tanto precisa.
Mas não havia mais o menor clima no clube. Nobre correria o risco até de ficar sem apoio político para continuar presidindo o clube. A rejeição a Valdivia entre os conselheiros e membros do Conselho de Orientação Fiscal é quase absoluta. Valdivia foi surpreendido. Esperava uma última tentativa de Paulo Nobre. Mas o dirigente não teve como fazer sua vontade. Diante desse quadro, o chileno vai pedir a Osório Furlan, dono de 36% dos seus direitos, que o libere. Só depende do investidor que gastou R$ 5,5 milhões com o meia, em 2010. Osório sabe que não há o que fazer. Não haverá venda. Ele não ganhará nada. O contrato do jogador terminará no dia 17 de agosto. Segurá-lo seria vingança. Estupidez sem sentido. O empresário quer ser ressarcido de pelo menos uma parte que investiu. Mas agora é problema dele e do Palmeiras, não do jogador. A saída do talentoso chileno do Palmeiras é pela porta dos fundos. Por sua única e exclusiva culpa. Sai milionário, mas frustrado. Se tivesse responsabilidade, Valdivia teria ido muito mais além. Seria um dos maiores ídolos da história do clube. Não quis, fez questão de, inúmeras vezes, desrespeitar o Palmeiras. Agora, mesmo campeão da Copa América, chegou a vez de ser desprezado...
Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 09 Jul 2015 03:12:34
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