sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Dunga já sabe. Com a conquista do bi brasileiro pelo Corinthians, a sombra de Tite fica enorme. Ainda mais com todo o apoio da Globo. Tudo indica que Adenor não será o Rubens Minelli dos anos 2000...

Dunga já sabe. Com a conquista do bi brasileiro pelo Corinthians, a sombra de Tite fica enorme. Ainda mais com todo o apoio da Globo. Tudo indica que Adenor não será o Rubens Minelli dos anos 2000...




A sombra já está imensa. Dunga é vivido. Percebe o que está acontecendo. A conquista do hexacampeonato pelo Corinthians traz nas costas a figura de Tite. Nenhum treinador brasileiro tem seus títulos. Campeão mundial, da Libertadores, duas vezes Brasileiro, Copa do Brasil, Copa Sul-America, Recopa, Paulista, três vezes Gaúcho. Nos últimos três anos venceu Libertadores, Mundial, Paulista, Recopa e Brasileiro. Suas conquistas estão frescas na memória da população, da imprensa. É o técnico predileto da emissora que controla o futebol deste país. Tite usa a Globo e a Globo usa Tite. Sua casa, sua família, seus sonhos, seus estudos, suas tristezas, suas frustrações, suas conquistas, suas festas. Tudo foi aberto como se fosse um reality show. Organizado por sua incansável assessoria de imprensa. Nada é natural no futebol brasileiro. Há um trabalho insano dos assessores para satisfazer seu cliente. E o seu desejo maior na carreira, na vida é a Seleção Brasileira. Mas o técnico não tem nada de ingênuo. Sabe muito bem que se esperar sentado, o convite pode nunca chegar. Tite tem um grande exemplo que não se esquece. Rubens Minelli. Ele foi tricampeão brasileiro em seguida. Reinou entre 1975 até 1977. Duas vezes com o Internacional e outra com o São Paulo. Mas não chegou à Seleção porque, reservado, não comprou uma briga pública. Não mostrou o quanto revolucionou o futebol do país com o primeiro esboço de preenchimento de espaço, recomposição, atacar e defender em bloco. Como a então CBD era dominada por cariocas, o técnico do Flamengo, Claudio Coutinho, levou o Brasil à Copa de 1978. Foi uma enorme injustiça.


Tendo Minelli como referência, Tite sabe que só merecimento neste país não é certeza de nada. E, desde que conseguiu a inédita Libertadores com o Corinthians, sua meta é chegar a Seleção. O agora presidente do Corinthians, Roberto de Andrade, sabe o quanto sofreu quando era vice de futebol no final da preparação para o Mundial de 2012. Mano Menezes havia sido demitido por José Maria Marin e Marco Polo del Nero. Ambos queriam Felipão. Já tinham conversado com ele antes de mandarem Mano embora. Só que disseram publicamente que estavam analisando o futebol brasileiro. E que o melhor treinador levaria a Seleção como prêmio. O anúncio seria em janeiro. Tite considerou uma mensagem cifrada. Afinal, ele havia acabado de vencer a Libertadores e estava preparando o Corinthians para o Mundial no Japão. Pensou, com lógica. Bastaria ganhar também este título e viria a consagração. Roberto de Andrade confessou a conselheiros próximos que Tite parecia enfeitiçado. Passou só a falar de Seleção, dos seus planos, do que iria fazer quando chegasse à CBF. Isso faltando em pleno processo final de preparação para a viagem ao Japão. Roberto chegou até a proibir que participasse de coletiva. Se falasse aos jornalistas iria mostrar que seu foco havia dado uma volta de 180 graus. Como a menina possuída de O Exorcista, seu pescoço virou às costas ao Parque São Jorge. Sua fixação era a Seleção. Marin e Marco Polo perceberam que erraram ao prometer que o novo treinador seria anunciado em janeiro. Se o Corinthians vencesse o Mundial, ficaria ridículo não chamar Tite. E decidiram, por ele e pelo Corinthians, antecipar o anúncio de Felipão.

