quinta-feira, 5 de novembro de 2015

O Flamengo aceita o 'bonde da Stella' de volta. Sem alegria. Constrangido, por não ter elenco. Mas quinteto não ficará. Trocou o privilégio de vestir a camisa rubro negra por farra...

O Flamengo aceita o 'bonde da Stella' de volta. Sem alegria. Constrangido, por não ter elenco. Mas quinteto não ficará. Trocou o privilégio de vestir a camisa rubro negra por farra...




O "bonde da Stella" está perdoado. Os cariocas costumam ter o espírito mais liberal que os paulistas. Principalmente os torcedores. Se os jogadores estão de folga, podem fazer o que bem desejarem. Torcidas organizadas do Palmeiras e do Corinthians no passado já chegaram a caçar jogadores na balada. Tinham um pacto de denunciar quem encontrasse atletas pelos bares, baladas e casas de prostituição. Principalmente quando os times despencavam nos campeonatos. Mas a paciência se esgotou com Alan Patrick, Everton, Marcelo Cirino, Pará e Paulinho. O Flamengo acumulando derrotas, vendo o sonho da Libertadores de 2016 desaparecer. Mesmo assim, o quinteto organizando farras com bebidas, mulheres que chegavam de van. E, de acordo com o jornal Extra, colchonetes espalhados pelo chão. Para várias funções. Entre elas, serviriam aos jogadores dormirem e irem direto ao treinamento no dia seguinte. O "churrasco" aconteceu em uma casa que pertencia ao cantor Mr Catra. Há tempos a diretoria já desconfiava do que acontecia. Mas quando fotos foram divulgadas, decidiu agir. Resolveu afastar os cinco jogadores do time. Treinariam separados. E ainda divulgar que todos estariam multados em 30%. Embora sindicatos de atletas garantam que o máximo que os clubes podem descontar dos salários é 10%. "Falo em nome do departamento de futebol do Flamengo pois nosso diretor não pode dar entrevista porque está suspenso. Estamos diante de um fato público e notório divulgado pela imprensa em período decisivo do Brasileiro. Chamamos os cinco jogadores para apurar o caso e eles serão multados e afastados por tempo indeterminado para avaliação da comissão técnica."

A declaração foi do diretor geral, Fred Luz. Os jogadores divulgaram uma nota oficial para o site da Globo. Tentaram desmentir o que foi possível, e não fotografado. E ainda se mostraram irritados por serem cobrados na folga. Classificaram como o "fim do mundo". "Fomos ao aniversário de um amigo nosso e não tinha prostituta, colchão, nada do que foi divulgado. Foi à tarde e ficamos 2h, 3h na festa. Se não podemos numa hora de lazer ir a um churrasco para espairecer fica difícil. O Flamengo briga pelo G-4, não pelo rebaixamento. O momento é complicado, mas não falta empenho. Ter a vida vigiada 24h é porque acabou o mundo. As pessoas precisam entender que empenho dentro de campo não faltou e não faltará." Omitiram as cervejas Stella que sorrindo apontavam para as fotos. Desmentiram as prostitutas e os colchonetes que o jornal publicou. Mas em nenhum momento o quinteto da alegria questionou diretamente o jornal. A frase lapidar é "ter a vida vigiada 24 horas é porque acabou o mundo". Como se a profissão de jogador de futebol fosse comum. Só exigisse dos atletas em campo. Alimentação, descanso, não ingerir álcool. É algo básico para qualquer pessoa da elite do esporte. "Se não podemos numa hora de lazer ir a um churrasco para espairecer fica difícil." Lógico que ninguém no mundo é santo. E atletas têm sim "momentos de lazer" com direito ao que quiser. Desde que tenha respeito ao clube, à frustração dos torcedores. Entender o momento que a instituição que o paga está vivendo. É ilusão acreditar que jogadores em times em crise não façam suas festas. Não deveriam. Mas fazem. Só que têm o mínimo de cuidado. Setoristas do Flamengo relatam que a discussão com os dirigentes e o quinteto foi áspera. Os atletas não aceitaram passivamente as punições. Discutiram. E só aceitaram treinar em separado para não justificar a dispensa por "justa causa".

Cirino está em recuperação e não poderia jogar. Mas os outros quatro que poderiam atuar, foram afastados da partida contra o Grêmio. O limitado Flamengo ficou ainda mais fraco. E perdeu em Porto Alegre por 2 a 0. E ainda perdeu Guerrero, expulso infantilmente, por reclamação. O time despencou para a 11ª colocação no Brasileiro. Oswaldo de Oliveira percebeu que mais uma demissão na sua carreira se aproxima. Todos candidatos, representantes das várias correntes políticas no clube, vão pelo mesmo caminho. Querem outro treinador em 2016. Esse é o único fato em comum na eleição do dia 7 de dezembro. Os jogadores e seus procuradores já trataram de buscar novos destinos. Cirino sabe que o São Paulo o deseja. Assim como Everton recebeu proposta do Tianjin Songjiang, time da Segunda Divisão chinesa. Vanderlei Luxemburgo está por trás dessa provável contratação. Agentes de Paulinho, Pará e Alan Patrick já avaliavam, com otimismo, o mercado. Seus atletas não ficaram sem clubes importantes. Diante do quadro, Oswaldo de Oliveira resolveu agir. E em conversas com dirigentes, deixou claro que era o Flamengo o grande punido. Que mantivessem as multas. Mas colocassem o "bonde da Stella" para jogar. Os atletas seriam cobrados pelos torcedores. E dariam a alma. Não só para fazer o melhor ao Flamengo. Mas para suas próprias carreiras. Já que sabem que não deverão seguir na Gávea. Por isso, Bandeira de Mello mandou a reintegração do quinteto irreverente. Ele estará treinado com os demais jogadores. E alguns deles deverão estar em campo contra o Goiás, no Maracanã. Partida fundamental para travar a decadência na tabela do Brasileiro. São cinco derrotas nas últimas cinco partidas.

O clima no Flamengo não é de festa. Mas de puro constrangimento. Acabou a liberalidade dos torcedores cariocas. A revolta, o rancor com o "bonde da Stella" é grande. Cada vez mais o profissionalismo é cobrado. O respeito ao clube. Esses jogadores não têm noção da importância da camisa rubro negra. Só irão entender quando parar de jogar futebol. Desfrutarão "horas de lazer" à vontade. Suas vidas não serão vigiadas 24 horas. Porque não terão a menor importância na Gávea. Nem em qualquer clube. Serão cidadãos comuns bebendo com mulheres em "churrascos". Como milhões. Agora têm, são especiais. Não porque são Pará, Everton, Cirino, Paulinho e Alan Patrick. Mas porque são jogadores do Flamengo. Mas esse privilégio vai acabar. O "bonde da Stella" não deixará a mínima saudade...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 05 Nov 2015 10:06:20

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