terça-feira, 17 de novembro de 2015

O silêncio constrangedor, a alienação, as poses vazias de Neymar. Ele imita a indiferença de Messi. Egocêntricos, não sabem, e nem querem saber, o valor da tarja de capitão do Brasil ou da Argentina...

O silêncio constrangedor, a alienação, as poses vazias de Neymar. Ele imita a indiferença de Messi. Egocêntricos, não sabem, e nem querem saber, o valor da tarja de capitão do Brasil ou da Argentina...




A prioridade do clube não é atender a imprensa. São cerca de 200 pedidos de entrevistas do mundo inteiro por mês. Se fôssemos atender a todos, não faríamos outra coisa na vida. O interesse do Barcelona é ganhar seus jogos. Quando for bom para o clube, o atleta fala. Quem determina isso é o Barcelona, não a imprensa. Cada um publique o que quiser." Essa declaração me foi dada por Chemi Terés Olivella, chefe de imprensa do Barcelona. No Japão, em dezembro de 2011, ele explicou como era a relação do clube com suas estrelas e os jornalistas. E deixou claro. Quando for interesse do clube catalão, ele fala. Quando não for, não fala. E quanto mais importante for o atleta, ele só abre a boca se quiser. Em 2011, os jornalistas espanhóis que estavam no Japão era transparentes. Se interessavam mais por uma provável coletiva de Messi do que a cobertura da final do Mundial entre Barcelona e Santos. O argentino só havia dado uma entrevista durante todo o ano. Após o massacrante 4 a 0, Messi disse algumas palavras e ponto final. E segue essa média até hoje. Em 2012, eu estava em New Jersey. Messi marcou três gols no espetacular amistoso contra o Brasil que os argentinos venceram por 4 a 3. Esperei junto a um grupo de jornalistas portenhos pelo melhor do mundo. Ele passou reto. Não disse uma palavra. Os repórteres gritavam, imploravam, as jornalistas bonitas jogavam charme. O meia fingia que não era com ele. E foi embora. Na Argentina, Messi tem total liberdade para falar quando quiser. Essa situação perdurou inclusive durante a Copa de 2014. Tudo isso foi colocado para explicar o constrangimento dos grandes órgãos de comunicação que cobrem a Seleção. Desde Buenos Aires até Salvador, os pedidos têm sido o mesmo para assessoria de imprensa da Seleção. Algumas palavras de Neymar. Pode ser em coletiva, exclusiva, por telefone, telex, radar, código Morse, na língua do "pê". Seja o que for. Nem mesmo a Globo com toda a influência de quem banca o futebol deste país. Nada. Neymar já avisou o coordenador Gilmar Rinaldi que não ia falar. E é o que está cumprindo. Neymar não abriu a boca porque foi orientado. Sabe os assuntos não são agradáveis. A sua transloucada expulsão contra a Colômbia, que lhe custou quatro partidas de suspensão. A estranha ida para o Barcelona. E a convocação do Fisco espanhol para depor sobre a sua venda do Santos. Assim como seu pai e sua mãe. O confisco de seus bens no Brasil pela Receita Federal. Para não passar por esses dissabores, Neymar esquece que é capitão do Brasil e se cala. Não adiantou implorar para que desse entrevistas. Antes a Globo tinha esse privilégio. O jogador percebeu que não precisa de ninguém. Nem mesmo da sua emissora predileta. Durante a Copa do Mundo, jornalistas argentinos se mostravam admirados. Acreditavam que Neymar estava falando demais. Era um privilégio que a imprensa brasileira deveria aproveitar. Eles usavam as palavras de Messi como se fossem pepitas de ouro. Guardavam uma frase para cada matéria. Neymar aprendeu. Não precisa se posicionar. Sabe que não pode combinar com a assessoria de imprensa da CBF e cercear os jornalistas. Combinar que, em uma coletiva, ninguém toque nos seus vários e complicados assuntos pessoais. Para evitar desgaste, nada feito. No máximo uma piscada, um sinal esticando o polegar e o dedo mínimo, como se fosse um surfista e acabou.

Os repórteres que se virem com as mesmas respostas pela metade de Dunga, pelas divagações ressentidas de Daniel Alves, ou as repostas rasas de Elias, Cássio e outros atletas preocupados mais em não se queimarem do que se posicionarem. "Sou contra o Neymar ser capitão do Brasil. Não tem perfil de um líder. Temos que tirar a responsabilidade de cima dele (Neymar) e deixá-lo se divertir em campo. Não tem que falar com o árbitro e ser o intermediário entre os jogadores e o treinador. Ele é o maior ícone do futebol brasileiro nos últimos dez anos, mas agora ele tem que jogar, não liderar." Sábias palavras ditas por Cafu à revista norte-americana Four Four Two. Além de deixar Neymar se preocupando só em jogar, se divertir, o Brasil precisa ter um líder capaz de se posicionar nas questões sérias que cercam a Seleção. O cérebro precisa acompanhar os pés. Liderança técnica não existe. É vazia, inconsistente. Pelé nunca foi capitão. Como Garrincha também não. Ronaldo. Romário.

O silêncio de Neymar é constrangedor, oportunista. O país espera suas palavras. Elas virão aos borbotões quando tudo estiver bem. Por exemplo, se a Seleção golear o Peru e ele fizer quatro gols. Aí, fala, ri, brinca, dança e se afasta dos microfones. Se as coisas se complicarem, não forem tão boas, nenhuma palavra. A força dessas estrelas do futebol mundial é enorme. Tanto que a Fifa obrigava na Copa que o capitão sempre estivesse ao lado do treinador, na coletiva que antecedia as partidas. Era uma tradição. No Mundial do Brasil, Messi e Cristiano Ronaldo a quebraram sem o menor constrangimento. Em Salvador, ontem, os repórteres sonhavam com Neymar ao lado de Dunga. Quando a programação mostrava Daniel Alves lamentaram. Mas não há o que fazer. Quem define é a CBF com quase todos os jogadores. A exceção é Neymar, claro. Depois o "filósofo" contemporâneo Daniel Alves diz que não entende a "energia pesada" que cerca a Seleção Brasileira. A imprensa, os jornalistas esportivos. Depois de Bellini, Mauro, Carlos Alberto Torres, Dunga e Cafu, o capitão do Brasil é Neymar. Uma superestrela internacional egocêntrica, intocável, mimada. Que não se posiciona. Se cala. Não fala nem sobre assuntos agradáveis, fúteis, rasos. Melhor fazer pose, dar uma piscada, um sorriso e seguir como se fosse surdo. Argentina e Brasil estão unidos no subdesenvolvimento. Na grave crise econômica. Na falência da Educação, Saúde, Segurança. Países irmãos mergulhados na corrupção de seus governantes. E também na péssima escolha de seus capitães. Os mudos Messi e Neymar. Que a Adidas e a Nike tanto adoram. Os dois se omitem, não têm opinião sobre nada. Não se envolvem. Seguem alienados. O Barcelona encanta os olhos.

Mas estraga, aliena suas estrelas...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 17 Nov 2015 14:15:50

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