Roberto disse que foi um choque, um soco no estômago do treinador corintiano. Depois de dois dias de luto, ele mergulhou outra vez no trabalho. E conseguiu levar o Corinthians à conquista do Mundial. E fez questão de valorizar o clube, os jogadores e até os dirigentes que tanto o apoiaram. Foi aí que a amizade com Roberto de Andrade se consolidou. A preferência da CBF por Felipão, a dispensa do Corinthians pelo ex-presidente Mario Gobbi, o ano sabático que passou estudando futebol europeu amadureceram Tite. Aprendeu a jogar. Sabe que precisa valorizar ao máximo suas conquistas. E da mesma maneira que enfrenta uma equipe em Itaquera, tem de sufocar aqueles que se negam a vê-lo como o homem ideal para comandar o Brasil. De maneira firme. Porém sutil. Seu principal assessor de imprensa cometeu um enorme erro que acabou o queimando na CBF. E pode até ter feito com que não assumisse o cargo após a vergonhosa participação brasileira na Copa. Enquanto acontecia o Mundial, o assessor frequentou a Granja Comary. A desculpa era que assessorava também Bernard. Só que jornalistas do Brasil todo só queriam saber de Tite, que estava desempregado, esperando a Seleção. Marin e Marco Polo del Nero odiaram a situação. E chamaram de volta Dunga sem o menor constrangimento. Tite não quer que isso aconteça novamente. Sua ligação com a TV Globo é fundamental. Ele é o treinador preferido da emissora para o cargo. Sua ligação com os jornalistas é excelente. Já chorou, fez declarações de amor à esposa, revelou segredos táticos. Fez de tudo. É quase como se fosse um funcionário da casa.

Ao contrário de Dunga. Há um enorme rancor na emissora em relação a ele. Xingar, provocar e chamar para briga Alex Escobar durante a Copa de 2010 foi apenas a visualização da rejeição. O treinador impediu que a Globo tivesse acesso à concentração brasileira na África do Sul. Não fez como Felipão que abriu os treinamentos durante a Copa para Luciano Huck, Mumuzinho, Galvão e Patricia Poeta. Dunga já fechou novamente a Seleção durante a Copa América e agora nas Eliminatórias. Promete fazer o mesmo na Rússia. Se chegar lá. A conquista do bicampeonato brasileiro pelo Corinthians será explorado ao máximo. Os tropeços da Seleção em 2016 serão analisado com uma lente de aumento. A sombra de Tite nunca foi tão grande. O treinador sabe disso. E já está obcecado trabalhando na formação do elenco corintiano para conquistar a Libertadores de 2016. A diretoria assegurou que a Globo antecipou verbas, renovará com a Caixa, tenta pela centésima vez fechar o patrocínio dos naming rights, fora o ótimo contrato com a Nike. Há também a possibilidade de uma renegociação com a enfraquecida Odebrecht em relação ao pagamento do estádio. O clube quer ficar com parte da arrecadação, parar de pagar 100% pela arena. Além disso está aumentando o número de sócios-torcedores. Dinheiro não vai faltar para Tite segurar a esmagadora maioria dos seus jogadores. Gil e Renato Augusto estão sendo os mais assediados pela Europa. Jadson outra vez está recusando proposta da China. Tite segue desejando a Seleção. Não é mais apenas sonho. É um objetivo que vai tentar buscar de maneira racional. Com mais conquistas pelo time mais popular do estado mais rico do Brasil. Aumentar sua sombra em relação a Dunga. Ela já é enorme. Os títulos vão acabando com qualquer argumento. Dunga em 2016 três desafios terríveis. A sequência das Eliminatórias. A centenária Copa América nos Estados Unidos. E a Olimpíada. Qualquer fracasso terá peso enorme. Até porque Tite estará montando meticulosamente o Corinthians para a Libertadores de 2016. Se conquistar o bicampeonato, muita coisa poderá acontecer. Até antes mesmo da disputa do Mundial, caso consiga vencer de novo a competição sul-americana. Definitivamente, Tite não quer ser o Rubens Minelli dos anos 2000. Para preocupação de Dunga. Ele sabe que é impossível confiar nas promessas de Del Nero...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 20 Nov 2015 12:12:29

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